16) Tem balada hoje?

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Eu me surpreendi com as dimensões da preocupação de Yudi

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Eu me surpreendi com as dimensões da preocupação de Yudi. Ele passou pelo meu apartamento após o fim de seu expediente durante a semana inteira. Isso sob o pretexto de que queria me ver pessoalmente para ter a certeza absoluta de que eu estava inteira em todos os sentidos.

No sábado, apareceu mais despojado, com um traje mais festivo, apresentando uma espécie de intimação, uma compensação pelo evento perdido. Algo justo, afinal, embora não tivesse sido por mal, eu o havia deixado na mão. Aliás, o mínimo que eu podia fazer, tendo em vista que (apesar de ser um direito seu) ele não cobrou ressarcimento algum.

Antes de eu o abandonar na minha sala para ir me arrumar, ele tomou meu rosto em suas mãos. Checou a aparência geral e cicatrização das feridas, como fizera nos dias anteriores, e satisfez-se com o resultado final da reparação natural do estrago feito.

Quando soltou o meu rosto, bem-humorado, pediu para caprichar na beleza de fábrica porque iríamos ao Risca Faca. Eu acatei o pedido e me arrumei com esmero.

Ao entrarmos no carro — um carro diferente do seu veículo de costume —, notei que seríamos conduzidos por um motorista naquela noite. Assumi que Yudi pretendia se encher de todos os entorpecentes que aparecessem pela frente e terminaria trocando os próprios pés — o que provavelmente me deixaria na posição de babá de novo.

Mas eu não me importava. Não me importei antes, não seria agora que as coisas iriam mudar. Ele era um cara legal, de modo algum cuidar dele num momento de necessidade seria um peso para mim.

Chegando na casa noturna, subimos direto para a área VIP, onde o dono da boate, Hoffmann, que foi tão amável comigo quando nos conhecemos, nos cumprimentou e logo retornou aos seus afazeres. Com sua saída, Yudi me levou a uma mesa desocupada.

Não havia nem uma alma para contar história nas cadeiras ao redor daquela mesa. Estranho.

— Ué?! Cadê o resto de seus amigos? Pensei que você tinha me pedido pra vir mais informal por conta deles.

— Seremos só eu e você hoje — informou ele.

— Por essa eu não esperava. Se não tem plateia, pra que você precisa de mim?

— Pra ser minha acompanhante numa agradável noite. Não posso solicitar a presença da minha namorada em qualquer ocasião independentemente de qualquer outra coisa?

— Conforme consta no contrato — anuí.

— Pois bem, tô exercendo meus direitos. — Deu uma piscadela safada. — Te convidei porque sim.

— "Porque sim" não é resposta — retorqui.

Ele me ignorou e continuou a falar.

— Considere este o seu dia de princesa. Peça o que quiser, faça o que quiser, por minha conta. Não se preocupe com nada. Permanecerei como observador... A menos que queira minha companhia para se divertir. Nesse caso, me verei obrigado a colaborar.

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora