𝟎𝟏

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Início de março de 2007.

Novo mês, novo ciclo, nova vida.

Catherine Middleton estacionou seu carro na entrada da RAF Brize Norton e respirou fundo. O sol de março iluminava a base, mas o ar ainda carregava um frio leve, típico do início da primavera. Ela olhou para os imponentes hangares e aviões espalhados ao longe, tentando acalmar o turbilhão que tomava conta de seu peito. Era o primeiro dia de um novo trabalho, em uma nova cidade, e embora fosse exatamente o que queria, não podia negar o nervosismo que sentia.

Ela havia trabalhado muito para chegar ali, sendo uma das controladoras de voo mais promissoras da sua equipe anterior. Organizada, comprometida e focada, Catherine sabia que tinha as habilidades necessárias para se destacar. Mesmo assim, o peso de começar do zero em um ambiente completamente novo parecia maior do que ela esperava.

— Vai dar tudo certo, — disse a si mesma enquanto ajustava o casaco e pegava sua bolsa no banco do passageiro. Ao sair do carro, sentiu o frio no rosto e puxou o ar profundamente. O novo começo a esperava. Mas junto com a empolgação, havia uma ansiedade sutil e incômoda. Ela queria se provar, queria que todos ali vissem que ela merecia o lugar que havia conquistado.

No fundo, porém, não era só o trabalho que pesava em seus pensamentos. Seu relacionamento com Rupert estava por um fio, e as últimas semanas foram uma sucessão de silêncios desconfortáveis e indiferença. Catherine esperava que essa mudança pudesse dar a ambos o espaço que precisavam para reavaliar o que ainda existia entre eles — se é que algo restava. Ela já não tinha mais certeza.

Entrando pelos portões da base, foi recebida pelo barulho distante de motores e vozes animadas ao redor. Homens e mulheres em uniformes da RAF passavam por ela, alguns lançando olhares curiosos à nova funcionária. Mas ela manteve a cabeça erguida, os passos firmes, como se estivesse no controle de tudo. Por dentro, no entanto, sentia a mistura de excitação e apreensão. Ela estava pronta para enfrentar o que viesse, mas não conseguia afastar aquela sensação estranha de que o desconhecido traria mais desafios do que esperava.

— Vamos, Catherine. É só o começo, — murmurou para si mesma, entrando no prédio que, a partir de hoje, seria seu novo mundo.

O Chefe de Controle Aéreo, Líder de Esquadrão James Thompson, estava à espera de Catherine quando ela entrou no prédio principal da base. Com sua postura ereta e uniforme impecável, ele parecia a própria personificação da disciplina militar. Catherine sentiu o peso da responsabilidade ao ser recebida por alguém de sua patente, mas a firmeza em seu olhar não demonstrava hesitação.

— Middleton, certo? — disse o líder de esquadrão, estendendo a mão para cumprimentá-la com um aperto firme. — Seja bem-vinda à Brize Norton.

— Sim, senhor. Obrigada — respondeu Catherine, mantendo sua postura formal.

Thompson fez um gesto para que ela o seguisse, e eles caminharam pelos corredores movimentados da base.

— Já ouvi falar muito sobre sua eficiência, Middleton. Esperamos que traga sua experiência e organização para nossa equipe aqui. — Sua voz era séria, mas não desprovida de um leve tom de acolhimento.

— Farei o meu melhor, senhor — respondeu ela, tentando esconder a ansiedade.

Eles pararam diante de uma porta com uma placa indicando “Vestiário Feminino”.

— Aqui é onde você pode trocar seu uniforme — disse Thompson. — Assim que estiver pronta, me encontre na torre de controle. Quero apresentá-la à equipe e passar pelo briefing matinal antes do seu primeiro turno. Temos muito o que cobrir.

Catherine assentiu e entrou no vestiário, sentindo a realidade do momento finalmente se aproximar. Trocar para o uniforme oficial da RAF sempre trazia uma mistura de orgulho e responsabilidade, mas hoje parecia ainda mais significativo. Era o primeiro dia, a primeira impressão, e ela sabia que cada detalhe contava.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora