14) O que houve?

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Eu havia me esquecido completamente daquela porra de evento beneficente

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Eu havia me esquecido completamente daquela porra de evento beneficente. Esquecera porque, em verdade, eu estava cagando e andando para qualquer coisa organizada pela minha cunhada/projeto de prefeita. Infelizmente, o fato de eu ignorar as informações vindas daquela criatura não anulava a obrigatoriedade da minha presença.

"Família em primeiro lugar" era um dos lemas da campanha dela. Não seria eu quem contrariaria isso e, em consequência, ganharia o ódio da família como forma de retaliação. E, se tratando de família, eu não poderia me esquecer da nova membra da casa Takahashi, Tatiana, minha namorada legítima.

Agoniado pelo meu esquecimento, pela necessidade convidá-la de última hora, liguei para ela com urgência.

— Preciso de você hoje — revelei sem demora.

— Hoje não vai dar — afirmou, curta e grossa.

— Como assim não vai dar? — exaltei-me. — Não se esqueça do contrato...

— Eu pago a desgraça da multa — disse ela, ríspida. — Só não me peça pra fazer coisa alguma hoje.

— Mas é que... — Tentei me explicar. Ela desligou na minha cara.

Eu fiquei verdadeiramente puto. Até resolvi tirar satisfações. Dispensar-me assim, sem uma justificativa plausível, não dava. Não me descia. Naquele mato tinha cachorro e eu descobriria de qual espécie o bicho era.

Fui bater no condomínio dela e, a muito custo, subornando o porteiro porque ela não queria permitir que eu subisse, consegui acessar seu apartamento. Esmurrei a porta e chamei seu nome, ameacei gritar mais alto inclusive, berrar até que ela me atendesse. Quando fui atendido, desejei não ter perturbado tanto.

— Caralho! O que aconteceu contigo? — Entrei sem ser bem-vindo e tomei seu rosto em minhas mãos.

Ela afastou-se com delicadeza, decerto para não se machucar ainda mais.

— A vida que eu escolhi aconteceu comigo. — Fungou alto e secou o nariz com um lenço descartável. Pelo visto, ela havia chorado bastante, até seu olho são estava inchado.

Quanto mais eu olhava, pior parecia. O rosto de Tatiana estava arrasado. Seu supercílio sangrava, seu olho estava roxo, havia cortes em sua bochecha e no canto da boca. O filho da puta não tava pra brincadeira.

— Cê escolheu uma péssima hora pra me ligar. Pra aparecer também — apontou ela. — Cheguei agorinha, nem tive tempo de me limpar — informou, como quem justificasse o péssimo estado no qual se encontrava.

Fiquei todo sem graça pela maior bola fora que eu havia dado na vida — e olha que eu dava muitas bolas foras por conta do meu jeito inconveniente de ser.

— Desculpe a falta de noção. Eu devia ter ficado na minha depois que você desligou. Foi mal mesmo. — Embolei uma palavra na outra, tamanha fora a urgência para pedir desculpas. — Melhor eu ir embora agora — concluí.

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora