06. Caminhos divergentes

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A noite estava fria, o contraste perfeito com o calor escaldante do dia. Eu estava sentado no chão duro ao lado de Thomas, Caarola e Minho. A fogueira à nossa frente crepitava baixinho, lançando sombras dançantes pelo acampamento. Tudo parecia silencioso, mas minha mente estava longe de estar em paz. Estava tentando processar tudo o que havíamos passado até ali.

- Alby teria gostado de ver isso, - Caarola comentou, a voz baixa e pensativa. Havia uma tristeza no tom dela, algo que eu não ouvia há muito tempo. Thomas assentiu, um peso nos ombros. - Todos na Clareira..., - ele murmurou, como se aquilo tivesse o mesmo peso para ele.

Suspirei, me ajeitando no chão e olhando ao redor. O acampamento estava quieto, mas era uma quietude inquietante. Era uma loucura estarmos ali, tentando nos agarrar à ideia de que finalmente estávamos livres. Mas eu não conseguia acreditar nisso.

- Vocês acham que estamos livres da CRUEL agora? - perguntei, minha voz saindo mais baixa do que eu pretendia.

- Duvido muito. Eles vão nos procurar. É questão de tempo. - Minho riu, mas não era uma risada feliz.

Eu podia sentir a tensão crescer entre nós. Era a verdade que ninguém queria admitir, mas todos sabíamos que Minho estava certo. A CRUEL não ia nos deixar em paz tão facilmente.

- E quando eles nos encontrarem? - perguntei, sem realmente esperar uma resposta. - Vamos ter que pensar em um plano, fugir novamente...

Thomas me olhou, cansado, mas determinado.

- Até lá, podemos descansar um pouco, - ele disse, como se tentar aliviar o peso de tudo fosse possível.

Eu dei um longo suspiro e olhei para o céu. O descanso parecia tão distante quanto a liberdade. Tudo isso era uma loucura, e, no fundo, eu sabia que nossa luta estava longe de terminar.

Enquanto Thomas e Minho falavam, eu não conseguia evitar de desviar meu olhar para a cabana onde Niya estava. Desde que chegamos, ela mal tinha saído de lá. Talvez fosse por causa da dor do ferimento, mas... havia algo mais. Ela carregava um peso que ninguém ali entendia, e eu me pegava pensando no que exatamente tinha acontecido entre ela e Vince.

- Será que ela vai ficar escondida ali a noite toda? - murmurei, mais para mim mesmo do que para os outros. Mas Thomas ouviu e, como sempre, não perdeu tempo em tentar descobrir mais.

- O que será que aconteceu para Niya ter tanto ódio de Vince? - Ele perguntou, mais sério do que o normal.

- Quem sabe? Sempre é a mesma história, não é? Alguém faz algo imperdoável e tudo desmorona. Vai ver ele fez algo para ela, não seria a primeira vez que vemos isso. - Minho deu de ombros, o olhar frio.

Caçarola, que estava mais quieto, assentiu.

- Eu também fiquei curioso... A forma como ela falou com ele, com tanta raiva, parecia pessoal demais. Deve ter sido algo muito sério. - Ele encarava a cabana de Niya com o mesmo olhar pensativo que eu tinha pouco antes.

- Seja lá o que for, isso ainda não acabou. Ela claramente não superou, e Vince também não parece ser do tipo que vai deixar o passado enterrado. - Eu suspirei, tentando juntar as peças desse quebra-cabeça.

Ninguém disse mais nada, mas o silêncio que se seguiu estava cheio de perguntas sem respostas. Mesmo com todo o caos que já tínhamos enfrentado, os problemas que surgiam entre Niya e Vince pareciam ser outra batalha esperando para explodir.

- E se ela fizer algo? - Minho quebrou o silêncio de repente, com aquela sua maneira direta de colocar as coisas.

- Como assim, fazer algo?. - Thomas franziu o cenho, olhando para ele com confusão.

Prova de Fogo: Sombra e Luz - NEWTOnde histórias criam vida. Descubra agora