• Os outros

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A vida com Wagner se tornava cada vez mais rica em experiências. Os meninos começaram a me aceitar, e as interações se tornaram mais descontraídas. Contudo, a dinâmica com Sandra ainda era um campo minado.

Estávamos no parque com os meninos, senti uma tensão no ar. Wagner havia mencionado que Sandra estava passando por um momento difícil em sua vida profissional, e isso poderia afetar a convivência deles. Ele estava preocupado em como isso poderia refletir nas crianças.

— Margot, eu preciso falar com você — disse Wagner, afastando-se um pouco dos meninos.

Fomos até um canto mais tranquilo do parque, onde o barulho da brincadeira dos meninos não nos alcançava.

— O que aconteceu? — perguntei, percebendo a seriedade em seu olhar.

— Sandra está lutando com a situação no trabalho, e ela tem se sentido pressionada. Não quero que isso a afete como mãe, mas também não posso ignorar que isso pode complicar a relação dela com os meninos. — A preocupação dele era visível.

— O que você pensa em fazer? — questionei, curiosa sobre suas ideias.

— Quero ser um apoio para ela, mas não sei como isso vai ser. E se ela começar a me atacar sobre você? — disse, passando a mão pelo cabelo, claramente frustrado.

— Você precisa ser honesto com ela, mas também tem que proteger o que temos, mesmo que ainda não temos nada oficial. Não podemos deixar que a insegurança dela coloque um peso em nós — falei, tentando ser firme.

Wagner assentiu, mas a dúvida ainda pairava em seu olhar. Enquanto isso, os meninos nos chamavam para brincar, e decidimos voltar ao grupo.

— Você está bem? — perguntou Bem, percebendo a preocupação no rosto de Wagner.

— Estou ótimo, só pensando em como fazer o dia ser divertido — ele respondeu, forçando um sorriso.

A tarde seguiu com risadas e jogos, mas eu podia sentir a tensão de Wagner. Ele se esforçava para manter a atmosfera leve, mas a preocupação com Sandra o afetava.

Naquela noite, depois que os meninos foram dormir, hoje eles ficariam aqui, Wagner se virou para mim, a expressão cansada.

— Precisamos ter uma conversa com Sandra. Não posso deixar que essa situação se arraste — disse ele, com determinação.

— Concordo. Devemos ser claros sobre nossos limites e sobre como podemos ajudar — respondi, encorajando-o.

No dia seguinte, Wagner decidiu convidar Sandra para um café. A ideia de se encontrar em um ambiente neutro parecia ser o melhor caminho. Assim que ela chegou, notei que a tensão estava presente desde o início. Ela parecia cansada e um pouco agitada.

— Obrigada por me convidar, Wagner. — A voz dela era cordial, mas eu podia sentir a tensão nas palavras.

Wagner começou a falar sobre como as coisas estavam indo com os meninos, tentando criar um espaço confortável. Sandra escutava, mas seu olhar estava distante.

— Eu sou grata por você estar na vida deles — ela disse, olhando para mim. — Mas essa nova situação é um pouco complicada.

— Eu entendo que isso possa ser difícil, mas quero que saiba que meu objetivo não é substituir ninguém. Estou aqui para apoiar o que vocês já construíram — respondi, tentando ser clara.

Sandra olhou para Wagner, buscando a confirmação dele.

— Eu quero que nossos filhos tenham um ambiente estável. Não quero que isso os confunda — ele disse, a sinceridade em sua voz.

Roda de Samba | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora