MEMÓRIA

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Adrien acabava de entrar na escola para mais um dia de estudo, já percebeu algo diferente. Os alunos, principalmente os de sua sala, olhavam atentamente para a porta da direção, e Lila lá em cima com o ouvido colado na porta. Lila sai de lá apressada e se mistura com a multidão que estava embaixo, enquanto os pais de Marinette e o diretor saem da direção.

Sabine e Tom descem as escadas, acenando para Adrien e Alya. O diretor olha para todos os alunos — Vocês já deveriam estar na sala, esperando o professor. Vamos, vamos! — Os alunos se locomovem até suas salas.

Adrien foi o último a entrar. Antes que o professor chegasse, Lila já estava à frente de todos, contando o que escutou da conversa dos pais de Marinette com o diretor.

— A Marinette está no hospital. — Os colegas ficam surpresos e começam a murmurar entre si. — Calma, ela que foi atrás disso. Parece que nossa querida amiga se envolveu com quem não devia. — A palavra "amiga" saiu em tom de voz debochado. Alya já se levanta e fala que a Marinette sempre escolheu bem suas amizades. Alguns ficaram surpresos por ela estar defendendo sua antiga amiga. — Sim, ela escolhia perfeitamente suas amizades. Vocês que não. Marinette manipulou vocês desde que chegou à escola, se fazendo de tadinha, criando encrencas e saindo de fininho. Ela me fez ser akumatizada três vezes já, e nenhuma vez veio pedir desculpas. Ao contrário, sempre me enfrentou, né, Alya?

Todos estavam em silêncio. Ninguém acreditaria na Lila, né? Marinette sempre tentou fazer o impossível pelo bem da turma. Esses eram os pensamentos de Adrien. Até Alya começar a falar — Desde o primeiro dia, a Marinette não gostava da Lila... — falou com a voz baixa e cabeça baixa.

— Viram? A Marinette boazinha só existe na imaginação de vocês. E quem ainda tem curiosidade, ela se envolveu no lado obscuro de Paris e acabou virando um pequeno saco de pancadas. Seu charme não funciona lá. Uma hora, a mente de vocês vai lembrar da verdadeira Marinette. E não adianta perguntar para os professores; o sr. e a sra. Dupain-Cheng pediram para eles não contarem a verdade. — Lila vai para seu lugar, e aquela sala nunca foi tão silenciosa. Adrien estava inconformado, não era possível que alguém acreditasse naquilo. Parece que o problema da Marinette era bem mais profundo.

Já havia batido o sinal, mas nenhum professor entrou. Deviam estar em uma reunião. Lila foi ao banheiro e, pouco tempo depois, Adrien foi buscar seu livro de química que havia esquecido.

No banheiro, Lila mandou uma mensagem: "Eu fui um peão em seu plano, agora é sua vez de retribuir. Estou muito triste, sabia?" Lila esperou um curto tempo. Um portal azul se abre, uma borboleta negra vai até ela em sua pulseira da "amizade" e a consome.

— Mindwarp Spectre, eu sou o Monarch. As pessoas estão esquecendo das coisas, faça todos lembrarem. — Mindwarp Spectre sai do banheiro de fininho, não podia ser vista. Acha um lugar onde consegue ver sua sala, mira e joga sua magia de criar memórias falsas em todos que estavam naquela sala e retorna para o banheiro.

— Pronto, obrigada! — Ela fala para o Monarch.

— Só isso? — perguntou ele, confuso. O plano dela era só isso?

— Sim, e já foi mais que o suficiente — Lila foi desakumatizada, com um sorriso no rosto. Mais uma vez, ela sairia vitoriosa. Marinette quis guerra, e guerra é o que ela vai ter.

Adrien voltava para a sala e sentou ao lado de Nino. — Caramba, ainda não veio professor, não tava achando o livro. — Ele mostra o livro de química para o amigo.

No hospital, Marinette já havia acordado, mas ainda não tinha entendido nada. Toda hora, estava rodeada por enfermeiras, médicos e seus pais. Quando finalmente ficou sozinha, foi à procura de Tikki.

— Tikki, Tikki, cadê você, Tikki? — Chamou várias vezes, mas sem nenhuma resposta. O desespero começou a subir, e os aparelhos do hospital não deixavam ela mentir: seu batimento cardíaco estava muito elevado. Uma enfermeira entra no quarto. — Meu Deus, seus batimentos. Aconteceu algo? Como se sente? — A enfermeira estava vindo com o almoço de Marinette, não esperava que ela estaria tendo um ataque de pânico.

— Não, eu estou melhorando, foi só um ataque... Eu estava procurando somente... e... e... minha bolsa, sabe onde tá? — Marinette ainda respirava alto, mas com seus batimentos um pouco mais calmos.

— Sim, ela tá pendurada ali. Quer que eu pegue? — Marinette assentiu com a cabeça. — Está bem, vou pegar, mas celular só depois de almoçar. — Ela pega a bolsa e entrega. — Seus pais já devem estar chegando. — A enfermeira sai do quarto, deixando Marinette sozinha.

Ela deixa a bandeja de lado e pega seu celular. Ignora as notificações e liga para o número dos kwamis. O telefone toca uma, duas vezes, e na terceira alguém atende. — Alô, Tikki?

— Guardiã? Aqui é a Mullo. Como se fala por esse negócio?

— Oi, Mullo, a Tikki está aí?

— Desde que você saiu, nem a Tikki e nem você voltaram para casa. — Marinette ficava cada vez mais em pânico; Tikki não estava em lugar nenhum.

— Relaxa, Mullo, eu estou no hospital. Daqui a pouco eu volto pra casa. Qualquer emergência, aperta o botão que tem uma seta para baixo e o telefone verde, tá bom? — Marinette sabia que não podia ficar muito tempo naquele quarto, precisaria voltar mais rápido para sua casa. Paris dependia dela.

— Guardiã, se houver alguma coisa, eu te informo. Não precisa se preocupar, ainda tem comida aqui no seu quarto.

— Obrigada, Mullo. — Elas se despedem. A garota olha as mensagens que recebeu. Tinha poucas, mas havia uma do Adrien perguntando como estava.

Ela respondeu que estava bem, só esperando ganhar alta. Ele ficou online e perguntou se era verdade que estava no hospital. A mestiça confirmou. O modelo disse que ainda hoje iria fazer uma visita para ela.

Marinette até tentou impedir Adrien, mas sem sucesso. Mais tarde, ele viria fazer companhia a ela.

A heroína de Paris não parava de pensar em tudo que aconteceu: o desmaio, o livro, o sumiço de Tikki, a escola, as responsabilidades, seus pais descobrindo os ferimentos.

Ela realmente precisava de férias. Ela se joga para trás, se deitando na maca e olhando para o teto. O tempo passou, e seus pais chegaram para fazer a visita, mas a única coisa que passava na cabeça da azulada era: "Cadê a Tikki e como ela está?"

Miraculous: Além do HeroísmoOnde histórias criam vida. Descubra agora