1) Quem você encontra no Risca Faca?

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Eu morava em boates

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Eu morava em boates. Minha vida de balada exigia isso. Hoje não seria diferente. Estava no Risca Faca, minha casa noturna favorita, com os outros membros dos Cinco Fabulosos, meus amigos favoritos.

Estávamos quietos demais para o meu gosto. Aquela mesa já fora mais agitada, já tivera uma mulher para cada homem. Ou melhor, quatro para Igor Asimov e uma para os meros mortais. Hoje ela mais parecia uma mesa de pais de família socializando num boteco.

Talvez fosse porque um deles seria pai de família em breve. Otto Hoffmann, dono do Risca Faca e o melhor anfitrião dentre todas as casas noturnas do país na minha opinião — e não só porque era meu amigo —, teria um filho daqui a poucos meses.

Oito anos mais velho que eu, Hoffmann era um paizão para mim. Para todos os outros também, podia garantir. Mas era um pai descolado, que abria as portas de sua boate para consumirmos o que bem entendêssemos sem gastar nem um centavo, nos dava a liberdade de usar cada centímetro da área VIP como quiséssemos, nos mimava.

Agora os mimos haviam acabado. E a culpa não era somente do futuro papai biológico. Os números eram maiores. Mais de um senhor casado ocupava aquela mesa antes destinada a solteirões inveterados. Isso, por si só, dava um banho de água fria nos últimos dois solteiros do bando.

Além de não mais chover mulher naquela horta, tivemos baixas até nas atividades que costumávamos fazer juntos. Sempre tinha um entrave no meio para impedir nossos rolês. Era impressionante. Melhor dizendo, previsível. Era extremamente previsível (e compreensível) trocar um grupo de machos por uma mulher gostosa.

Eu não os condenava, de verdade. Às vezes até os invejava. Mas só às vezes. Em alguns momentos, a ideia de ter alguém me esperando em casa, prontinha para dar ou, caso indisposta, assistir a uma bela maratona de filmes slashers e, depois, dormir de conchinha era tentadora. Contudo, não era para mim.

Meu negócio era putaria. Não apenas no sentido sexual. Era algo mais abrangente. Uma espécie de rebeldia minha. Uma rebeldia que estava sendo podada pelo novo estilo de vida dos arrombados que eu chamava de amigos. Um rebanho de malas que nem sequer conseguia fazer as coisas como antes. Resolver-nos era uma dessas coisas.

— Ouvi dizer que os Blair tão querendo revanche — comentou Vacchiano, abrindo mão de sua costumeira seriedade para dar um sorriso franco.

— A gente poderia marcar o baba pra esse domingo. O que cês acham? — propôs Hoffmann.

— Domingo não vai dar — Asimov se pronunciou.

— Qual foi desta vez? — Dubois suspirou, nada ansioso desculpa da vez.

— Ando muito ocupado — Igor apresentou sua justificativa porca.

Eu sabia que ia aparecer um pra empatar. Eu sabia! Destá que eu vou pegar no pé desse vagabundo. Ele acha que não sei das coisas?

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora