02. Sinais de vida.

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Conseguimos sair do local, ofegantes e em choque, deslizando por uma abertura estreita embaixo de outra construção parcialmente destruída e coberta de areia. O suor escorria pelo meu rosto enquanto me jogava no chão, o corpo inteiro tremendo. Os gritos e rugidos dos monstros ainda ecoavam ao longe, reverberando pelo ar pesado e seco. O som era ensurdecedor, e cada vez que ouvia um rugido mais perto, o pânico tomava conta de mim.

- agora? O que a gente faz? - perguntei, tentando manter a calma, mas a voz saindo trêmula, mal conseguindo olhar para o rosto de Thomas. Meu corpo ainda estava em alerta, e a perda de Winston pesava em mim como uma âncora.

Thomas limpou o suor da testa com o antebraço, ofegando, seus olhos escurecidos pela tensão.

- Precisamos esperar. - Sua voz estava baixa, mas firme. - Esperar até que esses monstros vão embora.

- Esperar? - Caçarola sussurrou, ainda tentando regular a respiração. - E quanto tempo isso vai demorar?

- Não temos escolha. Se sairmos agora, seremos mortos. - Minho falou, ele estava ao meu lado, encostado na parede de concreto desgastada, os olhos alertas, observando a entrada pela qual tínhamos passado.

Tereza, sentada ao lado de Thomas, esfregava os braços, provavelmente tentando conter o frio que surgia com o cair da noite.

- Eles não podem ficar aqui para sempre, certo? - Ela parecia estar se convencendo disso tanto quanto tentando nos tranquilizar.

Enquanto nos acalmávamos um pouco, o som dos monstros ainda reverberava por toda a parte. O chão tremia levemente, como se estivéssemos em uma armadilha à espera de sermos encontrados. Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar meus pensamentos, mas tudo o que via era o rosto de Winston sendo arrastado para longe.

- Temos que sair daqui assim que esses barulhos cessarem - murmurei, mais para mim mesmo do que para os outros.

A noite começou a cair enquanto nos amontoávamos naquele espaço apertado e abafado, sob os escombros de uma antiga construção. Os rugidos e gritos das criaturas ainda ecoavam ao longe, mas pouco a pouco, começavam a desaparecer, como se os monstros estivessem se afastando em busca de outra presa. Mesmo assim, ninguém estava disposto a sair daquele esconderijo.

Thomas, sentado com as costas contra a parede rachada, suspirou pesadamente, olhando ao redor.

- Vamos passar a noite aqui. Não faz sentido arriscar mais do que já fizemos hoje. - Sua voz soava cansada, mas decidida.

Eu me ajeitei contra uma pilha de entulho, tentando encontrar uma posição confortável, mas a verdade era que nada ali oferecia conforto. O chão era duro, a areia ainda se infiltrava em nossas roupas e cada pequeno ruído lá fora fazia meu coração disparar. Minho e Caçarola estavam próximos, ambos em silêncio, apenas observando o ambiente, como se esperassem que a qualquer momento algo fosse surgir das sombras.

- Não podemos ficar aqui para sempre - murmurei, sentindo a urgência crescente dentro de mim, mesmo que soubesse que não tínhamos outra escolha.

- E não vamos - Minho respondeu, de forma prática, mas com aquele tom que ele usava quando também não tinha respostas. - Assim que o sol nascer, a gente continua.

Tereza estava mais afastada, deitada de lado, tentando se aquecer com o que restava de um casaco que pegamos mais cedo. Ela olhou para mim, mas não disse nada. O olhar dela estava distante, provavelmente ainda tentando processar tudo o que havíamos passado e o que ainda teríamos que enfrentar.

- Temos que descansar. Amanhã pode ser pior - disse Caçarola, a voz baixa e controlada, como se tentasse acalmar não só a si mesmo, mas a todos nós.

Prova de Fogo: Sombra e Luz - NEWTOnde histórias criam vida. Descubra agora