Theo's pov
— Théo, já estou indo — afirmou minha mãe descendo as escadas.
Virei o pescoço para poder vê-la.
— Boa sorte — falei. — Está muito linda.Hoje ela tem uma reunião. Disse que essa reunião é muito importante porque se trata de possíveis parcerias com grandes empresários. Ela sempre fez um trabalho árduo para que sua pequena agência de consultoria financeira ganhasse destaque no mercado, principalmente depois da morte do meu pai, para que nunca nos faltasse nada. Fico feliz que ela esteja alcançando seus objetivos.
— Não acha que esse terno ficaria melhor com um salto de uma cor menos chamativa?
Ela está usando um terno cinza com um salto vermelho. Meu conhecimento sobre moda é muito limitado, então apenas concordo. — Está perfeito.
— Igualzinho ao seu pai — relatou. — Ele não entendia nada sobre estilo, para ele tudo estava perfeito.
— É porque você está sempre perfeita mãe.
— É melhor eu ir, senão chegarei atrasada — falou. — Até mais filho — despediu-se mandando um beijo no ar e se dirigindo à porta.
Joguei minha cabeça no apoio de braços do sofá. Na TV passava um programa que meu pai gostava de assistir. Eu queria que ele estivesse aqui, sinto tanta falta dele. Sinto falta das coisas incríveis que fazíamos, principalmente quando íamos para Sintra, na casa de verão.
Sempre que entro no meu quarto, um nó se forma quando olho no fundo esquerdo do quarto onde fica a cabeceira. Fui até a cabeceira, ajoelhei-me e coloquei a mão na última gaveta. A última vez que abri essa gaveta foi quando ele ainda estava vivo. Puxei metade da gaveta vendo o pequeno material.
Soltei um suspiro e puxei a gaveta por inteiro. Da gaveta tirei o dispositivo que carrega grandes lembranças. Em todas as férias e comemorações que passei com meu pai, esse aparelho esteve capturando tudo. Sentei na poltrona e liguei a câmera fotográfica.
A cada foto que eu via a sensação de aperto no peito se intensificava mais.
Pausei numa foto em que eu estava com ele pescando no pequeno lago da casa de verão. Naquele momento senti uma necessidade de voltar a viver aquilo, mesmo sem ele. Talvez eu ainda possa ir para lá.
Meu celular começou a vibrar. Meti a mão no bolso e puxei o celular. Era Ravi. Depois que ele me mandou mensagem no Instagram naquele dia, temos conversado bastante. Deixei a câmera em cima da cabeceira, usei minha camisa para limpar as lágrimas no rosto e atendi a ligação.
— E aí — minha voz saiu um pouco tremida.
— Tudo bem com você Théo? — perguntou.
Limpei a garganta antes de falar.
— Tudo. E você?— Também.
— Legal — falei, esperando que ele falasse o motivo de ter ligado.
Talvez não tenha nenhum motivo. Nos últimos dias temos conversado, falamos sobre várias coisas, inclusive ele me contou que a namorada do seu pai está grávida, e percebi o quanto ele está empolgado. Ele é uma boa pessoa. Mesmo depois de sua infância um pouco triste, ele tem tentado se desapegar do seu passado com o pai.
— Você disse que já terminou de ler o livro que eu te dei naquele dia... — disse. — É... Se vo-você quiser que eu te empreste mais um, você poderia... poderia vir pra minha casa buscar. Tenho vários aqui.
— Claro... claro, é só me mandar o endereço — falei.
— Já vou mandar. Fico te esperando.
Meus olhos acompanharam o táxi se afastar. Não imaginava que a casa de Ravi ficasse do outro lado de Lisboa. Aproximei a placa estampada no grande portão para confirmar o endereço da mensagem.
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O Melhor e Pior Verão
Teen FictionEram férias de verão normais, mas se tornaram o pior pesadelo e o melhor sonho de Théo, Sara e Ravi. Foi "O Melhor e Pior Verão". Após a perda do pai há um ano, Théo enfrenta desafios na sua jornada de autodescoberta e problemas com suas amizades. ...