6) Quem é essa aí, papai?

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Eu quase entrei em pânico quando atendi aquela ligação

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Eu quase entrei em pânico quando atendi aquela ligação. Estava de sobreaviso em relação a receber uma chamada a qualquer instante. Só não esperava que Yudi fosse entrar em contato tão cedo.

Precisei reorganizar todas as minhas tarefas do dia. Até cancelei um cliente para poder me preparar para dar vez àquela farsa. Mexi nas coisas da minha vida para me meter nas coisas da vida dele. Maldita hora em que aceitei este trabalho!

Graças a ele tive de passar pela humilhante experiência de comprar roupa e sapatos em lojas de grifes, onde fui destratada da entrada até o caixa e somente na hora do pagamento, da "transação aprovada", subi de nível e comecei a ser tratada como uma consumidora digna de atenção (no bom sentido).

No fim do dia, depois de perambular por muitas lojas e fazer as mais diversas compras necessárias para estar impecável na hora do jantar, eu estava acabada. Apenas deixei as sacolas de compras num canto do meu quarto, me joguei na cama e fiquei encarando o teto.

Por que eu aceitei aquilo? Essa foi a primeira pergunta que me veio à mente após meditar um pouco sobre os últimos ocorridos.

Precisava confessar, devia ser pelo motivo mais bobo da história, por ele ser o homem mais lindo que já vi na vida. O que era algo bastante enviesado, parando para pensar, diante da minha falta de experiência no quesito beleza masculina.

Não era comum que eu me deparasse com galãs fora de um cinema ou longe da tela de uma televisão. No meu ramo, não lidava com muitos homens bonitos. Vez ou outra, aparecia um cliente mais agradável aos olhos, mas nunca propriamente bonito.

Em comparação aos homens que eu conhecia, através e fora do trabalho, ou de forma independente, Yudi Takahashi era um homem lindo. Um simples vislumbre daquele rosto delicado, uma encarada de seus olhos escuros, oblíquos e penetrantes, um toque nos fios de seu sedoso cabelo negro que chegava à altura dos ombros e eu ficaria mansinha.

Aliás, só de mentalizar sua fisionomia a fera que habitava em mim se amansou. Deixei para lá os estresses da maratona de compras e procurei focar nos outros aspectos daquela arrumação, mais especificamente em como colocar em prática meus planos (feitos de acordo com as instruções recebidas).

Não estava muito preocupada com meu repertório de conversas à mesa, tinha uma boa noção de conhecimentos gerais. Assistia à telejornais e lia artigos de páginas conceituadas todo santo dia. Eu sabia o que estava acontecendo no Brasil e no mundo. Não seria pega desprevenida.

A única real ameaça era a minha aparência — inaceitável aos olhos de gente como os pais de Yudi. Precisei empenhar maiores esforços para me adequar ao visual exigido pelo contratante.

Com o dinheiro que ele me deu para cobrir as despesas colaterais, além de roupa e sapatos, comprei uma peruca lace front das boas, extremamente realista e idêntica ao meu cabelo natural (antes das aventuras com cortes e tinturas).

Luz VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora