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"o inferno está vazio e todos os demônios estão aqui."
William Shakespeare

Jo narrando

Já não aguentava mais, já estava anoitecendo e eu estava trancada no quarto.

Estranhei que a rua estava mais agitada que o normal, não vivia na principal, mas vivia perto dela e normalmente não era assim faz um bom tempo.

Já fiz de tudo aqui no quarto, organizei, estudei tudo que tava acumulado, desenhei, pintei, fiz até yoga e o tempo parecia não passar.

Minha mãe passou aqui uma vez pra me levar pro banheiro e depois me trancou de novo, e realmente ela não me deu outra refeição.

O bom é que a primeira refeição que me deram tinha muita coisa e eu não acabei, deixei guardada boa parte e ia comendo durante o dia, mas não acabei, deixei uma parte pra noite.

Ouvi o som da porta abrir e virei vendo meus pais entrar no quarto.

Mãe: Joseane, pode nos explicar porquê você tem falta na segunda-feira?

Quê? Eles foram pra minha escola?

Jo: não sei do que a senhora está falando. - falei tentando passar confiança.

Mãe: claro que sabe, porquê você faltou duas segundas-feiras na escola? Tava onde?

Jo: já disse que não sei do que você está falando.

Pai: mais respeito sua desgovernada, sabe o que tá faltando pra você? CORRETIVO. Sua mãe está certa, meu erro foi não ter batido em você, mas isso vai mudar hoje. - meu pai falou sério e frio.

Jo: quê? Eu não fiz nada, o senhor vai me punir por não saber do que ela tá falando?

Não tive tempo de continuar falando nada porque senti e ouvi algo batendo contra o meu corpo e por impulso protegi meu rosto.

Olhei pra não dele e vi um cinto de couro.

Jo: PAI PARA POR FAVOR. - gritei sentindo ele continuar distribuindo as chicotadas pelo meu corpo.

Ele não parava, quanto mais eu gritava, mais ele me batia sem motivo nenhum, fiquei gritando e minha mãe só ria debochada da situação.

Parece que o tempo não passava e ele não parava de me chicotear, depois do que pareceu uma eternidade ele parou, nisso eu já estava deitada no chão, encolhida e com o corpo ardendo muito.

Mãe: da próxima, pensa duas vezes antes de fazer besteira, filhinha. - falou debochada e saiu do quarto com meu pai, trancando a porta.

Fiquei chorando e esperando a dor diminuir.

Quando senti que já conseguia andar, levantei e fui até minha bolsa de remédio, pegando alguma pomada pra passar no corpo e ver se diminuia aquela dor.

Ele não bateu pra machucar a ponto de sair sangue, mas bateu pra deixar marcas e tenho certeza que vai levar tempo pra sair, ainda bem que o Perigo cancelou as visitas.

Maldita Visita.Onde histórias criam vida. Descubra agora