SAUDADES

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Já haviam se passado dois dias desde o confronto intenso entre Marinette e Mestre Su-Han, e Marinette não tinha pisado na escola desde então. Adrien, naturalmente, começou a se preocupar com a ausência dela. Marinette, sempre tão presente, de repente sumira. Ele chegou a pensar em visitá-la, mas uma mensagem dela avisando que ficaria alguns dias em casa o tranquilizou parcialmente. Mesmo assim, não pôde deixar de pensar nela o tempo todo. Entre tarefas escolares e sua aula de chinês, Adrien se sentia dividido entre suas responsabilidades e a vontade de ver como Marinette estava realmente.

O céu de Paris já estava pintado com os tons laranja e rosado do entardecer, e o sol lentamente cedia lugar à lua, como se a cidade estivesse pronta para abraçar a calmaria da noite. Chat Noir já estava no alto de um dos telhados, pronto para mais uma patrulha. Ele sempre gostava de observar a cidade antes de começar, seus sentidos em alerta, preparado para qualquer coisa. Foi nesse momento que ele escutou passos leves atrás dele, seu instinto heroico o fez se virar rapidamente, já assumindo a posição de combate.

Mas ali, na penumbra suave do crepúsculo, estava ela.

— My Lady — ele murmurou, seus olhos se arregalando ao vê-la. Sem pensar duas vezes, ele se jogou em um abraço, quase como se temesse que ela fosse desaparecer de novo. — Você sumiu por quase um mês!

Ainda envolto nos braços de Ladybug, ele sentiu um alívio profundo. Mesmo com todas as responsabilidades, treinamentos e patrulhas, a ausência dela tinha sido como um vazio que nada mais preenchia. Ele sabia que algo havia acontecido, mas não tinha todas as respostas.

— Onde você esteve? — ele perguntou suavemente, ainda a segurando.

Ladybug se afastou do abraço para olhar diretamente nos olhos de Chat Noir, sua expressão ainda séria, mas com um toque de alívio.

— Tikki adoeceu, não tinha como eu me transformar — explicou, sua voz um pouco mais suave, mas ainda firme.

Chat Noir ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras. Ele já estava preocupado com Marinette, mas agora que sabia que o motivo era a Tikki, tudo fazia mais sentido. O peso do que ela tinha passado era evidente, e ele sabia o quanto a responsabilidade de Ladybug pesava sobre ela. Mesmo assim, ela ainda tinha aparecido para a patrulha.

— Eu também senti sua falta — admitiu Ladybug, dando um passo para trás, o suficiente para que ambos pudessem se ver melhor.

Chat Noir, ainda preocupado, inclinou-se um pouco para ela, tentando manter o tom descontraído.

— A Tikki já está melhor agora? — perguntou, sua voz levemente carregada de preocupação. Ele sabia bem o risco que ela estava correndo ao usar o Miraculous com um kwami doente.

Ladybug assentiu com a cabeça, confirmando.

— Está sim... Graças a alguns cuidados, ela conseguiu se recuperar.

— Todos queriam e precisavam de você — disse Chat Noir, com um sorriso suave, tentando aliviar a tensão no ar.

Ladybug, porém, suspirou e balançou a cabeça, tirando algo do ioiô.

— Mas eu achei alguém que me substituiu à altura — comentou, riu ao falar de si mesma

— Está falando da Multi. Ela foi incrível, quando o trio estiver completo vai ser um adeus para o Monarch.

Ladybug olhou para ele com um olhar melancólico, como se algo a incomodasse.

— Sinto muito, gatinho — disse ela, estendendo o Miraculous do rato em direção a ele. — Continuaremos sendo uma dupla.

Chat Noir piscou, surpreso com o gesto.

— Mas... — ele começou a falar, mas foi interrompido.

— Ela mesma desistiu — cortou Ladybug, não queria estender o assunto

Miraculous: Além do HeroísmoOnde histórias criam vida. Descubra agora