Eu tinha uma tatuagem na bunda. TDAVH. As iniciais de todos os membros dos Cinco Fabulosos.
Não significava que todos frequentaram minha bunda. Ainda bem. Aliás, ninguém tinha frequentado (deixando isso claro). Por outro lado, todos eles moravam no meu coração. Era isso que a tatuagem representava.
Ela significava que eu amava cada um daqueles arrombados. Cada letra tinha um significado especial para mim. E o conjunto delas representava nossa amizade como um todo. Uma amizade com seus altos e baixos.
Primeiro vinha eu, porque nem na tatuagem eu podia esperar e vir por último. O Dubois me seguia na ordem e na vida. Depois dele vinha o Asimov. Juntos, formávamos as três primeiras letras da sigla. Juntos tocamos o terror por muitos anos.
Fosse nas sessões de cinema para consolar o choro do Dubois em filmes tão dramáticos quanto ele ou nas mais insanas festas para acompanhar o Asimov na bebedeira (e enfiar a boca no rabo de uma estranha para beber cachaça direto da fonte, no meu caso), nós permanecíamos juntos para o que desse e viesse.
Por fim, vinham meus pais, meu casal, Vacchiano e Hoffmann, com sua união estável muitíssimo exemplar e melhor do que muitos casamentos.
Vacchiano era o pai severo, que dizia "não" antes mesmo de ouvir a pergunta e, ainda assim, conseguia ser a alma mais justa e honesta que eu já conheci. Hoffmann era o pai descolado, que se misturava com os jovens e comprava cerveja para mim quando eu não tinha idade suficiente para isso.
Poder dizer que os conhecia bem e compartilhava toneladas de memórias com eles eram os pontos altos. Os baixos não existiam em abundância, mas eram do tipo que causava terrores noturnos. Neste limbo de coisas inomináveis, estava uma maldita suruba.
Ideia brilhante do Asimov. O desgraçado achara que só porque ele trabalhava com a proporção 4:1, na qual ele tinha o benefício de ter 4 mulheres ao seu dispor, a mesma dinâmica serviria para 5 homens compartilhando 2 mulheres. Essa foi a gênese de todo o trauma.
Não bastasse o tremendo manja rola que acidentalmente me tornei com tantas idas ao clube e banhos no vestiário depois do baba, tivemos uma experiência grupal desastrosa na minha casa da ilha — que ampliou minha experiência de observador.
O pior de tudo: não fora nem a nudez coletiva que me deixara impactado. O conforto que tínhamos com os nossos corpos, o excesso de intimidade ou o simples poder do "foda-se" nos deixara acostumados uns aos outros. O problema fora assistir aos meus amigos performando o ato.
Show de horrores era pouco para definir aquilo.
Asimov metia como quem queria encontrar petróleo na boceta da moça. Vacchiano era outro destruidor de xerecas, bruto que só, botava com uma raiva sem igual. Hoffmann não saía da posição "consumando casamentos no século XX", um papai e mamãe eterno, compatível com o dobro da real idade dele. E o Dubois não fodia (com força), ele fazia amor.
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Luz Vermelha
Romance+18 | Tudo que Yudi Takahashi mais quer é curtir a vida como se não houvesse amanhã. Mas querer não é poder. A sua realidade exige outra coisa dele. Sua família exige outra coisa. Arranjar uma esposa está entre as muitas exigências "veladas" de seus...