A única amiga verdadeira que Satoru já teve foi uma garota chamada S/N, que compartilhou a maior parte da infância com ele.
Se lembra que ela não era de um clã muito renomado, e por isso não podia levá-la para sua casa e nem deixar alguém descobrir sua amizade. Então, sempre que saia de casa, ia de encontro a casa da garota escondido sem nenhuma supervisão.
Ser um grande xamã era realmente uma tarefa bem difícil para uma criança de apenas 8 anos de idade, trazendo responsabilidades que nem mesmo ele sabia ser capaz. Além do fato de ser sempre vigiado e ter ao seu redor pessoas falsas que só se importavam com seu poder.
Com S/N era diferente.
Seus pais eram dois feiticeiros desconhecidos, mas amigáveis. Tinham abandonado o mundo jujutsu apenas para criar sua filha longe das ameaças constantes. Gostava de passar o tempo com eles, como se fosse sua segunda família.
Entretanto, em um dia que pensava ser qualquer como todos os outros, Satoru olhou abismado para a casa vazia a sua frente.
Não tinha ninguém e nem um sinal de vida, como se simplesmente tivessem desaparecido daquele local sem rastros.
Sua família era tão descreta que não tinha nenhum tipo de informação sobre eles, como se fossem humanos normais como o resto. Mesmo assim, não sentia que estavam mortos e nem mesmo tinha um desprezo por eles.
Só queria a reencontrar novamente, contudo sentia que não seria mais possível depois de todos esses anos.
Foi o que ele pensou durante esse longo tempo, até te ver novamente. No campus da escola Jujutsu, como se nada estivesse acontecendo.
No começo, achou que ali era um fantasma. Ou talvez só uma pessoa muito parecida com seu eu de infância. Mas não tinha como ser, as características eram idênticas e seu coração pulsava da mesma forma de antigamente.
Tinha a visto de relance junto com Nanami, o calouro loiro e impaciente. Naquele momento era como se tudo estivesse parado, e sua atenção estava apenas em S/N vestindo o uniforme que cabia perfeitamente em suas curvas.
Seu cérebro parou de mover, sua boca secou e seu corpo ficou congelado no lugar.
As memórias de sua infância e as vezes que esteve com S/N, tudo voltou com força a ele. Seus olhos se arregalam, surpresos e assustados enquanto franze as sobrancelhas.
Não podia ser verdade. Ela estava morta.
Satoru achava que estava alucinando. Só podia ser. Ninguém desaparece de repente e reaparece depois de tanto tempo. Ainda mais sem mandar nenhuma notícia.
— Satoru?— Shoko pergunta preocupada.—...Satoru?
As palavras dela pareciam vir de um lugar muito longe, pois sua mente não estava mais ali.
Só conseguia sentir seus pés caminhando rapidamente e empurrando as pessoas no corredor até S/N.
Só que, quanto mais tentava tê-la em seus braços, parecia que o mundo a puxava para mais longe.
Alguns alunos o xingavam e o olhavam irritado com sua agressividade pelo corredor, como se ele fosse um louco procurando por algo que não existia. E ele era.
— Ei!
— Sai da frente...!— O albino fala empurrando um garoto para longe do seu caminho.
Estava perto, quase lá! Tinha que alcançá-la, tinha que ser ela!
— Espera. — A palavra sai baixinho e sem jeito da sua boca. Queria ser mais persuasivo, mas sua voz falhou naquele momento devido aos sentimentos.
O som dos alunos ao redor começa a se desvanecer aos poucos em sua opinião e só podia focalizar ela. Era como se a visão a frente de si estivesse com um foco específico e tudo o resto era borrado.
