7) Esse jogo tem regras?

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Eu criei um monstro

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Eu criei um monstro. Pensava que seria só uma vez e eles me deixariam em paz depois disso. Pensei errado. Erradíssimo. Meus pais a amaram. O nome de Tatiana não saía da boca deles. Eles quase me imploravam para vê-la de novo. Tornaram-se seus maiores tietes.

E eu? Eu me fodi. Tinha cometido a maior autossabotagem sem me dar conta. Tudo por não ter parado por um segundo, refletido sobre minha ideia de merda e cogitado a possibilidade de um encontro não bastar para saciar a curiosidade dos coroas. Agora o estrago já estava feito. Eu que me virasse para remediá-lo.

Precisaria arranjar um jeito de repetir a dose, de garantir tantos encontros quanto fossem necessários, isso era certo, mas não podia dar bagunça. Nesse caso, o único jeito de abolir a patifaria era estar dentro da lei.

Chamei o ilustríssimo Jean-Pierre Dubois, meu advogado de plantão, que sempre estava disponível para atender os velhos amigos, para discutir assuntos legais. Ele veio ao meu lar prontamente, em pleno domingo, para tratar de trabalho em sua folga.

Contei a história em detalhes, para contextualizar (e porque ele era o melhor confidente dentre os Fabulosos graças à sua sensibilidade), mostrei-lhe o que tinha em mente e entreguei em suas mãos um rascunho com todos os meus planos. Ele leu tudo que eu havia anotado, analisou item por item antes de comentar.

— Deixe eu ver se entendi. — Ele desviou a atenção da folha de papel e voltou-se a mim. — Você quer redigir um contrato pra firmar compromisso com uma puta que você pagou pra fingir que é sua namorada? É isso mesmo?

— Não é bem assim. Não se trata de uma puta qualquer. — As sobrancelhas de Jean se ergueram. — Ela é uma escort. — As mesmas sobrancelhas se franziram.

— Dá no mesmo, caralho — retrucou ele, levemente exaltado, fazendo-me questionar a minha decisão de ter detalhado a história em vez de ter contado por alto e omitido a profissão dela. — Porra, Taka, você se mete em cada uma!

— Em minha defesa, meus pais me meteram nessa. Se não fosse por eles torrando a minha paciência a cada oportunidade que aparecia, eu nunca teria recorrido a essa invenção.

— Ainda não acredito nisso. — Dubois meneou a cabeça em negação. — E eu ainda achava que seria o Asimov que um dia me daria trabalho com esse tipo de coisa — falou entre dentes.

— Trate de acreditar. Desta vez, é pra valer — assegurei.

— Tem certeza de que quer seguir adiante com isso? — Dubois indagou novamente, querendo uma confirmação. Perguntava mais como amigo do que como advogado. — Nunca é tarde pra parar de maluquice e contar a verdade pros seus pais.

— Tô decidido, Jean — afirmei com uma seriedade incomum para mim. — É isso que eu quero fazer.

— Então pode deixar a parte legal comigo. Darei prioridade pra redigir o contrato e depois de amanhã você e ela podem passar no meu escritório pra assinar, basta marcar o melhor horário pra você, a Diana dá um jeito de te encaixar.

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora