Maldita Visita.

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"de todas as mulheres, ela é a mais bela, seu jeito de menina, seu olhar me inspira"
De Love - Pelé Milflows feat Gaab

Jo narrando

Acordei sentindo um carinho na minha cabeça, abri meus olhos dando de cara com o Perigo, que olhava pra mim com um olhar indecifrável.

Perigo: os cara já bateu aí pra avisar que daqui a pouco tu tem que vazar, pretinha. - falou com a voz rouca, provavelmente ele tinha acabado de acordar também.

Assenti me levantando pra me vestir, sentia o olhar do Perigo queimar nas minhas costas, ele seguia todos os meus movimentos com os olhos.

Perigo: senta aqui. - bateu na sua perna assim que acabei de me vestir. - tem nada que tu tem que contar pra mim?

Jo: não porquê?

Estranhei aquela pergunta literalmente do nada, porquê eu teria alguma coisa pra contar pra ele? Ele tá falando da carta?

Perigo: nem o que rolou com a irmã da sua amiga? - olhei confusa pra ele, ele tava falando da Larissa?

Jo: a Lari? Mas você já sabe tudo ué.

Perigo: sim, sei de tudo porque o TH chegou e contou pra mim, agora quero ouvir da tua boca, qu foi dessa doidona aí?

Jo: ah, ela sempre falava que queria dar pra você e tals, acho que ficou chateada por eu estar fazendo visita, então fez aquilo lá.

Perigo: hm e que papo é esse de tu dormir na casa da tua amiga lá? Deu problema em casa?

Jo: nada demais, só tive algumas complicações e preferi dormir na Carol. - falei desconfortável com o assunto, não queria colocar meus pais em problemas, mas parece que Perigo notou meu desconforto, pois fez questão de mudar de assunto.

Perigo: pô, quero te ajudar no que puder, tá ligada? Mas pra isso preciso que tu confie e conte as coisas pra mim. Tô ligado que esse trem de confiança a gente conquista com o tempo, mas se tu não falar nem os problemas mais básicos pra mim, como vai falar os barra pesada? Se liga pretinha, tô aqui por tu, não só eu, TH e Junim tá aí também pra tudo que você precisar, sacou?

Assenti envergonhada, era uma sensação estranha ver ele assim tão cuidadoso, mas era muito bom... Um estranho muito bom.

Perigo: agora te passar um papo aqui, essa foi a última visita que tu faz, tendeu? - olhei pra ele sem entender, como assim? Ele já cansou?

Jo: ah, entendi, tá bom então. - falei me levantando da perna dele.

Eu podia até tentar fingir por fora, mas ouvir aquilo machucou, sei que a gente não estaria juntos fora daqui, mas não achei que ele enjoaria de mim tão fácil assim...

Me senti descartável.

Era apenas isso, eu não podia estar me apegando a ele, apenas me senti substituível, mas fazer o quê? Eu esperava o quê? Flores? Com certeza não né.

Perigo: pô tá indo onde maluca? A gente ainda tem tempo, vem cá, nem um beijinho no seu preto?

Olhei pra ele sem esboçar nenhuma reação, ele achava que eu ia fazer o quê? Ir pra lá e dar um beijão nele toda apaixonada? Não, isso não, não me descartou? Então que espere a próxima garota e beije ela.

Jo: melhor eu ir indo, já já o guarda vem aqui bater de novo, se cuida Perigo. - falei enquanto batia na porta, indicando que era pra abrir.

Perigo: que Perigo o quê? Já te falei que é pra me chamar de Matheus, vem cá linda, deixa disso, que drama é esse minha vida?

Na hora que ele ia levantar o guarda abriu a porta e eu saí rápido, independentemente de saber que não era pra me apegar nele, me apeguei, pra no fim ser trocada fácil assim, limpei algumas lágrimas que insistiram em descer e fui saindo do presídio. Fui muito besta, eu sei.

Perigo narrando

Fiquei olhando pra porta enquanto a doidinha saía como o diabo fugia da cruz.

Mas ae, tu entendeu alguma coisa? Porque eu não. Tava todo animado pra contar pra ela que a próxima vez que a gente fosse transar seria no conforto do meu lar e a mina foge de mim?

Pô, feio eu não sou, não entendi legal o que rolou não, ela ficou chateada que a minha lili vai cantar? Não é possível uma coisa dessas, tem nem lógica isso.

Tava com a mente voando, tentando entender a outra lá que fugiu de mim sem me deixar terminar de falar, quando entraram pra me levar pra cela.

Policial 1: bora Perigo, tá na hora de voltar pra cela. - falou o Ryan, policial antigo daqui, gente fina demais, já me ajudou em muito bagulho aqui dentro.

Policial 2: gatinha aquela preta que saiu daqui, tá pagando quanto? Pago o dobro pra sentar pra mim. - falou um cara novo, que vivia tentando me estressar, foda que não consegue uma porra dessas.

Perigo: se liga na tua caminhada, olhar pra mulher do outro é crime, sabia não? - falei debochando e olhando nos olhos do comédia, gravei cada detalhe daquele rosto fodido dele, esse seria o primeiro que eu mandaria apagar quando saísse daqui.

Foda é esse, quando sua lili tá chegando esses arrombado faz de tudo pra que tu perca a cabeça e faça merda aqui dentro, aí é regra, piora tua sentença.

Se fosse outras horas eu já teria partido pra cima desse vagabundo, mas sabendo que já já canta minha lili, eu só quero ficar na minha, tentar entender porquê minha preta tá puta comigo e matar a saudade da minha mãe, só progresso pra nós.

Ryan tratou logo de cortar aquele papinho e me levou pra minha cela, cheguei e já dei de cara com meu demónio pessoal, não é possível que esse cara tenha irmãos, Deus não castigaria assim uma mãe.

Guga: como que tá a corna lá?

Agora tu me diz, dá pra aturar esse porra?

Perigo: nem começa que hoje eu não tô bom não. - meti serinho, esperando que ele calasse a boca.

Guga: tá vendo, se tivesse me comido tava mais tranquilo vida. - falou afinando a voz.

Olha essa porra cara, era pra esse arrombado ter saído semana passada e eu sair daqui a um mês, mas esse arrombado decidiu fazer merda e advinha? Deram mais uma semana pra ele aqui, e meu advogado conseguiu meu alvará pra daqui a 2 dias, resultado, sair daqui com esse filho da puta no mesmo dia.

Agora tu me fala, alguém merece isso?

Perigo: tô te passando o papo na transparência, não enche minha cabeça de lorota não.

Guga: mas posso encher de outra coisa, seu gostoso? - falou afinando a voz mais uma vez.

Olhei pra ele incrédulo, se essa porra não é viado eu não sei.