O stalker.

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Isabella Parker

O garoto parecia frágil, como uma criança que só precisava de carinho, e eu estava ali, pronta para dar a ele todo o meu amor. Meus dedos deslizavam suavemente por entre seu cabelo bagunçado, sentindo os fios sedosos passarem entre meus dedos. Era quase engraçado: como esses homens, que lavam o cabelo com qualquer sabonete que encontram no banheiro, conseguem ter o cabelo mais sedoso que o meu? E olha que eu gasto uma pequena fortuna nos meus produtos de beleza!
A noite já ia avançada, e havíamos passado horas juntos. Ele aproveitava o carinho e, entre conversas descontraídas, cada palavra parecia nos aproximar ainda mais.

Até que algo me ocorreu, e arregalei os olhos.

— Espera aí... MEUS PRODUTOS! — gritei, surpresa. — É isso! Eu sabia que esse cheiro do seu cabelo era familiar!

Antes que ele pudesse reagir, dei um leve tapa em sua cabeça. Ele deu um pulo e levou a mão ao peito, assustado.

— O que foi que eu fiz agora? — ele perguntou, olhando para mim, com uma expressão quase divertida.

— Você usou o meu shampoo? — perguntei, desconfiada, mas a resposta já estava estampada no aroma. Ele deu um sorrisinho pirracento e confessou:
— Não só ele, como aquele potinho lá e o condicionador também.

— Minha máscara, meu condicionador e meu shampoo da Kérastase?! Fala sério! — Cruzei os braços, indignada.

Ele deu de ombros, ainda se divertindo com a minha reação.

— Ah, não precisa desse drama todo. Depois eu compro um shampoo Johnson pra você. Shampoo de bebê é o melhor que tem! — disse ele, como se estivesse resolvendo uma questão simples, e se deitou de novo na cama.

Eu não aguentei e subi em cima dele, desferindo tapas leves enquanto ele ria, tentando se esquivar.
De repente, a porta se abriu e Gustavo instintivamente levou a mão à minha cintura pelo susto.
Ambos viramos o olhar na direção da porta, onde Lucas apareceu com os olhos arregalados.

— CAGA TRONCO, OLHA A SAFADEZA AQUI! — Lucas gritou para PH, enquanto saía correndo. Sim, eles se chamavam de "caga tronco" como uma piada interna.

Eu e Gustavo nos apressamos em nos explicar, falando ao mesmo tempo.

— Não é nada disso que você está pensando! Podemos explicar! — dissemos em uníssono, numa tentativa desesperada de impedir a interpretação errada.

Gustavo Ribeiro

Lucas saiu correndo, e eu me levantei para ir atrás dele, mas, na pressa, meu mindinho foi cruelmente golpeado pela quina da escrivaninha.

— BU...CETA! — gritei de dor, me jogando no chão como uma lagartixa se debatendo.

Isabella se levantou e me olhou com uma expressão que beirava o riso descontrolado.

— Tá tudo bem? — perguntou, enquanto começava a rir, segurando-se para não explodir.

Antes que eu pudesse responder, PH entrou no quarto e me encarou, com Isabella ao lado, que já ria sem disfarces.

— Tem certeza que isso não foi só um mal-entendido? — Ph olhou para Lucas com uma sobrancelha arqueada, analisando a situação.

— Eu vi! Eles estavam de safadeza! — Lucas anunciou antes de entrar no quarto, e ao me ver no chão, caiu na gargalhada.

— Culpa sua, seu cretino — murmurei, enquanto Isabella me ajudava a levantar.

PH, no entanto, me puxou pelo braço para fora do quarto, fechando a porta assim que saímos.
Ele me encarou com seriedade e Lucas desceu.

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