004 - sun, barbecue and confusion

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O sol estava escaldante naquela tarde, típico de um dia de verão em pleno auge. O cheiro de carne assando na grelha já começava a preencher o ar, enquanto o som das ondas batendo na areia criava uma trilha sonora perfeita. Estávamos todos reunidos para o famoso churrasco do grupo, uma espécie de ritual sagrado do verão que eu, honestamente, nunca pensei que fosse achar tão divertido.

Sarah, claro, estava no comando de tudo, dando ordens como se fosse a general do exército dos churrascos. Ela parecia tirar satisfação em organizar, delegar e, de vez em quando, lembrar JJ de que ele deveria ter comprado mais carne.

- Você só trouxe isso? - ela perguntou, segurando um pacote de salsichas com desdém.

- Ei, pelo menos eu trouxe cerveja, né? - JJ deu de ombros, o típico ar despreocupado que parecia ser sua marca registrada. Ele acenou para mim de longe, como se estivesse tentando compartilhar o fardo do julgamento de Sarah. Eu apenas ri e dei de ombros. Ele estava por conta própria.

- O John B já está vindo? - perguntei, querendo mudar de assunto antes que JJ fosse apedrejado publicamente por sua escolha de carnes.

- Ele e Pope foram buscar mais gelo. - Sarah suspirou, revirando os olhos. - Aposto que eles vão demorar horas porque, sabe como é, eles se distraem fácil.

Ah, sim. Eu sabia como era. John B era a definição de "energia caótica". Alto, cabelos castanhos desgrenhados que pareciam nunca ver um pente, e um sorriso que era impossível de não gostar. Sempre tinha alguma ideia maluca em mente, seja mergulhar em algum lugar proibido ou sugerir que fôssemos explorar algum canto desconhecido da ilha. E Pope, o rei da lógica e das respostas rápidas, era o seu fiel parceiro de crime. Sempre parecia o cara mais calmo do grupo, mas quando estava com John B, era difícil não se deixar levar pelas loucuras.

Enquanto isso, Cléo, que já estava ali desde cedo, parecia estar se divertindo à parte. Ela sempre foi um espírito livre, cheia de histórias para contar. Ela e Pope estavam juntos, embora às vezes eu me perguntasse como duas pessoas tão diferentes podiam fazer tanto sentido juntas. Cléo tinha uma confiança que fazia até Sarah parecer moderada, e Pope... bem, ele sabia exatamente quando recuar e deixar Cléo brilhar.

- Ei, Pope e John B estão demorando demais com o gelo. Você acha que eles se perderam de novo? - Cléo perguntou, se jogando na cadeira ao meu lado, rindo de algo que eu não sabia ao certo se deveria entender.

- Se eles demorarem muito, o gelo vai derreter no carro - JJ comentou, mexendo na grelha, como se estivesse tentando parecer ocupado e evitar mais um sermão de Sarah.

- Você subestima a habilidade do John B em se perder em uma missão simples como comprar gelo - eu disse, ironicamente. Era impressionante como qualquer coisa envolvendo ele e Pope sempre virava uma aventura de horas.

- Verdade. Ele é mestre em transformar tarefas simples em odisseias épicas - Cléo respondeu com um sorriso no rosto. Ela sabia do que estava falando. Já havia visto de tudo com aqueles dois.

Sarah voltou da cozinha com uma bandeja cheia de pães e mais acompanhamentos, ainda com aquele olhar sério de quem se importa um pouco demais com o churrasco ser "perfeito". Eu nunca a entenderia completamente, mas amava como ela colocava o coração em tudo o que fazia.

- Alguém tem que assumir a liderança aqui, já que o John B é um caos ambulante - Sarah resmungou, enquanto começava a organizar tudo sobre a mesa.

- Sarah, você sabe que o caos é o charme dele, né? - JJ brincou, tentando desarmar a situação. - Sem ele, isso aqui seria só... normal.

Eu ri, porque ele estava absolutamente certo. O caos de John B, o humor sarcástico de Pope, a energia vibrante de Cléo e, claro, o perfeccionismo de Sarah, eram o que faziam aquele grupo funcionar. Eu, por outro lado, ainda estava tentando entender qual era o meu papel nisso tudo.

- E eu, vou assumir que meu trabalho aqui é ser o consultor moral do churrasco - Pope anunciou, surgindo como uma miragem com uma sacola de gelo em cada mão, finalmente de volta da missão.

- Bem a tempo! - JJ exclamou, aliviado, claramente feliz em ver Pope salvar a situação com o gelo antes que Sarah surtasse de vez.

- Ele quer dizer: bem a tempo de salvar minha pele com Sarah - Pope riu, piscando para JJ.

John B apareceu logo em seguida, carregando mais gelo e... um pneu de bicicleta? Claro que ele não conseguia apenas ir comprar gelo como uma pessoa normal. Eu não perguntei, mas sabia que provavelmente era melhor assim.

- O que houve com o pneu? - perguntei, franzindo a testa enquanto ele jogava o objeto no chão com um baque.

- História longa - John B sorriu de orelha a orelha, enquanto se jogava na cadeira ao lado de Sarah e pegava um s'more. - Mas vamos dizer que envolve uma aposta que não deu certo.

Sarah apenas balançou a cabeça, exasperada, enquanto todo mundo caía na gargalhada. Eu me peguei sorrindo também. Tudo era sempre uma bagunça com eles, mas de algum jeito, funcionava.

A tarde passou rápida, entre histórias, piadas e JJ tentando, sem sucesso, impressionar Sarah com suas habilidades de churrasqueiro. Cléo ficou na dela, como sempre, assistindo à confusão com um sorriso no rosto, e Pope fazia o papel de mediador quando a bagunça ameaçava sair do controle.

Eu observava tudo de perto, rindo e, ocasionalmente, sendo o alvo das brincadeiras, o que eu já esperava por fazer parte do grupo agora. A sensação de pertencer estava se solidificando, e a verdade é que eu nunca havia me sentido tão à vontade como me sentia ali, no meio daquele caos organizado.

Quando a tarde começou a dar lugar à noite, as luzes da praia se acenderam e as conversas ficaram mais baixas, com um toque de nostalgia. Sarah e John B estavam em um canto, rindo de algo que provavelmente só eles entenderiam. Pope e Cléo haviam se distanciado, conversando baixinho perto da água. E JJ... bem, ele se sentou ao meu lado, oferecendo-me uma cerveja com um sorriso despreocupado.

- Então, como você está se saindo nessa bagunça toda? - ele perguntou, seus olhos brilhando na luz suave da fogueira que havíamos acendido mais cedo.

- Honestamente? Acho que estou gostando - respondi, sorrindo de volta. Era verdade. Por mais caótico que fosse, aquilo era, de alguma forma, o lugar onde eu me sentia mais em casa.

- Isso é bom. - Ele tomou um gole da cerveja, ainda me observando. - Porque você definitivamente já é parte disso tudo.

Parte disso tudo. Ouvi isso e, pela primeira vez em muito tempo, me senti exatamente onde deveria estar.

𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓 . . . ʲᶦᵃʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora