Contrato de sedução com o ceo bilionário

Capítulo 21

CLARA

Conforme Victor se afastava, com seu jeito frio e distante, não pude conter as lágrimas escorrendo por meu rosto. Tudo aquilo era tão perturbador, sua frieza e a forma como me tratava, como se eu fosse apenas um objeto a ser manipulado para seus próprios interesses.

Nem mesmo consegui terminar minha refeição, sentindo nojo da comida à minha frente. Não conseguia nem mesmo respirar direito, tamanha a angústia que me consumia naquele momento.

Nem mesmo minha própria mãe poderia me consolar nessa situação. Ela certamente me diria que estava errada, que era um risco muito grande me casar apenas para ajudar minha família. Mas o que eu poderia fazer ao ver meu irmão naquela situação, a clínica de meus pais afundando em dívidas?

Sequei minhas lágrimas com papel toalha e me levantei da cadeira. Eu sabia que, mesmo que eu não dormisse no mesmo quarto que Victor, os empregados poderiam falar algo para a mídia. Não importava o quanto fossem pagos, pessoas miseráveis e de pouca fé simplesmente não enxergam a necessidade do outro.

Nesse momento, a cozinheira se aproximou de mim, preocupada.

— Senhora Calderón? Está tudo bem? — ela perguntou, gentilmente.

— Está sim — tentei sorrir, sentindo minha pele ressecada pelas lágrimas. — Vou subir para o quarto, pode retirar a mesa.

— Vejo que não está bem. Venha, vou preparar um chá para a senhora. Sei o quão difícil o senhor Calderón pode ser — ela disse, respirando fundo e sorrindo, suas rugas de expressão se acentuando.

— Sei, mas não achei que seria tão... — eu hesitei, sem saber ao certo como descrever aquela situação.

— Entendo. Ele não é muito romântico, depois de tudo que aconteceu com ele — a mulher colocou a mão sobre meu ombro, em um gesto de conforto. — Ele acredita que as mulheres só pensam no dinheiro dele, que não merecem sua atenção mais do que o necessário.

— Eu pensei que ele não seria assim comigo, depois do gesto tão bom que ele fez mais cedo — lamentei.

— Não se engane, precisará conquistar o coração duro como uma rocha para amolecê-lo — ela aconselhou.

— Pode ser isso mesmo. Sempre pisei em ovos com ele, agora deve ser mais difícil — suspirei, levantando-me. — Eu aceito esse chá, sim.

Fomos então para a cozinha. Eu nem mesmo conhecia aquele espaço, pois Victor havia dito que aquela área era apenas para os funcionários, que sua esposa não deveria entrar ali. Mas como eu não poderia entrar? Aquele era um lugar que eu sempre amei, onde me sentia mais tranquila e inspirada, preparando receitas do caderno da minha avó. E agora, naquela cozinha grande e farta, com todo o tempo do mundo, talvez pudesse me dedicar a fazer muitas coisas.

— Por favor, sente-se, Senhora Calderón — disse a gentil cozinheira, com um sorriso bondoso. — Que tipo de chá você gostaria de tomar?

Ao entrar naquela cozinha luxuosa e espaçosa, não pude deixar de admirar sua beleza e eficiência. Era evidente que Victor havia planejado uma cozinha impecável, digna de uma mansão como esta.

— É uma pena que o próprio senhor Calderón não aprecie este espaço tanto quanto deveria — comentou a cozinheira, balançando a cabeça levemente. — E certamente ele não irá permitir que você, a nova senhora Calderón, frequente muito este ambiente.

Sorri, sentindo uma nova determinação se acender dentro de mim. Minha avó sempre dizia que a melhor maneira de conquistar um homem difícil era através da comida.

— Então, se Victor é tão ríspido e difícil, creio que irei me intrometer nesta cozinha e preparar algumas das deliciosas receitas da minha avó — declarei, observando a cozinha com olhos brilhantes. — Quem sabe assim não posso amolecer esse coração duro como uma rocha?

A cozinheira me encarou com aprovação, desejando-me boa sorte.

— O chá ficará pronto em breve. Prefere com açúcar ou sem? — ela perguntou.

— Com açúcar, por favor — respondi, com um suspiro. — Acho que vou precisar de algo para adoçar um pouco a minha vida, já que a noite promete ser longa.

A cozinheira assentiu, compreensiva, e se apressou em preparar o chá. Aquele seria apenas o primeiro passo na minha jornada de conquistar o coração do meu marido, Victor Calderón.

A cozinheira me sorriu gentilmente.

— Ah, desculpe, meu nome é Joana, prazer em conhecê-la, Senhora Calderón. — Ela pousou a xícara de chá fumegante à minha frente. — O chá está pronto. Prefere que eu espere um pouco para que esfrie um pouco?

— Obrigada, Joana. Eu prefiro esperar um pouco, para que fique morno — respondi, segurando a xícara com cuidado.

Joana assentiu, acomodando-se ao meu lado.

— Sabe, eu considero o senhor Calderón como um filho — ela confessou, com um suspiro. — Desde que ele nasceu, sou eu quem cuida dele. Por isso, conheço tão bem o seu jeito difícil.

Senti minhas bochechas queimarem, envergonhada.

— Entendo... — murmurei, desviando o olhar.

— Não precisa ficar envergonhada, querida — Joana disse, sorrindo com compreensão. — Sei que esse casamento foi algo repentino, mas acredito que o senhor Calderón viu algo especial em você. Afinal, ele não se casaria com a sua secretária se você não tivesse um bom coração.

Assenti, sentindo-me um pouco mais aliviada. Eu realmente não conhecia muito sobre a família Calderón, muito menos sobre os funcionários da casa. Mas é claro que eles me conheciam, afinal Victor sempre me mencionava ou me ligava, já que eu era sua assistente pessoal, envolvida não só em sua vida profissional, mas também em sua rotina.

E agora, eu era a esposa de Victor Calderón. Isso ainda me assustava um pouco. Mas talvez, com o tempo e com a ajuda de pessoas como Joana, eu pudesse aprender a lidar melhor com essa nova realidade.

Assoprei o chá antes de dar um gole do chá adocicado, sentindo seu calor me acalmar. Aquela situação ainda me deixava um tanto envergonhada. Joana havia dito que Victor me escolheu como sua esposa por enxergar algo especial em mim, e não apenas porque eu fosse a última opção.

Afinal, ele poderia ter escolhido qualquer uma das mulheres que aparecem em capas de revistas e notícias de fofoca sobre sua vida. Mas, ainda assim, ele me escolheu. 

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