05. Refúgio no caos.

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Já fazia horas que estávamos no carro, atravessando aquele deserto implacável. O sol batia forte, fazendo o asfalto parecer ondular à nossa frente. Brenda estava no banco da frente, ao meu lado, com o olhar fixo na estrada, enquanto Thomas e Niya estavam atrás, em um silêncio desconfortável. Niya não disse uma palavra desde que partimos; a expressão dela era distante, como se estivesse perdida em seus próprios pensamentos.

Depois de um tempo, não consegui mais aguentar o silêncio.

- Para onde vamos ficar ? - perguntei, tentando trazer alguma vida para a conversa.

- Apenas Jorge sabe. Mas provavelmente vamos até o Vince. - Ela olhou para mim rapidamente antes de responder.

- Quem é Vince? - Thomas questionou, sua curiosidade evidente.

-:Logo vamos descobrir, - Brenda respondeu, seu tom misterioso só aumentando a ansiedade no ar.

Enquanto o carro avançava, a poeira levantada pelo nosso veículo dançava sob a luz do sol. A temperatura dentro do carro era abafada, e eu podia sentir a umidade escassa que deixava nossos lábios secos. Olhei para fora da janela, observando a paisagem árida e monótona passar. As dunas de areia pareciam se estender para sempre, e as poucas plantas que conseguiam sobreviver ali pareciam murchas, quase desanimadas.

Niya continuava em silêncio, e eu me perguntava o que passava pela cabeça dela. A preocupação em seu rosto me deixou inquieto, e a tensão no ar era palpável.

Cada vez que eu tentava trocar uma palavra com Thomas ou Brenda, a sensação de que algo estava prestes a acontecer me deixava mais inquieto. O deserto parecia não ter fim, e eu sabia que, independentemente do destino, estávamos todos juntos nessa jornada. Mas, no fundo, algo me dizia que as coisas estavam prestes a mudar, e eu não tinha certeza se estávamos prontos para isso.

Eu não conseguia desviar o olhar da janela enquanto o carro avançava pelo deserto. Niya estava tão distante, quase como se estivesse me ignorando completamente.

O calor era opressivo; nem mesmo o vento conseguia refrescar a atmosfera sufocante. Tudo ao meu redor era uma extensão interminável de areia dourada, como um oceano seco que se perdia no horizonte.

As dunas se erguiam e desciam, moldadas pelo tempo e pelo vento, criando um cenário surreal que parecia vibrar sob a luz intensa do sol. Eu me perguntei se algum dia haveria vida por aqui, mas só via a poeira dançando no ar, formando pequenas nuvens que pareciam flutuar sem propósito.

O motor do carro roncava, um som isolado que se misturava ao sussurro distante da areia sendo movida. O silêncio dentro do veículo era pesado, carregado de tensões não ditas.

O carro parou de repente, fazendo um ruído arrastado na areia. A mudança brusca me tirou dos meus pensamentos. Olhei em volta e vi uma construção antiga à nossa frente, meio escondida entre as dunas. Suas paredes eram de pedra desgastada, e algumas janelas estavam quebradas, dando a impressão de que o tempo havia esquecido aquele lugar.

- Por que paramos? - Thomas quebrou o silêncio, perguntando, com um tom confuso.

Brenda, que estava na frente, respondeu com um leve suspiro.

- Provavelmente, algo aconteceu. - Sua voz era baixa, mas firme, como se estivesse se preparando para o que estava por vir.

Decidimos sair do carro. O calor ainda batia, mas a sombra da construção antiga oferecia um pouco de alívio. Caminhamos até Jorge, que estava encostado em um dos pilares desgastados, com uma expressão preocupada.

- A gasolina acabou. Vamos ter que ficar aqui. - ele olhou para nós e disse, com a voz tensa quando chegamos perto.

As palavras dele pairaram no ar, e eu senti a frustração se instalar entre nós.

Prova de Fogo: Sombra e Luz - NEWTOnde histórias criam vida. Descubra agora