𝟎𝟔

213 27 207
                                    

O choque inicial que congelou Catherine no lugar rapidamente deu lugar a uma explosão de emoções. O ódio tomou conta de cada parte do seu corpo, e o nojo subiu pela garganta como uma onda ácida. Sem pensar, ela deu um passo para dentro do quarto, os olhos fixos na traição desavergonhada que estava ali diante dela. O grito que saiu da sua garganta foi puro desespero e raiva.

― Seu desgraçado! Como você pôde, Rupert? Como você teve a audácia de fazer isso na nossa cama? ― ela gritou, a voz falhando por causa da mistura de dor e fúria.

Rupert, que até então estava atordoado pela entrada repentina de Catherine, começou a gaguejar uma resposta, mas não tinha nada a dizer que pudesse remediar o estrago que ele havia causado.

― Eu posso explicar... ― começou ele, mas Catherine não queria ouvir.

― Explicar o quê? Como você é um traidor? Como você trouxe essa... essa vagabunda pra nossa casa? Na minha cama! ― Catherine interrompeu, sua voz esganiçada e trêmula de raiva. Ela olhou para a mulher, que tentava se cobrir com o lençol, encolhida no canto da cama, sem conseguir encarar a tempestade que se desenrolava.

Sem pensar, Catherine começou a bagunçar tudo ao redor. Ela puxou os travesseiros, jogou-os no chão, pegou as roupas de Rupert que estavam na cadeira e arremessou-as contra a parede. O quarto, antes um espaço seguro, agora parecia um cenário de caos, como se refletisse o turbilhão de sentimentos que a consumia.

― Você é um lixo, Rupert! Um merda de homem! ― Ela se virou para ele, avançando com passos duros. ― Eu te dei tudo! E é assim que você me agradece? Na minha casa? Com... com essa?

A mulher desconhecida, que até então não havia dito uma palavra, tentou se levantar da cama, mas Catherine a interrompeu, a voz firme e cheia de desprezo.

― Nem se atreva a sair daqui como se fosse a vítima! ― gritou Catherine. ― Você sabia o que estava fazendo! Você sabia que ele tinha alguém, e mesmo assim veio pra cá! Eu devia expulsar os dois a pontapés!

Rupert finalmente tentou se defender, mas sua voz era uma mistura patética de desculpas e justificativas fracas.

― Catherine, por favor... eu não queria que fosse assim... ― ele disse, com a voz fraca e as mãos levantadas em um gesto de súplica.

― Não queria que fosse assim? ― Catherine repetiu, incrédula, sua voz subindo ainda mais de tom. ― O que você queria então? Me enganar pra sempre? Trazer essa mulher pra minha casa enquanto eu me mato no trabalho? É isso que você queria?

O nojo a dominava, e as lágrimas que ela tentava segurar começaram a cair. Era como se cada palavra que Rupert dissesse fosse um novo golpe, machucando ainda mais profundamente o que já estava despedaçado. Ela pegou uma fotografia dos dois que estava no criado-mudo e arremessou-a contra a parede, o vidro estilhaçando no impacto.

― Isso é o que você fez com a gente, Rupert! Quebrou tudo! E eu vou garantir que você nunca mais pise aqui!

Ela avançou em direção à porta, agora determinada a expulsá-lo dali.

― Sai da minha casa! Sai da minha vida! ― Catherine gritou, apontando para a porta com o rosto vermelho de raiva e dor.

A raiva que consumia Catherine era quase palpável. Cada músculo do seu corpo estava em alerta, impulsionado por um ódio que ela nunca havia sentido antes. Sem pensar, movida apenas pela pura fúria que dominava seu ser, ela avançou para cima de Rupert e da mulher, empurrando-os sem piedade.

― Saiam da minha casa! Os dois! Agora! ― ela gritou, sua voz ecoando pelas paredes enquanto empurrava Rupert com tanta força que ele cambaleou até a porta, completamente pelado e atordoado com a explosão dela. A mulher, ainda se encolhendo no canto da cama, tentou cobrir o corpo com o lençol, mas Catherine estava além de qualquer decência ou paciência.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora