• Laços de família

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Morar com Wagner era um sonho que eu nunca imaginei viver. Mas agora, a casa tinha uma nova energia com Bem, Salvador e José passando mais tempo por aqui.
Eu já os conhecia da minha última visita a LA, mas essa convivência diária seria algo novo e desafiador. Era a semana do Wagner ficar com os meninos, e essa convivência daria uma nova dinâmica ao nosso relacionamento e o meu relacionamento com os meninos.

Logo pela manhã em que eles acordaram, me deparei com Salvador, o do meio, na cozinha, com uma expressão séria.

— Cadê o pão de queijo que você prometeu, hein? — ele perguntou, cruzando os braços e me encarando como se eu tivesse quebrado a maior das promessas.

— Pão de queijo? — respondi, fingindo inocência. — Ah, achei que vocês iam preferir cereais, panqueca e bacon, como os americanos.

— De jeito nenhum! — José, o mais novo, entrou na conversa, já esparramado no sofá. — A gente precisa de comida de verdade. Nada de cereal com leite aguado!

Wagner apareceu nesse momento, rindo da nossa pequena cena. Ele se aproximou e passou o braço pelos ombros de José, apertando-o de leve.

— Ela já está sendo testada, é? — perguntou ele, olhando divertido para os meninos.

— Com certeza! — Salvador respondeu. — Tem que merecer estar aqui, não é?

Eu sorri, pegando a sacola com pão de queijo fresquinho que tinha guardado.

— Teste passado com sucesso, senhores? — perguntei, mostrando a sacola.

Bem, o mais velho, que até então tinha ficado mais quieto, se levantou e veio até mim, com um sorriso discreto.

— Ok, está oficialmente aprovada. — Ele disse, pegando um pão de queijo. — Mas a gente vai precisar de mais desses pra garantir...

A risada de Wagner ecoou pela cozinha, e percebi que esse tipo de interação era exatamente o que tornava a convivência tão fácil.
Eles já me conheciam, e a familiaridade permitia que houvesse humor, leveza, e, aos poucos, construíssemos algo mais sólido.

Naquela tarde, enquanto os meninos estavam jogando videogame na sala, sentei ao lado de Wagner, que lia algum livro no sofá, observando a cena.

— Eles parecem estar gostando de me ter por perto — comentei, baixinho. - Acho que é diferente do que a última vez que estivemos juntos, já que agora "moro" aqui.

Wagner olhou para mim com aquele sorriso tranquilo que eu já conhecia tão bem.

— Eu te disse que ia ser tranquilo. — Ele respondeu, puxando-me para mais perto. — Mas, se continuar com esses pães de queijo, eles nunca vão querer ir embora e a Sandra me mata.

Rimos juntos, e os meninos, distraídos com o jogo, nem perceberam. Esse ritmo entre nós, entrecortado por momentos de humor, brincadeiras e conversas simples, foi o que fez com que essa fase da nossa vida juntos se tornasse tão natural.

Naquela noite, enquanto estávamos todos na sala, Bem olhou para o pai com uma expressão pensativa.

— Pai, se ela continuar assim, acho que a gente vai ter que te dividir com ela. — Ele disse com um sorriso.

Wagner fingiu surpresa, levando a mão ao peito.

— Dividir? Achei que eu já estava 100% capturado por ela.

Salvador soltou uma risada.

— Ah, então está resolvido! Agora você vai ter que aguentar a gente todos os dias também, além do nosso pai!

Roda de Samba | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora