𝟏𝟒

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William esperou por Catherine por um bom tempo, naquele cantinho discreto onde sempre se encontravam. O pôr do sol pintava o céu com tons quentes e dourados, mas ele mal conseguia apreciar a beleza do momento; algo não parecia certo. Catherine nunca fora de marcar um encontro e depois simplesmente cancelar, especialmente sem aviso. Ele conhecia seu jeito: ela era pontual, comprometida e direta. Se havia mudado de ideia, teria dito.

Depois de aguardar mais alguns minutos, William sentiu a preocupação crescendo. Pegou o celular e ligou para ela, tentando se convencer de que era apenas uma questão de trabalho, talvez uma emergência de última hora.

O telefone tocou algumas vezes antes de cair na caixa postal. Ele franziu o cenho, hesitando, e então decidiu tentar mais uma vez. Mais uma vez, foi direto para a caixa postal. Algo realmente parecia errado, e ele não conseguia evitar um certo incômodo. Com um suspiro, ele guardou o telefone, o olhar ainda preso no caminho por onde esperava que ela viesse.

Enquanto a noite caía, uma mistura de frustração e preocupação tomava conta dele. William sabia que Catherine sempre tinha algo mais em mente, que nunca se deixava levar facilmente, mas aquela mudança repentina deixava um vazio, uma sensação de que algo maior estava acontecendo ― algo que ela não estava disposta a compartilhar.

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William estava sentado no bar do pub, girando o copo de bebida nas mãos, observando o líquido âmbar se mover em círculos. Escolhera um pub fora do circuito usual da base, onde dificilmente encontraria rostos familiares. Era bom para ele estar ali, anônimo entre as pessoas, sem ter que lidar com olhares curiosos ou perguntas sobre o que quer que estivesse acontecendo em sua vida. O lugar estava movimentado, cheio de grupos de amigos e colegas que riam e conversavam após o expediente. De vez em quando, ele percebia um olhar interessado de alguém ou um grupo de mulheres rindo na mesa ao lado. Em outra época, ele provavelmente já estaria envolvido em uma conversa animada, quem sabe até planejando terminar a noite com alguma companhia.

Mas, naquela noite, nada disso lhe interessava. Sua mente estava em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Catherine.

Ela deveria estar ali com ele, talvez sentada ao seu lado, trocando provocações como de costume, com aquele sorriso discreto que sempre mexia com ele. Em vez disso, ele estava sozinho, com um copo de uísque e um vazio que parecia crescer a cada minuto. Ele tentava entender por que ela não havia aparecido. Sabia que algo devia tê-la impedido ― Catherine não era de simplesmente sumir. Mas o que, exatamente? Será que ela se sentia pressionada? A incerteza o deixava inquieto.

William suspirou, dando mais um gole, sentindo o calor da bebida descer pela garganta, mas sem o conforto que geralmente trazia. Catherine era diferente. Não era apenas uma distração passageira. Ela havia conseguido quebrar suas barreiras, desafiá-lo de uma forma que ninguém mais conseguia. E agora, ela estava escapando, como se a conexão que tinham construído estivesse ameaçada por algo que ele mal podia entender.

Apoiou o cotovelo no balcão, olhando fixamente para o copo. Não sabia o que era mais frustrante: o fato de que ela não estava ali ou o fato de que, mesmo em meio à confusão em sua vida, ele ainda se importava tanto.

De repente o telefone de William vibrou sobre o balcão, interrompendo seus pensamentos. Ele olhou para a tela e, ao ver o nome de Catherine, sentiu um misto de alívio e irritação. Atendeu imediatamente, sem disfarçar a frustração na voz.

― Finalmente decidiu ligar, ― ele disse, tentando conter a impaciência. ― Achei que não fosse mais aparecer hoje.

Do outro lado, Catherine respondeu em tom cauteloso.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora