𝟏𝟔

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Catherine caminhou pela casa de William em silêncio, os pés descalços fazendo pouco barulho contra o piso frio. A madrugada estava quente, e a camisa dele que ela usava, claramente grande demais para ela, caía de um jeito confortável, cobrindo-a até a metade das coxas. Quando chegou à cozinha, abriu a geladeira, o brilho frio iluminando seu rosto enquanto ela olhava os itens dentro.

Os olhos de Catherine se detiveram por alguns segundos. A geladeira de William era exatamente o que ela esperava: organizada, mas básica. Garrafas de água, algumas latas de refrigerante, muitas garrafas de cerveja, ovos, queijos e um ou outro pote de comida que provavelmente era comprado pronto. Ela revirou os olhos com um leve sorriso, pensando em como ele sobrevivia com aquilo.

Ela abriu o armário ao lado e viu um contraste completo: chocolates, pacotes de biscoitos, salgadinhos e algumas latas de macarrão instantâneo.

― Claro, ― ela murmurou para si mesma, pegando um pacote de biscoitos e colocando-o sobre o balcão. ― O cara pode até pilotar um avião, mas manter uma dieta decente? Esquece.

Voltando à geladeira, ela procurou algo mais leve, talvez um iogurte ou alguma fruta, mas não encontrou nada.

De repente, ela ouviu passos atrás dela, seguidos por a voz preguiçosa de William.

― Achou alguma coisa interessante aí?

Catherine se virou rapidamente, surpresa, e lá estava ele: William, encostado no batente da porta da cozinha, vestindo apenas uma cueca preta, os cabelos bagunçados e o corpo relaxado, mas ainda assim incrivelmente atraente. Ele a olhava com aquele sorriso que fazia seu estômago revirar.

― Você não tem nada que preste nessa cozinha, ― ela respondeu, cruzando os braços, mas a camisa larga de William balançava com o movimento, expondo mais das suas pernas do que ela percebia. ― Nem uma fruta. Como você sobrevive?

Ele deu um passo à frente, ainda sorrindo.

― Com charme e carisma, Middleton. E com as besteiras que você acabou de achar no meu armário.

Ela revirou os olhos, pegando o pacote de biscoitos.

― Isso aqui? É a sua ideia de comida?

― Isso aí, ― ele apontou para o pacote, pegando um para si. ― e talvez um macarrão instantâneo às vezes. Quer que eu prepare um banquete agora ou você prefere continuar reclamando?

Catherine riu, encostando-se ao balcão e abrindo o pacote de biscoitos.

― Você é impossível, sabia?

― E você parece confortável demais na minha casa, ― ele disse, com o olhar percorrendo lentamente a camisa que ela vestia. ― Não que eu esteja reclamando.

Ela sentiu o rosto esquentar, mas manteve o tom despreocupado.

― Eu só queria algo decente pra comer, mas agora vejo que vou ter que te ensinar a fazer compras.

William riu, pegando outro biscoito.

― Eu aceito ajuda, mas só se você não reclamar de tudo que eu colocar no carrinho. E sim, isso inclui chocolates e cervejas.

― Você tem quase trinta anos e come como um adolescente, ― ela provocou, mas o sorriso em seus lábios traía qualquer crítica.

Ele se aproximou mais um passo, agora quase ao lado dela, a cozinha iluminada apenas pela luz da geladeira aberta. Catherine podia sentir o calor dele, o olhar confiante que ele sempre tinha.

― E você, ― ele começou, inclinando-se ligeiramente para ela, ― fica bem demais nessa camisa. Eu nem sei se quero ela de volta.

Ela riu, empurrando-o levemente pelo ombro, mas sua risada era tão natural quanto a provocação dele.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora