Capítulo 12 - Abismo

130 9 17
                                    

Eu estava fervendo por dentro, a raiva me consumindo a cada passo que eu dava em direção à sede do BOPE. As palavras de Nascimento ecoavam na minha cabeça, uma promessa da qual ele quebrou e que não parava de me atormentar. Eu confiei nele, acreditei que ele manteria Eduardo longe desse pesadelo, mas agora sabia que ele estava no centro do que eu mais temia. Como ele podia fazer isso comigo? Como ele ousava trair minha confiança dessa maneira, depois de tudo que ele já nos causou?

Cheguei à sede do BOPE sem hesitar, minhas mãos tremiam, mas eu não deixaria que isso me impedisse. Ao atravessar o portão principal, um dos soldados me avistou e imediatamente tentou intervir. Ele se colocou na minha frente, o rosto sério, como se estivesse pronto para bloquear minha passagem.

— Senhora, você não pode entrar aqui assim — ele disse, a voz firme, mas com um toque de preocupação.

— Eu preciso falar com o Capitão Nascimento — eu respondi, tentando manter a calma, mas minha voz já traía a raiva que borbulhava por dentro.

— Ele está em uma reunião importante, senhora. Talvez seja melhor você esperar ou marcar um horário...

— Não vou esperar! — eu praticamente gritei, interrompendo-o. — Eu preciso falar com ele agora! Onde ele está?

O soldado hesitou, claramente desconfortável com minha insistência. Ele olhou para os lados, como se procurasse por ajuda, mas eu não lhe dei tempo para se decidir. Vi um grupo de oficiais ao longe e, antes que ele pudesse me segurar, me desvencilhei e me dirigi a eles.

— Onde fica a sala do Capitão Nascimento? — exigi, minha voz saindo mais alta do que o necessário.

Um dos oficiais tentou me acalmar, colocando as mãos para cima, como se isso pudesse abrandar a minha fúria.

— Calma, senhora, eu posso ajudá-la, mas você precisa se...

— Eu não vou me acalmar! Me digam onde ele está! — cortei, sem qualquer paciência para o protocolo.

Um deles apontou vagamente para o corredor à direita, talvez esperando que eu desistisse ao saber a localização, mas, ao contrário, foi o que eu precisava. Com o coração acelerado, segui as direções sem olhar para trás, ignorando qualquer chamado para parar. Eu estava movida por algo mais forte que a razão, uma necessidade desesperada de confrontá-lo.

Quando cheguei à sala dele, não bati. A porta se abriu com um estrondo quando a empurrei, e ele ergueu os olhos, surpreso. Não havia espaço para formalidades ou explicações. Eu estava além disso.

— O que você pensa que está fazendo, Nascimento? — a raiva envenenava cada sílaba enquanto eu avançava em sua direção.

Ele levantou-se lentamente da cadeira, a expressão dele passando de surpresa para uma dureza que refletia a minha própria fúria.

— Você precisa se acalmar, Manuela — ele começou, mas eu o interrompi antes que pudesse continuar.

— Me acalmar? Como você pode me pedir isso? Você mentiu para mim! Disse que manteria Eduardo longe dessa merda, que cuidaria para que ele não fizesse parte disso. E agora descubro que ele está aqui, sob sua supervisão! Como você pôde? Você me prometeu, Roberto!

Ele respirou fundo, como se tentasse manter o controle. Mas eu podia ver nos olhos dele que estava tão furioso quanto eu.

— Eu não menti para você — ele disse, a voz baixa e tensa. — Eu disse que cuidaria da situação. E é exatamente isso que estou fazendo.

— Não é isso que parece! — eu me aproximei mais, sem me importar com a distância. — Parece que você está jogando com a vida de todos nós! Com a minha vida! Com a vida do Miguel! — as palavras saíram cheias de desespero, e eu sabia que estava à beira do colapso, mas não podia parar.

Paixão nas Sombras | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora