Divididos por idade, cultura e circunstâncias, Anastacia e Alejandro lutam contra um amor que nunca deveria existir. Mas, quando segredos vêm à tona, o que estão dispostos a sacrificar para proteger seu coração?
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Alejandro caminhava pelas ruas escuras de Madrid, sua mente fervilhando com pensamentos de vingança. Cada passo que dava o aproximava mais de seu objetivo:
Natanael, o pai de Nikolai. A noite estava fria e a cidade parecia envolvida em uma névoa de mistério e perigo, refletindo o turbilhão de emoções dentro dele.
Ele avistou Natanael cambaleando, visivelmente bêbado, em uma rua deserta. O homem estava sujo, com a barba por fazer e roupas rasgadas. Alejandro sentiu uma onda de raiva e desprezo ao vê-lo naquele estado deplorável. "É ele," pensou, apertando os punhos.
Decidido a seguir mesmo, manteve uma distância segura, observando cada movimento do homem. Natanael entrou em um prédio antigo e mal iluminado. Alejandro esperou alguns minutos antes de seguir, certificando-se de que ninguém o estava observando. Ele subiu as escadas rangentes, cada passo aumentando sua determinação.
Quando chegou ao apartamento de Natanael, Alejandro encontrou a porta entreaberta, pode visualizar o mesmo caminhando até o banheiro, deixando a porta aberta ao usar; entrou silenciosamente, seus sentidos em alerta máximo. O local era pequeno e desorganizado, com garrafas de bebida espalhadas por toda parte. Alejandro começou a vasculhar o lugar, procurando qualquer coisa que pudesse usar contra Natanael. Foi então que ele encontrou uma caixa escondida debaixo da cama. Ao abri-la, Alejandro ficou chocado com o que viu. Havia fotos de Anastácia, tiradas de longe, em diferentes momentos de sua vida na Espanha. Havia também vídeos, claramente gravados sem o conhecimento dela. Sentiu uma onda de náusea ao perceber que Natanael estava vigiando Anastácia todo esse tempo.
— Desgraçado - murmurou, sua raiva crescendo. Ele sabia que não podia deixar isso passar. Natanael precisava pagar por tudo o que fez.
Graças ao murmuro de reclamação vindo da sala, conseguiu se esconder pouco antes de Natanael entrar no quarto com seu odor fedido de álcool e se jogar na cama, adormecendo em questão de segundos. Alejandro esperou algum tempo antes de sair do esconderijo, certificando que o outro estaria de fato dormindo, para então se aproximar.
— Natanael - disse Alejandro em voz baixa, mas firme. O homem abriu os olhos lentamente, confuso. — Quem é você? - Perguntou, tentando focar a visão no rosto da sombra alta.
— Sou Alejandro - Sua voz cheia saiu cheia de ódio. - E estou aqui para garantir que você pague pelo que fez a Anastácia.
Natanael tentou levantar, mas Alejandro o empurrou de volta para cama.
— Você não vai a lugar nenhum- disse, frio como gelo. - Você vai me ouvir.
Começou a contar tudo o que sabia, expondo todo sofrimento que a mulher viveu, cada momento de dor que ela havia passado por culpa dele. Natanael tentou se defender, mas Alejandro não lhe deu chance.
— Você é um monstro - pronunciou, seus olhos brilhando de raiva. - E eu vou garantir que você nunca mais machuque ninguém.
Alejandro pegou uma das garrafas de bebida e a quebrou, segurando o gargalo afiado na direção de Natanael.
— Você vai pagar- disse com a tremendo de emoção. - Por cada lágrima que Anastácia derramou, por cada momento de medo que ela viveu.
Natanael, agora sóbrio pelo medo, olhou para Alejandro com olhos arregalados. — Por favor- implorou - Eu posso mudar. Eu posso...
— Não. - Interrompeu Alejandro. - Você não merece uma segunda chance. Alejandro sabia que precisava fazer algo mais. Ele olhou ao redor e viu o fogão velho na cozinha. Uma ideia sombria começou a se formar em sua mente, se aproximou do aparelho doméstico e ligou todas as bocas, deixando o gás escapar silenciosamente.
Ele sabia que Natanael era um fumante inveterado e que, mais cedo ou mais tarde, acenderia um cigarro.
"Eu queimaria o mundo por você, Anastácia," pensou Alejandro, sua mente tomada por uma determinação fria. "E por nosso filho, minha deusa."
Com um último olhar de desprezo para Natanael, saiu do apartamento, fechando a porta atrás de si. Ele desceu as escadas rapidamente, seu coração batendo forte. Quando chegou à rua, respirou fundo, sentindo o ar frio da noite. Sabia que a explosão viria e que ninguém se importaria com o que acontecesse naquele prédio velho e abandonado.
Alejandro caminhou pela rua, sentindo uma estranha sensação de alívio. Ele havia feito o que precisava ser feito. Natanael pagaria por seus crimes e Anastácia estaria finalmente livre de seu tormento. Enquanto se afastava, ele ouviu o som distante de uma explosão, seguido pelo crepitar das chamas, olhou para trás apenas para observar as chamas. A devoção que ele sentia por Anastácia era um fogo que consumia sua alma, mais feroz do que as chamas que devoravam o prédio. Cada estalo da madeira em combustão era um grito de amor e loucura, uma prova de que ele estava disposto a destruir o mundo por ela.
— Anastácia- ele sussurrou, seus olhos refletindo o inferno ao seu redor - tudo isso é por você e pelo nosso filho. Não há sacrifício grande demais, não há ato impensável. Você é minha redenção e minha perdição.
