26) Só uma conversa?

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Eu decidi me abrir para um degenerado reformado

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Eu decidi me abrir para um degenerado reformado. Não sei se foram as cartas ruins em minhas mãos — nem um par sequer consegui — ou a cachaça anuviando minha mente, mas decidi. Tinha algo em meu peito que precisava sair, ser verbalizado, talvez até mesmo gritado a plenos pulmões, e Igor Asimov seria o homem escolhido para escutar minhas confissões.

Straight flush. — Igor exibiu suas cartas, depositando a sequência do mesmo naipe sobre a mesa, com a invejável segurança de quem sabia que tinha a melhor mão.

Logo em seguida, cartas foram sendo jogadas à mesa com franco desapontamento ou até mesmo raiva daqueles que não aceitavam perder (vulgo Dubois). As bebidas, por sua vez, dobravam-se nos copos, acompanhando as derrotas — e triplicavam-se no copo do vencedor.

Aquele era mais um dos muitos encontros usuais dos Cinco Fabulosos. Mais uma noite do pôquer na qual o sr. Inexpressivo ganhava a maioria das partidas. Embora não sorrisse (ou demonstrasse qualquer emoção com tanta frequência, para começo de conversa), Asimov estava radiante com sua série de vitórias.

Aquele era um bom momento para abordá-lo e ter uma conversa de gente grande. Como nunca me dediquei a conversas sérias, não sabia por onde começar. Abandonei-me no sofá ao lado dele, fazendo barulho o suficiente para interromper suas maquinações de campeão, e optei por ir direto ao assunto. O Asimov não era de conversa fiada de qualquer forma.

— Acho que nunca gostei tanto de foder em toda a minha vida — confessei. Assim mesmo, do nada.

— Calma lá, pica de mel. Como é mesmo essa história? — Asimov se serviu de um bourbon, cruzou a perna e virou-se para mim, se acomodando no assento.

Estava interessado no assunto, para a surpresa de ninguém. Sexo para ele não era a resposta para tudo. Sexo era a pergunta. A resposta era "sim". Sempre. Percebi de imediato que havia começado o diálogo do jeito certo (do jeito que prenderia sua atenção).

— A minha... — não sabia se devia chamá-la de namorada num desabafo tão sincero quanto aquele, não parecia certo envolver mentiras quando tudo o que eu mais queria era falar a verdade. — Tatiana... Ela me afeta. Bastante. É um negócio fora do normal. Com ela, não preciso de mais nada pra me satisfazer. Isso é... estranho.

Para meu espanto, Asimov sorriu. Não foi o seu típico sorriso contido. Ele mostrou os dentes. Eu não estava preparado para essa reação. Foi inesperadamente agradável vê-lo se divertindo — ainda que a minha custa.

— Se amolece o coração e endurece o pau, esquece. É ela — determinou Igor, com a maior convicção do mundo.

— É ela o quê? — Arqueei uma sobrancelha. Aquilo não me cheirava bem. Havia alguma pegadinha. Devia ser por isso que ele estava tão serelepe.

— "O que" o quê? Não se faça de sonso, MD. Comigo não funciona — apontou, defensivo. — É ela, caralho. A mulher da sua vida.

— Ah, para, né! — Meneei a cabeça em reprovação. — Ô Asimov, brincando a essa hora? Tá piadista, pai. — Continuei em negação. — Mulher da minha vida — murmurei. — Tsc! — Estalei a língua. — Isso aí é história. Nem você acredita no que disse!

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