23 - Noite de Natal

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A casa estava estranhamente silenciosa naquela noite de Natal. Meus pais tinham saído para uma festa de trabalho e, embora tivessem insistido para que eu fosse com eles, decidi ficar em casa. Eu precisava de um tempo sozinha para processar tudo… a possível mudança, meus sentimentos confusos por Terry e tudo o mais que parecia estar desmoronando ao meu redor.

Depois do jantar, fui até a sala onde o piano ficava, um canto da casa que sempre me trazia um pouco de paz. Meus dedos deslizavam pelas teclas, tocando uma melodia suave que eu havia aprendido há anos. Cada nota parecia ecoar pela casa vazia, e, por um momento, consegui esquecer todos os meus problemas.

Mas então, ouvi a campainha tocar.

Franzi a testa, confusa. Quem apareceria aqui a essa hora, na véspera de Natal? Me levantei do piano e fui até a porta. Quando abri, meu coração deu um salto.

Terry estava ali, parado na soleira, segurando uma pequena caixa embrulhada em papel de presente dourado. Ele estava elegante, vestindo um casaco preto longo sobre uma camisa escura. Parecia mais como se estivesse indo para uma reunião importante do que para uma simples celebração.

— Terry… o que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando esconder a surpresa em minha voz.

— Achei que você pudesse querer companhia nesta noite — ele respondeu com um sorriso que era ao mesmo tempo charmoso e misterioso, como sempre. — Posso entrar?

Assenti rapidamente, dando passagem para ele. A presença dele parecia preencher a casa, tornando-a menos vazia. Fechei a porta atrás de nós e o conduzi até a sala onde o piano estava.

— Estava tocando? — ele perguntou, notando o piano aberto e a partitura sobre ele.

— Sim… é um velho hábito meu. Quando estou estressada, gosto de tocar para me acalmar — admiti, um pouco envergonhada.

Ele se aproximou, observando as teclas do piano com um olhar interessado.

— Vamos ver se esse talento é real — ele disse, com um sorriso desafiador. — Toque algo para mim.

Fiquei um pouco nervosa com a ideia de ter Terry como meu público, mas, ao mesmo tempo, havia algo de reconfortante em saber que ele estava ali comigo, naquela noite em que me sentia tão sozinha. Voltei a me sentar no banco do piano e comecei a tocar uma melodia tranquila, algo que sempre me trouxe conforto.

Enquanto meus dedos deslizavam pelas teclas, pude sentir o olhar dele sobre mim. Era como se cada nota fosse um diálogo silencioso entre nós dois. Eu não sabia exatamente o que ele estava pensando, mas a tensão entre nós era quase palpável.

Quando terminei, o silêncio na sala foi quase ensurdecedor. Virei para encará-lo, esperando algum comentário, talvez uma crítica afiada ou um elogio casual. Mas ele apenas me observou por um momento, como se estivesse ponderando algo.

— Você toca lindamente, Sn — disse ele finalmente, o tom mais suave do que eu estava acostumada. — Nunca pensei que essa fosse uma de suas habilidades escondidas.

Corei um pouco com o elogio, e uma sensação de calor se espalhou pelo meu peito. Terry raramente elogiava alguém, então aquilo significava muito para mim.

— Obrigada — respondi, sem saber o que mais dizer. — E… obrigada por vir. Realmente, não queria passar a noite sozinha.

Ele assentiu, e por um momento pensei ter visto um brilho diferente em seus olhos.

— Achei que pudesse precisar de um amigo esta noite — ele disse, mas havia algo a mais nas palavras dele, algo que eu não conseguia decifrar.

Nos sentamos no sofá, e ele me entregou o presente que tinha trazido.

— Não é muito, mas achei que iria gostar — disse, um pouco sem jeito.

Abri o presente com cuidado e descobri um delicado pingente de prata em forma de dragão, o símbolo do Cobra Kai. Meus olhos se arregalaram, e senti um calor tomar conta do meu rosto.

— Terry… isso é lindo. Obrigada — murmurei, emocionada. Ele sempre sabia como me surpreender.

— É apenas um símbolo — disse ele, com um sorriso enigmático. — Para que você nunca se esqueça do que aprendeu e de onde pertence, independentemente do que aconteça.

As palavras dele me tocaram mais profundamente do que ele provavelmente imaginava. Eu senti as lágrimas ameaçando vir, mas me forcei a sorrir, colocando o pingente ao redor do pescoço.

Passamos o resto da noite juntos, conversando sobre trivialidades como se nada estivesse acontecendo entre nós, como se não houvesse essa atração silenciosa, essa conexão não dita que parecia crescer a cada segundo que passávamos juntos.

Mas, no fundo, eu sabia… algo estava mudando. E, pela primeira vez, senti que talvez, só talvez, ele sentisse o mesmo.

Aluna e professor. (Terry Silver e sn)Onde histórias criam vida. Descubra agora