01. O Deserto.

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A adrenalina corria pelas minhas veias enquanto meus pés batiam contra o chão frio do laboratório. O som ecoava pelas paredes, misturado aos nossos próprios respiros pesados. Minho estava à frente, como sempre, liderando com aquela confiança inabalável, mas havia algo nos olhos dele algo que eu sentia também. Aris.

Eu não confiava nem um pouco nele. Talvez fosse instinto, algo que sempre me manteve vivo nesse inferno em que nos encontramos. Não sei dizer ao certo, mas desde que ele apareceu, algo dentro de mim gritava que não devíamos confiar. Minho parecia sentir o mesmo, o que só reforçava minha desconfiança.

Winston tinha ido com ele para dentro do tubo, o que me deixou ainda mais inquieto. Tudo dentro de mim dizia que aquilo era um erro, que devíamos sair dali, rápido. Mas agora não tínhamos escolha. Precisávamos achar uma saída.

- Acelera, galera! - Minho gritou, sem se virar. Eu conseguia ver que ele estava tenso, e isso nunca era bom.

Olhei para Thomas por um instante, tentando ver se ele também sentia o mesmo desconforto. Mas agora não havia tempo para dúvidas.

Estávamos cercados, os gritos dos guardas ecoando nos corredores enquanto corríamos. O som dos passos deles se aproximava, e a cada curva, a tensão só aumentava. Minho, sempre rápido em improvisar, conseguiu derrubar um dos guardas e, sem perder tempo, arrancou a arma das mãos dele, jogando-a para Thomas.

- Está carregada? - perguntei, ofegante, com o estômago embrulhado.

Thomas assentiu rapidamente, os olhos fixos à frente. Caançarola, ao meu lado, parecia tão perdido quanto eu.

- E agora? - ele perguntou, entre fôlegos, a voz quase sendo engolida pelo pânico.

Thomas, liderando o caminho à nossa frente, manteve o foco.

- Precisamos encontrar uma saída - ele respondeu, sem desviar o olhar. Era como se o peso de todas as nossas vidas estivesse nas mãos dele.

- Tem uma mais à frente - Tereza disparou, logo atrás de mim, a voz firme, mas urgente.

Franzi o cenho enquanto corria, trocando um olhar rápido com Minho. Aquilo não fazia sentido, e ele também sentiu o mesmo, a pergunta estava clara na mente de ambos.

- Como você sabe disso? - Minho perguntou primeiro que eu, seu o tom era de desconfiança explícito.

- Eu vi. Quando os médicos me levaram para a ala hospitalar. - Tereza, sem hesitar, respondeu enquanto ainda mantinha o ritmo.

Aquela explicação não me confortou nem um pouco. Minho estava ao meu lado, o olhar sombrio, tão desconfiado quanto o meu. Estávamos nos arriscando com cada curva que fazíamos, e agora, com Aris e Tereza tão envolvidos, tudo parecia errado.

Quando chegamos na porta, Thomas tentou passar o cartão, mas nada. O maldito acesso negado piscava na tela repetidamente. Antes que pudesse tentar de novo, uma voz chamou por ele. Olhei para trás e lá estava o homem, aquele traidor, com uma tropa de guardas logo atrás.

- Toma, tenta você - Thomas disse, me entregando o cartão.

Sem pensar duas vezes, passei o cartão pelo leitor. E, claro, continuava dando acesso negado. Pânico começava a tomar conta de mim, cada segundo contando contra nós. Enquanto Thomas distraía o homem com uma conversa que mal consegui prestar atenção.

- Vai com calma, talvez esteja passando muito rápido. - Minho sussurrou.

- Sério, Minho? Que ideia genial! Nunca pensei nisso! - Bufei, irritado e respondi.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele arrancou o cartão da minha mão e tentou ele mesmo. Eu coçava a cabeça, nervoso, ouvindo os passos dos guardas se aproximarem mais e mais.

Prova de Fogo: Sombra e Luz - NEWTOnde histórias criam vida. Descubra agora