Capítulo 07

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VICTOR

Ao carregar Clara em meus braços, não pude deixar de notar o quanto ela parecia frágil e vulnerável naquele momento. Sua expressão envergonhada e as lágrimas que ainda brilhavam em seus olhos me fizeram sentir uma pontada de arrependimento por tê-la colocado naquela situação constrangedora.

Entrei no consultório do meu dentista particular, que já nos aguardava. Quando chegamos, Clara deu dois leves tapinhas em meu ombro, emitindo um som suave com a garganta, como se me lembrasse que ainda a estava carregando.

— Oh, desculpe-me — disse, colocando-a delicadamente no chão. Ela ajeitou a roupa, o rosto completamente corado como um pimentão.

— Doutor, peço perdão por estarmos aqui a esta hora, mas é um caso urgente — expliquei, sentindo a necessidade de me justificar.

— Não se preocupe, meu amigo — respondeu o dentista, com um sorriso tranquilizador. — Vamos atender a senhorita imediatamente.

Ele então conduziu Clara para a sala de atendimento, e eu os acompanhei, determinado a garantir que ela recebesse os melhores cuidados possíveis.

Enquanto observava o dentista examiná-la, não pude evitar me perguntar o que Clara deveria estar pensando de mim naquele momento. Será que ela me via apenas como um chefe formal e distante, ou talvez essa situação tivesse revelado um lado meu que ela nunca havia visto?

Eu realmente queria que ela me visse como algo mais do que apenas seu superior hierárquico. Essa noite deveria ter sido uma oportunidade de nos aproximarmos, de eu finalmente mostrar a ela que eu a valorizava muito além de seu desempenho profissional.

Ao longo do dia que passei ao lado de Clara, não pude deixar de notar o quão impressionante ela era. Sua inteligência, competência e delicadeza me surpreenderam, e eu comecei a imaginar que talvez ela fosse a candidata perfeita para se tornar minha noiva por contrato.

Como um empresário bem-sucedido, eu precisava de alguém próximo a mim que pudesse entender minha rotina e não se comportar como uma mulher fútil e irritante, desfilando comigo em todos os eventos sociais. E Clara parecia ser exatamente o que eu precisava.

Enquanto o dentista examinava seu dente quebrado, pude ver a tristeza em seu semblante quando ele informou que seria necessário um implante. Ela apenas assentiu, parecendo se conformar com a notícia.

Naquele momento, senti uma pontada de compaixão. Imaginei o quanto aquilo deveria estar incomodando-a, tanto física quanto emocionalmente. Afinal, aquele incidente havia sido uma mancha em um dia que, até então, havia sido um grande sucesso para ela.

Aproximei-me de Clara, colocando a mão gentilmente em seu ombro.

— Não se preocupe, Clara — disse, em um tom mais suave do que o usual. — Eu me responsabilizarei pelos custos do tratamento. Não pode haver qualquer inconveniente para você.

Ela me encarou, surpresa, e pude ver um brilho de gratidão em seus olhos.

— Muito obrigada, Sr. Calderón — respondeu, esboçando um pequeno sorriso.

Naquele momento, percebi que minha decisão de convidá-la para jantar não havia sido apenas um gesto de agradecimento. Talvez, inconscientemente, eu já tivesse percebido o quanto Clara era especial e o quanto ela poderia ser uma companhia ideal para mim.

Claro, ainda precisava avaliar melhor essa possibilidade. Mas uma coisa eu tinha certeza: Clara era muito mais do que apenas minha secretária. E essa noite havia me mostrado que ela merecia muito mais do que apenas o reconhecimento por seu trabalho.

Agradeci ao dentista pela atenção prestada a Clara e, em seguida, me voltei para ela.

— Bem, acho melhor eu levá-la até sua casa agora. Esse horário pode ser perigoso para você pegar transporte sozinha — disse, em um tom gentil.

Clara me encarou, parecendo surpresa com minha oferta.

— Oh, não é necessário, Sr. Calderón. Eu realmente preciso ir ajudar minha mãe — ela respondeu, educadamente.

Não pude evitar sentir uma pontada de decepção. Eu realmente queria ter a oportunidade de passar mais tempo com ela, de tentar me aproximar um pouco mais.

— Entendo. Mas, se me permite, posso lhe dar uma carona até onde sua mãe está? — insisti, esperançoso.

Ela hesitou por um momento, antes de responder:

— Bem, na verdade, ela está na Clínica Dermatológica do Dr. Martins — Clara explicou.

Assenti, satisfeito por poder oferecer minha ajuda.

— Ótimo, então vamos — disse, guiando-a em direção ao meu carro.

O trajeto até a clínica foi feito em um silêncio constrangedor. Eu me sentia frustrado por não conseguir quebrar aquele gelo entre nós. Tudo havia acontecido tão rápido, e eu sabia que Clara ainda se sentia envergonhada pelo incidente no restaurante.

Quando finalmente chegamos ao nosso destino, ela se virou para mim, seus olhos brilhando com gratidão.

— Muito obrigada por tudo, Sr. Calderón. Eu... Eu realmente aprecio sua preocupação e atenção — ela disse, em um tom suave.

Eu apenas sorri, sentindo-me satisfeito por ter sido capaz de fazer algo para ajudá-la.

— Não há de quê, Clara. Fico feliz em poder ter sido útil — respondi, desejando que aquela não fosse a última vez que tivesse a oportunidade de estar tão próximo a ela.

Enquanto a observava se afastar em direção à clínica, não pude evitar pensar que talvez, apenas talvez, essa noite tivesse aberto a porta para algo muito maior do que apenas um jantar de agradecimento.

Enquanto observava Clara se dirigir à clínica, uma pequena parte do meu cérebro registrou o nome do estabelecimento: "Clínica Dermatológica do Dr. Martins". Embora o nome me soasse familiar, no momento estava cansado demais para me concentrar nesse detalhe.

Dirigi-me para casa, minha mente ainda processando os eventos da noite. Fora realmente uma loucura, desde a excelente apresentação de Clara durante a exposição até o inesperado acidente no restaurante.

Ao chegar em casa, senti a necessidade de relembrar alguns detalhes. Peguei meu celular e comecei a pesquisar sobre o Dr. Martins. Foi então que descobri que ele havia falecido alguns anos atrás, e que a clínica parecia estar enfrentando dificuldades financeiras.

Meus olhos se arregalaram quando vi uma reportagem com uma foto de Clara ao lado do falecido doutor. Então ela era a filha dele! Isso explicava muito sobre sua situação delicada.

Agora tudo fazia sentido. Clara provavelmente estava em uma situação financeira muito precária, lutando para manter a clínica da família funcionando. E isso poderia ser exatamente o que eu precisava para concretizar meu plano de encontrar uma noiva por contrato.

Contrato de sedução com o ceo bilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora