12. Bem-vindo... Ou Não

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Na manhã seguinte, desci as escadas ainda com o gosto amargo do dia anterior preso na garganta. Meus ferimentos tinham aliviado um pouco, mas o incômodo ainda pulsava de leve em cada hematoma. Assim que cheguei à sala, dei de cara com Jayce. Ele estava ali, rindo com Brenda, como se nada tivesse acontecido, como se não tivesse enfiado suas provocações ontem.

Brenda me viu primeiro e logo se levantou, com um olhar preocupado.

- Você está bem, Newt? - ela perguntou, tentando disfarçar a tensão.

Lancei um olhar afiado na direção de Jayce antes de responder.

- O que ele tá fazendo aqui? - disparei, mantendo minha voz firme.

- Ele... ele disse que falou o que aconteceu ontem. Achei que.. - Brenda hesitou por um momento, trocando um olhar com Jayce antes de responder.

- Ah, é? Se ele já falou, então por que ainda tá aqui? - interrompi, encarando Jayce diretamente, deixando claro que eu não queria a presença dele ali.

- Olha, Newt, eu sei que talvez você esteja... um pouco enciumado pelo fato de eu ter entrado no seu grupo de amigos, mas eu tô aqui pra ajudar. Não precisa fazer disso uma competição, cara. - Jayce levantou as mãos, como se tentasse se fazer de inocente, com aquele maldito sorriso arrogante que me dava nos nervos.

Aquela última frase foi a gota d'água. Ri, sem humor algum, repetindo as palavras dele.

- Enciumado? - o sarcasmo saiu em um tom ácido.

Minha paciência estava por um fio, e dei um passo à frente, pronto para acabar com aquele sorriso presunçoso no rosto dele. Antes que eu pudesse ir adiante, senti alguém me segurando. Era Jorge, que segurou meu ombro e me empurrou levemente para trás, com um olhar firme.

- Se acalma, garoto. - Jorge disse, tentando me impedir de fazer qualquer besteira.

Mas eu já estava cego de raiva, e nem mesmo Jorge parecia ser capaz de me fazer parar.

- Ele é um otário, Jorge, e você sabe disso! - cuspi, sem tirar os olhos de Jayce, que me encarava de volta com aquela expressão de falso desdém.

- Dá pra se acalmar? - Jayce respondeu, com uma calma irritante que só me enfureceu mais.

- Newt, por favor, dá uma chance pra ele. - Brenda intercedeu, tentando amenizar a situação. - Ele só quer ajudar. Talvez vocês dois possam...

Eu a interrompi, minha voz subindo um pouco mais do que eu planejava.

- Uma chance? Quem garante que ele não tá controlando os portões e planejando trair a gente? - disse, a acusação pairando no ar, pesada e séria.

O silêncio que se seguiu foi denso, e Brenda parecia chocada com minhas palavras. Jayce, por outro lado, só suspirou, como se estivesse esperando essa reação de mim, e isso só tornava as coisas ainda piores.

Thomas desceu as escadas com uma expressão de confusão, parando na metade do caminho enquanto olhava para todos na sala.

- Que gritaria é essa? - ele perguntou, franzindo a testa.

Jayce, sem perder tempo, apontou para mim, com um ar de vítima.

- O Newt aqui enlouqueceu - declarou com aquela voz irritantemente calma. - Tá fazendo uma tempestade em copo d’água, completamente sem razão.

- Newt nunca enlouquece, Jayce. Se ele tá assim, tem um motivo. - Minho interveio com um tom firme, antes que eu pudesse responder.

Jayce suspirou e revirou os olhos.

Prova de Fogo: Sombra e Luz - NEWTOnde histórias criam vida. Descubra agora