Capítulo 17 - Perdendo Controle

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Se a gente for a fundo mesmo

Pra te recordar que eu quis enfrentar

Todo esse sentimento confuso

Minado e inseguro

Como um mergulho raso

Buscando algo profundo

Sagrado Profano - Luísa Sonza, Kayblack

Narrado por Roberto Nascimento:

Eu sabia que estava maluco por me deixar levar assim. O que eu estava fazendo? Toda a tensão daquela noite estava me carregando como uma correnteza forte, me puxando para algo que, no fundo, eu sabia que era errado. Só que nesse momento, nada importava além do que eu sentia ao lado dela. Desde o instante em que entrei naquele barzinho e a vi, perdida em seus próprios pensamentos, algo em mim já tinha decidido.

No carro, o silêncio entre nós era mais eloquente que qualquer palavra. A presença dela ao meu lado, o perfume que usava, o jeito como olhava para a janela, tudo isso mexia comigo de uma maneira que eu não conseguia explicar. Eu sabia que não deveria, mas a tentação era maior que qualquer senso de dever ou moralidade.

Quando perguntei se ela estava com fome, não era apenas uma desculpa, era uma forma de estender aquele momento, de poder estar ao lado dela. Ela aceitou, e, naquele momento, soube que não havia mais volta. Era como se eu estivesse numa missão sem chance de recuar.

Quando chegamos ao meu apartamento, algo mudou. A cada passo que ela dava, sentia meu desejo crescer, e ao mesmo tempo, uma sensação estranha de paz. Como se, por um instante, tudo fizesse sentido. Ver Manuela ali, na minha cozinha, tão fora de lugar e ao mesmo tempo tão certa, me deixou confuso, mas também absurdamente seguro do que estava prestes a acontecer.

Eu a observava enquanto preparava o sanduíche, tentando fingir uma normalidade que não existia. O controle, sempre meu ponto forte, estava em risco, se escapando entre meus dedos. E por mais que minha mente tentasse me alertar sobre as consequências, meu corpo já estava em outro caminho.

Então, quando nossos olhares se encontraram, soube que não havia mais necessidade de fingir. A vontade estava ali, tão palpável quanto o ar que respirávamos. Eu a queria.

A noite foi se desenrolando como um roteiro que eu já conhecia. O silêncio confortável, as pequenas trocas de olhares, tudo indicava que estávamos nos aproximando do ponto de ruptura. E quando finalmente quebrei o espaço entre nós, puxando-a para mim, soube que estava perdido. O beijo que veio foi como uma explosão. Tudo que eu vinha reprimindo, todas as emoções que guardei, vieram à tona de uma só vez. Não havia mais razão, apenas o desejo. Eu estava fora de mim, ciente da loucura que me tomava, mas, estranhamente, nunca me senti tão vivo.

Cada toque dela era como uma chama acendendo algo que eu tinha tentado enterrar por muito tempo. O jeito como sua pele respondia ao meu toque, como ela gemia ao sentir minhas mãos, me fazia querer mais. Eu era movido por algo maior, algo que ia além da simples atração. Era como se, naquele instante, ela fosse a única coisa que importava.

E quando a pressionei contra a bancada, sentindo seu corpo contra o meu, soube que estava mergulhando fundo. A forma como ela se entregava, como seu corpo tremia de antecipação, me fez sentir algo que não sentia há muito tempo. Poder, sim, mas também algo mais profundo.

Cada movimento meu era calculado, mas não como nas operações do BOPE. Ali, era diferente. Eu estava saboreando cada segundo, cada reação dela. O modo como ela tremia ao toque dos meus dedos, o calor que emanava de seu corpo, tudo isso me fazia perder a cabeça.

Paixão nas Sombras | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora