Depois do beijo, as coisas entre JJ e eu mudaram — e não de um jeito ruim. Pelo contrário, era como se uma espécie de peso invisível tivesse sido levantado. As piadas, os olhares, os toques acidentais, tudo parecia carregar um novo significado. E, pela primeira vez, o verão que antes parecia passar rápido demais começou a desacelerar, como se o tempo estivesse nos dando uma chance de aproveitar cada segundo juntos.
Na manhã seguinte ao nosso beijo, acordei com o cheiro do café fresco invadindo meu quarto. Olhei pela janela e vi que o sol já estava alto, iluminando a casa com uma luz dourada. Levantei-me, ainda tentando processar o que acontecera entre mim e JJ na noite anterior. A sensação de um novo começo pairava no ar, mas eu tinha que voltar à realidade e enfrentar o café da manhã com os meus pais.
Desci as escadas, tentando não pensar demais sobre o que estava por vir. A cozinha estava cheia, com minha mãe organizando as torradas na mesa e meu pai lendo o jornal, o olhar concentrado nas notícias.
— Bom dia, querida! — minha mãe exclamou, enquanto eu me sentava à mesa. — Dormiu bem?
— Acho que sim — respondi, forçando um sorriso. O pensamento de JJ ainda dançava em minha mente, e eu me perguntei se deveria contar sobre ele para os meus pais.
— Você vai surfar de novo hoje? — meu pai perguntou, olhando por cima do jornal. Eu sabia que ele não era exatamente o maior fã da ideia, mas sempre tentava apoiar minhas aventuras.
— Sim, pretendo. O grupo vai se reunir mais tarde. — Eu disse, sentindo uma onda de empolgação ao mencionar os amigos e a possibilidade de ver JJ de novo.
— Que bom! — minha mãe disse, colocando uma fatia de torrada na minha frente. — Você está aproveitando o verão da melhor maneira possível.
Eu assenti, mas dentro de mim, uma pequena voz sussurrava que as coisas estavam mudando mais do que eu imaginava. Aquelas manhãs tranquilas eram reconfortantes, mas eu sabia que também eram temporárias.
Enquanto tomava meu café, não pude deixar de me perder em pensamentos. A conexão que eu tinha com JJ parecia algo raro, como um achado inesperado em uma loja de antiguidades. Poderíamos ser tão diferentes, mas, de alguma forma, tudo parecia se encaixar.
— Você está tão pensativa, Kiara — disse minha mãe, interrompendo meus devaneios. — Está tudo bem?
— Sim, só estou... planejando o meu dia. — Respondi, tentando manter a conversa leve.
Ela me lançou um olhar curioso, mas antes que pudesse perguntar mais, meu pai falou:
— Então, sobre a faculdade, já está pensando em como será a vida lá?
A menção da faculdade foi como um balde de água fria. Eu sabia que deveria estar empolgada, mas a ideia de deixar esse verão para trás e seguir para o próximo capítulo da minha vida me deixava nervosa. O que aconteceria com JJ? E com a nova amizade que estava florescendo?
— Estou, sim — disse, mantendo a voz firme. — Eu só quero aproveitar o verão antes de tudo começar.
Meu pai assentiu, mas pude ver que ele não estava completamente convencido. Ele sempre foi um planejador. O mesmo não podia ser dito de mim. Meus pensamentos estavam ocupados demais com imagens de ondas, risadas e um garoto loiro que surfava como se o mar fosse seu lar.
— E sobre suas novas amizades? — ele continuou. — Estão ajudando você a se preparar?
— Sim, eles são ótimos — respondi, pensando em JJ e na forma como ele sempre me fazia sentir à vontade. A maneira despreocupada como ele olhava para o mundo me inspirava a arriscar mais.
Depois do café, me despedi dos meus pais e subi para me arrumar. Olhei para o espelho, tentando me convencer de que o dia seria incrível. Um leve sorriso surgiu em meus lábios ao pensar no que me aguardava na praia.
Chegando à areia, a primeira coisa que vi foi JJ, rindo e brincando com John B e os outros. A luz do sol iluminava seus cabelos, e seu sorriso era tão contagiante que não pude evitar de me sentir um pouco mais leve. A cena era perfeita: o céu azul, o mar agitado e a sensação de estar vivendo um momento único.
