20) Como foi o encontro?

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Eu queria muito perder a virgindade

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Eu queria muito perder a virgindade. Muito. Depois de tanta propaganda positiva da parte de Yudi, enchi-me de expectativas. Esperava um primeiro encontro impecável com um final feliz. Então, mantive uma atitude otimista frente ao que a noite me reservava.

Fui me encontrar com o Dubois. Ele havia marcado um jantar em um desses restaurantes chiques da cidade. Yudi me repassara todos os detalhes que eu deveria saber, tanto para chegar lá quanto para passar um tempo de qualidade com seu amigo.

Quando eu cheguei, ele já estava lá, na mesa reservada em seu nome. Levantou-se e puxou minha cadeira, como o completo cavalheiro que era, e, ao se sentar novamente, disse:

— Você tá maravilhosa — elogiou-me e beijou a minha mão, como mandava o manual.

— Você também não é de se jogar fora — retribuí o elogio ao meu modo e acabei o deixando sem graça.

Para disfarçar, ele chamou o garçom, analisou a carta de vinhos, e, sem muitos rodeios, pediu uma garrafa. Com a chegada do vinho, brindamos a nós e bebemos cada um a seu modo. Eu, como uma degustadora casual, e sem freios quanto à quantidade. Ele, como um sommelier, conceituado e comedido.

Ele era bastante consciente, isso eu tinha de admitir (até admirar). Dosou bem a quantidade de álcool que ingeriu, pois iria trabalhar no dia seguinte e não queria ter prejuízo na produtividade por enfrentar uma ressaca, assim se justificou.

No entanto, não sabia ser ponderado em outros departamentos. Perdemos um tempo considerável por ele ter alugado o cardápio e não conseguido se decidir logo quanto ao prato principal.

Nesse ínterim, coloquei para dentro umas três taças de vinho só para matar o tempo — que passava tão devagar quanto uma tartaruga em câmera lenta. Graças ao álcool, fiquei mais alegre do que esperava estar àquela altura, mas disfarcei bem (creio eu).

Quando ele finalmente se decidiu e chamou o garçom, dei uma golada generosa no vinho para comemorar. A tensão abandonou meus ombros ao ver nossos pedidos serem anotados. Enfim eu podia relaxar... ou quase isso. Ainda havia outra longa espera adiante.

Enquanto esperávamos pelos nossos pratos, ele resolveu puxar conversa.

— Diga aí. — Dubois assentou o guardanapo em seu colo. — O que você gosta de fazer no seu tempo livre?

— Pintar, bordar — contei sobre meus hobbies — e assistir filmes de terror — acrescentei, desta vez sem me esquecer do gosto que eu adquirira por meio de Yudi.

Nunca antes havia parado para pensar que havia ganhado um hobby novo por conta dele, que uma das coisas mais recorrentes nas minhas atividades não relacionadas ao trabalho era tomar susto com algum assassino em série inventado ou entidade fictícia.

Era curioso como eu não percebera os efeitos do "toque de Yudi" em minha vida, sendo que, naquele exato momento, eu estava saindo com um homem que ele me arranjara. Talvez eu houvesse me tornado bastante seletiva quanto às minhas percepções.

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora