Roda de Samba | Wagner Moura

• Um certo alguém

"E quando um certo alguém
Desperta o sentimento
É melhor não resistir
E se entregar"

No ápice da noite, já estávamos todos alterados da bebida, não sei como esse povo bebe tanto e fuma. Eu não fumo, mas não posso negar que bebi bastante, aliás, estou de férias mesmo.
Todos reunidos em uma espécie de roda, cantando, dançando, se divertindo. Wagner sentado no braço da poltrona que Selton está sentado cantando e batendo palma. Me aproximo com um novo copo de bebida na mão, Wagner passa a mão em minha cintura para que eu ficasse entre suas pernas meio que em seu colo.
Todos felizes e animados cantando "Tropicana" do Alceu Valença...

🎶 Da manga rosa quero o gosto e o sumo
Melão maduro, sapoti, juá
Jaboticaba, teu olhar noturno
Beijo travoso de umbu, cajá
Pele macia, é carne de caju
Saliva doce, doce mel, mel de uruçu
Linda morena, fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vou te desfrutar
Linda morena, fruta de vez temporana
Caldo de cana caiana
Vó te desfrutar🎶

Sinto as mãos de Wagner descer para meu quadril e o mesmo cantando a música sorrindo, sinto sua respiração em meu pescoço. Essa sensação de acolhimento, desejo de querer perto e carinho, é o que me faz querer estar próxima de Wagner e está me fazendo me apaixonar tão rápido. Sorrio com a cantoria e vendo o sorriso no rosto de cada pessoa ali presente.
Já era bem tarde, passava-se das 01:00 da manhã quando Valentina veio até mim se despedir dizendo que teria uma gravação no dia seguinte a tarde. Falei pra marcarmos algo quando tivesse folga e a mesma concordou. Logo depois, algumas pessoas fizeram o mesmo, se despediram e foram embora. No final, só haviam Humberto e Selton nos ajudando a arrumar tudo.

-Gente, não precisa se preocupar. Amanhã ajeitamos tudo isso, já ajudaram bastante. - digo pegando o último saco de lixo.

- Margot, você tá aqui de férias e não a trabalho. Você veio pra aproveitar. - diz Humberto me abraçando de lado, beijando meu rosto e sorrio. 

Eu e Humberto temos nos dado muito bem e sinto que sairá uma amizade daqui. Além de sermos da mesma idade, acabei de fazer 33 no dia 4 de abril e ele vai fazer 34 em Agosto.
Terminamos de arrumar, nos despedimos de Selton e Humberto, e decidimos largar o que faltou e ir descansar.

- Nossa, bebi demais. - digo me jogando no sofá. 

- Falei pra você não beber tanto. - diz Wagner indo até a cozinha pegar uma garrafa de água pra mim.

- Obrigada, meu amor. - digo sem pensar e o mesmo puxa a garrafa de volta antes mesmo de eu pegar.

- O que você disse ? - pergunta levantando a sobrancelha.

- Obrigada? - digo em dúvida do que eu mesma tinha falado, e o encaro.

- Não foi só isso que você disse. - diz dando a volta no sofá e parando de frente a mim em pé. Me levanto e ergo um pouco a cabeça pra olhar em seus olhos, já que Wagner tem 1,80 de altura e eu 1,64.

- Obrigada, meu amor! - digo novamente. Um silêncio que dura uns 30 segundos, e Wagner me puxa pela cintura colando nossos lábios.

Um beijo digno de cinema, uma hora dessas, bêbados, loucos, loucos de amor.
Entrelaço meus braços em seu pescoço e Wagner junta ainda mais nossos corpos. Separo do beijo brevemente, tentando recuperar um pouco de fôlego, colando nossas testas.

- Eu disse pra você não beber demais. - diz de olhos fechados. - Quero aproveitar todo o tempo que eu tiver com você. - diz.

Em um momento de loucura, começo a levantar sua blusa, o fazendo levantar os braços e retirá-la. Poucos segundos depois, Wagner e eu nos encontramos entrelaçados um ao outro. Não sei como, mas conseguimos chegar ao quarto e ali se tornou o nosso refúgio. Nosso momento de entrega um ao outro, a esse amor que floresce de forma avassaladora. Nossos beijos cada vez mais marcantes, nossos corpos cada vez mais sentindo a dependência do outro, nossos toques cada vez mais intensos.
Como tudo isso pode acontecer em menos de 15 dias? Como pode parecer que sempre estivemos aqui, juntos? O que está acontecendo com a gente?
São esses tipos de pergunta que rondam minha cabeça desde a primeira vez que nos encontramos.