— Ei, olha quem chegou! — John B gritou, me fazendo sentir que o grupo estava animado para me ver.
— Pronta para mais uma rodada de surf? — JJ perguntou, com aquele olhar provocador que me fazia sentir como se eu estivesse flutuando.
— Com certeza! — respondi, tentando não parecer muito empolgada.
O grupo rapidamente se organizou, e eu me juntei a eles na areia, preparando minha prancha e tentando ignorar o frio na barriga que crescia a cada segundo. Enquanto JJ e eu nos trocávamos olhares cúmplices, uma onda de coragem tomou conta de mim.
— Você estava incrível ontem à noite — ele sussurrou, bem perto de mim, fazendo meu coração disparar.
— E você também, seu idiota — eu ri, lembrando do nosso momento, que parecia uma cena de filme.
O dia passou rapidamente entre ondas e risadas. Eu sentia que estava finalmente pegando o jeito da surfada. A adrenalina me deixava alerta, e cada vez que conseguia ficar em pé na prancha, uma onda de euforia tomava conta de mim. Entre uma onda e outra, JJ sempre estava por perto, me encorajando e me dando dicas, como um verdadeiro parceiro de surf.
Na hora do almoço, decidimos fazer uma pausa e nos sentamos em círculo na areia. O grupo se animou, contando histórias engraçadas e jogando um pouco de areia uns nos outros. Eu me senti tão à vontade que nem percebi quando começou a escurecer.
— Então, Kiara — Cléo disse, com um sorriso malicioso. — O que você realmente acha do nosso querido JJ?
O grupo parou e olhou para mim, e, por um momento, o mundo pareceu desacelerar.
— Ele é... — eu comecei, tentando manter a compostura. — Um bom surfista?
Todos riram, e JJ fez uma expressão de exagero, como se estivesse ofendido.
— Um bom surfista? É só isso que você tem a dizer sobre mim? — ele perguntou, batendo a mão no peito como se estivesse ferido.
— Ah, não! — eu ri, sabendo que eles estavam apenas se divertindo. — Ele é também um ótimo amigo, e tem uma habilidade impressionante de ser insuportável quando quer.
— Insuportável, hein? — JJ brincou, inclinando-se para mais perto de mim. — Você vai se arrepender disso.
O clima estava leve, e eu aproveitava cada instante, absorvendo a energia do grupo e a sensação de pertencimento. Quando a conversa mudou para planos para o fim de semana, uma ideia surgiu na minha mente.
— Que tal um luau na praia? — sugeri, e todos começaram a se animar com a ideia.
— Isso é perfeito! — Sarah exclamou, já pensando nos detalhes.
— E eu posso trazer algumas coisas para grelhar! — John B se ofereceu, empolgado.
Enquanto discutíamos os planos, não pude deixar de olhar para JJ, que me lançou um sorriso. A conexão entre nós estava se solidificando a cada dia, e era difícil não se perder na ideia de que algo especial estava se formando.
O dia terminou com o sol se pondo no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e vermelhos, e eu sabia que, independentemente de onde a vida me levasse, aquelas memórias seriam inesquecíveis. O verão estava apenas começando, e eu estava pronta para aproveitar cada momento.
Quando voltei para casa naquela noite, meu coração estava leve e cheio de esperança. Um novo capítulo se desenrolava diante de mim, e eu mal podia esperar para ver aonde ele me levaria.
Mas uma coisa era certa: eu estava finalmente vivendo, e estava mais do que disposta a enfrentar o que quer que o futuro me reservasse.
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𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓 . . . ʲᶦᵃʳᵃ
Ficção Adolescente𝐊𝐈𝐀𝐑𝐀 𝐂𝐀𝐑𝐑𝐄𝐑𝐀 e 𝐉𝐉 𝐌𝐀𝐘𝐁𝐀𝐍𝐊 sempre viveram em mundos diferentes. Ela, a filha responsável de uma família exigente, está com o futuro perfeitamente planejado, com a faculdade dos sonhos à sua espera. Ele, o garoto descomplicado e...