A beira da descoberta.

3.5K 365 267
                                    

Por favor, não apenas fiquem lendo sem comentar nada, gosto de saber sobre o que estão achando, é uma forma onde eu me "localizo" melhor.
Não apenas fiquem lendo até o final e comentem me atacando que querem o próximo sem ao menos deixar uma estrela.


Isabella Parker.

— Não me testa, Gustavo — minha voz saiu tensa, quase um sussurro rouco, enquanto meus dedos cravavam no volante. Eu sentia o suor escorrer pela minha nuca, o coração acelerado batendo em meus ouvidos. Mas ele continuou ali, impassível, com os braços cruzados, desafiando-me com aquele olhar de aço.

Ele sabia me tirar do sério.

Por pura impulsividade, talvez raiva, talvez medo, eu não sei. Pisei no acelerador com tudo, sentindo o rugido do motor vibrar pelo meu corpo.

O carro disparou para frente, e por um segundo, o mundo pareceu em câmera lenta.

O choque no rosto dele foi instantâneo, os olhos se arregalando ao ouvir o barulho do carro arrancando. Seu corpo reagiu mais rápido do que sua mente. Ele se jogou para o lado, o asfalto duro o recebendo com brutalidade. O som seco da queda fez meu estômago revirar.

O carro parou abruptamente, mas era tarde demais.

Eu vi Gustavo no chão, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto ele passava as mãos pelo próprio corpo, como se estivesse conferindo, com urgência, se ainda estava inteiro.

— Eu não morri? — murmurou para si mesmo, ainda em choque. Em volta dele, uma pequena multidão começou a se formar, e no meio deles, Antonella, uma das minhas amigas, começou a rir. Era um riso nervoso, inapropriado, mas característico dela. Sabíamos que rir em momentos de tensão era o mecanismo dela. Ainda assim, aquilo parecia deslocado, quase surreal.

Gustavo se sentou devagar, o olhar perdido e confuso, como se ainda estivesse tentando entender o que havia acabado de acontecer. Quando seus olhos encontraram os meus, vi neles uma mistura de incredulidade e medo.

— Você estava mesmo disposta a me atropelar? — ele perguntou com a voz fraca.

— Não só estava disposta como ainda estou. Se você continuar me importunando, na próxima, além de te atropelar, vou passar a roda do pneu em cima da sua cabeça e seus miolos vão voar por toda parte! - Digo sem pensar, estava com raiva mas ao mesmo tempo a preocupação vinha a tona, queria ver se ele estava bem, mas o orgulho falou mais alto.

— Certo, vamos agradecer que está tudo bem. Gustavo não morreu, ninguém foi parar no hospital, e isso já é uma vitória. Chega disso.

Gustavo se levantou com um risinho estampado no rosto, parece que ele estava ainda raciocinando tudo. Ele ainda massageando os braços e as costas, visivelmente dolorido pela queda.

Ao mesmo tempo em que eu gostaria de pedir desculpas e conferir se ele estava bem, eu tinha vontade de sair chutando esse homem e jogar em uma lata de lixo.

O que eu tinha acabado de fazer?

Eu acho que estou ficando maluca, será o efeito das bebidas? Ainda estou bêbada?

Gustavo Ribeiro.

Isabella Parker realmente estava disposta a me atropelar.

Mais que porra.

Essa garota era maluca, provavelmente meu maior desvio de caráter é continuar gostando dela e mesmo depois de quase ter virado sopa, ainda quero viver uma vida ao lado dela.

Entre luxos e simplicidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora