Capítulo 11 - Promessa Quebrada

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Narrado por Roberto Nascimento:

Sete dias. Uma semana inteira desde que encontrei Manuela naquele café. Eu me esforcei para não pensar nela, mas sua imagem me atormenta. Cada vez que fecho os olhos vejo seu rosto naquela noite, o jeito que ela olhava para mim, buscando respostas, buscando algo que eu não podia dar. Era como se ela tivesse deixado uma marca em mim, algo que eu não conseguia apagar, por mais que tentasse.

Mas eu precisava tentar. Precisava manter o foco. Havia uma missão, e nada poderia me desviar do meu objetivo.

Meu foco deveria estar em Eduardo. Ele é o alvo. Eu sei que ele está envolvido até o pescoço na sujeira do sistema. Preciso desmascará-lo, e a única maneira de fazer isso é tê-lo por perto, dentro do BOPE, onde eu possa vigiar cada movimento seu. Foi uma decisão calculada. Fria. Mas sinto o peso da promessa que fiz a Manuela, uma promessa que, no fundo, eu sabia que jamais deveria ter feito.

Enquanto eu pensava nisso, uma sensação de culpa me consumia. Pego o celular e olho de relance pra tela. O aplicativo que instalei no celular da Manuela tá funcionando direitinho. Eu instalei um aplicativo que me permitia monitorá-la, rastrear suas ligações, mensagens, e até sua localização. Foi um golpe baixo, eu sei. Instalei enquanto ela tava distraída, mexendo em sua bolsa depois que saímos do café. Uma parte de mim se sente culpado, mas outra parte... bem, é o que precisava ser feito.

Lembro do olhar dela quando mencionou Miguel, o filho. Um garoto que não deveria ter que lidar com a merda que seu pai trouxe para casa. E, naquele momento, a ideia de evitar que Eduardo entrasse no BOPE parecia a coisa certa a fazer. Mas, enquanto os dias passaram, ficou claro para mim que a melhor forma de derrubar meu inimigo era tê-lo perto. Muito perto.

Fechei os olhos, tentando afastar a imagem de Manuela. Eu não podia deixar que esses sentimentos interferissem na missão. Havia muito em jogo, e Eduardo não me daria outra chance. Eu precisava manter o controle, mesmo que isso significasse sacrificar o que restava da minha integridade.

Estar dentro do BOPE significaria que eu poderia analisar cada passo de Eduardo, observar suas fraquezas e desvendar suas ligações com a corrupção. Ele se sentiria seguro, intocável, mas seria apenas questão de tempo até que eu puxasse o tapete debaixo dos pés dele. Essa era a minha missão. E eu estava disposto a pagar o preço, mesmo que isso significasse trair a confiança de Manuela.

Naquele momento, enquanto eu me preparava para iniciar a investigação, a imagem de Manuela invadiu meus pensamentos novamente. Havia algo nela que me perturbava. Não era só o fato de ela estar presa a um homem como Eduardo, mas o conflito evidente entre o medo e o desejo que ela sentia por mim. Ela não precisava dizer nada; estava tudo nos olhos dela, nas pausas nervosas entre uma palavra e outra.

Minha mão fechou-se em um punho ao lembrar da hora em que a levei até o carro. "Boa noite, Roberto", ela disse, com uma suavidade que quase me fez esquecer do mundo em que vivíamos. No entanto, eu não podia me permitir esse luxo. Eu era o Capitão Nascimento, e no meu mundo, sentimentos como esses são fraquezas.

Me levantei da cadeira do meu escritório e olhei pela janela. A cidade continuava seu ritmo caótico, e eu sabia que em algum lugar, Eduardo estava se sentindo seguro, acreditando que seu plano estava funcionando. Ele não sabia que eu estava prestes a virar o jogo.

Pego o telefone e faço uma ligação. O homem do outro lado da linha era uma peça-chave no BOPE, alguém que eu sabia que poderia colocar Eduardo mais próximo de mim sem levantar suspeitas.

— Aqui é o Nascimento. Quero que você inclua o soldado Eduardo no próximo treinamento avançado. E faça isso sem chamar atenção. Preciso que ele esteja sob meus olhos o tempo todo.

Paixão nas Sombras | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora