78- Casa Comigo

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Ele desaparatara para o desconhecido. Só lhe restava repetir o nome de Helena, que estava agarrada em seu braço, seu aperto afrouxava na medida em que o esforço da apartação recaía sobre ela. A dor em sua testa transpassava-o, e o peso do duende o sobrecarregava. Sentia a espada de Gryffindor bater contra suas costas, a mão de Dobby puxou a dele. Harry imaginou que o elfo talvez estivesse querendo assumir a desaparatação, levá- los na direção certa, e tentou, apertando seus dedos, indicar que concordava. Eles, então, pisaram em terra firme e sentiram um cheiro de salinidade no ar. Harry ajoelhou-se, largando a mão de Dobby e tentando baixar Grampo gentilmente no chão. Helena se soltou e cambaleou para longe, segurando o ombro esquerdo.

— Você está bem? — perguntou, quando o duende se mexeu, mas Grampo apenas gemeu.

Harry apertou os olhos para enxergar na escuridão. Parecia haver um chalé a uma curta distância, sob um vasto céu estrelado, e ele achou que via um movimento do lado de fora.

— Dobby, aquele é o Chalé das Conchas? — sussurrou, segurando as duas varinhas que trouxera da casa dos Malfoy, pronto para lutar, se fosse necessário. — Viemos para o lugar certo? Dobby?

Ele olhou para os lados. O pequeno elfo estava a alguns passos apenas.

— Dobby?

O elfo oscilou levemente, as estrelas se refletiram em seus grandes olhos brilhantes. Juntos, ele e Harry olharam para o cabo de prata da faca espetada no peito arfante do elfo.

— Dobby... não... SOCORRO! — berrou Harry em direção ao chalé, às pessoas que se moviam lá. — SOCORRO!

Ele não sabia nem se importava se eram bruxos ou trouxas, amigos ou inimigos; só se importava com a mancha escura que se espalhava pelo peito de Dobby, e que o elfo estendera os braços finos para Harry com um olhar súplice. Harry segurou-o e deitou-o de lado no capim fresco. Helena se aproximou, segurando o braço e o ombro machucados enquanto se ajoelhava ao lado deles.

— Dobby, não, não morra, não morra...

Os olhos do elfo encontraram os seus e seus lábios se mexeram em um esforço para formar palavras.

— Harry... Potter... Que lugar lindo para estar... Com os amigos.

E, então, com um tremor, o elfo ficou muito quieto e seu olhos eram apenas grandes globos vítreos salpicados com a luz das estrelas que eles já não podiam ver.

[...]

Harry aconchegou o elfo em seu blusão. Rony sentou-se na beira da cova, tirou os sapatos e as meias e colocou-os sobre os pés descalços do elfo. Dino conjurou um chapéu de lã, que Harry pousou com cuidado na cabeça de Dobby, abafando suas orelhas de morcego.

— Devíamos fechar os olhos dele. — disse Luna.

Harry não ouvira os outros se aproximarem no escuro. Gui estava trajando uma capa de viagem; Fleur, um grande avental branco, com um bolso do qual saía uma garrafa em que Harry reconheceu a Esquelesce. Hermione veio embrulhada em um robe emprestado, pálida e vacilante; Rony abraçou-a pela cintura, quando ela se achegou. Helena não viera. Luna, que se agasalhara com um dos casacos de Fleur, agachou-se e colocou carinhosamente os dedos sobre as pálpebras do elfo, fechando-as sobre o seu olhar vidrado.

— Pronto. — disse baixinho. — Agora ele poderia estar dormindo.

Harry colocou o elfo na cova, ajeitou suas perninhas, para parecer que estava descansando, então saiu e contemplou, uma última vez, o pequeno corpo. Esforçou-se para não cair no choro ao se lembrar dos funerais de Dumbledore, das muitas fileiras de cadeiras douradas com o ministro da Magia sentado à frente e a enumeração dos feitos de Dumbledore, a magnificência do túmulo de mármore branco. Sentiu que Dobby merecia um funeral igualmente pomposo, contudo, o elfo jazia entre moitas e arbustos, em um buraco toscamente cavado.

𝑆𝑊𝐸𝐸𝑇 𝐿𝐼𝐿𝑌 • HARRY POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora