014 - indoor storm

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A chuva não parecia disposta a ceder. As gotas batiam na tenda como se quisessem avisar que o mundo lá fora estava em um estado de caos, assim como o que estava acontecendo dentro de mim. A atmosfera dentro da tenda estava recheada de risadas e conversas, mas eu estava totalmente absorta em meus pensamentos, perdida na conexão elétrica que havia se estabelecido entre mim e JJ.

Sentamos juntos, ele, aparentemente despreocupado, brincando com a beirada da toalha que usava como abrigo, enquanto eu lutava contra a avalanche de sentimentos. Aquela tempestade poderia ser apenas um fenômeno natural, mas a verdadeira tempestade estava se formando em meu coração, e eu não sabia se estava pronta para enfrentá-la.

— Olha, eu sei que você é a garota mais corajosa que conheço — ele disse, rompendo o silêncio que nos envolvia. — Então, qual é a sua opinião sobre o que estamos fazendo?

Eu girei a cabeça para ele, pegando um olhar que poderia facilmente me derreter. — Sobre o que estamos fazendo? — perguntei, tentando manter o tom leve, mas a verdade é que meu estômago estava se contorcendo.

— Você sabe, a gente surfa, se diverte, e agora estamos aqui, esperando a chuva passar. — Ele sorriu, mas havia um brilho em seus olhos que me fez sentir que ele estava se referindo a algo mais profundo.

Olhei para o chão da tenda, contemplando as gotas que escorriam pelo tecido. — Eu acho que estamos vivendo o momento. — minha voz soou mais firme do que eu imaginava, mas ainda havia uma fraqueza que não conseguia esconder.

— E se esse momento não se repetir? — JJ disse, seus olhos não se afastando dos meus. — O que você realmente quer fazer?

O peso da pergunta pairava entre nós como uma nuvem densa. Era um convite, uma oportunidade de ser honesta e vulnerável, mas também uma chance de me ferir. Respirei fundo, sentindo a tempestade lá fora ressoar com o que estava se passando dentro de mim.

— Eu quero mais do que isso. Quero mais do que apenas momentos temporários — disse eu, finalmente me permitindo abrir o coração. — Quero saber se existe algo real aqui, entre nós.

A tensão na tenda cresceu. Eu sabia que estava arriscando, mas a verdade estava saindo, e era melhor que eu dissesse tudo agora, antes que as palavras se transformassem em um “e se” que me assombraria para sempre.

Ele pareceu surpreso, mas não afastou o olhar. — Isso é o que eu também sinto, Kiara. — sua voz estava cheia de sinceridade. — Eu só não sabia como dizer.

Um silêncio pesado tomou conta do espaço entre nós. A chuva continuava a bater, mas o som agora parecia distante, como se o mundo exterior não existisse mais. Era só nós dois, encarando as verdades que tentávamos evitar.

— Então, o que fazemos agora? — eu perguntei, minha voz quase um sussurro.

— Bom, temos que nos concentrar no que vem a seguir — JJ disse, um sorriso travesso surgindo em seu rosto. — E, quem sabe, isso pode ser o começo de algo que nem a chuva pode parar.

O clima ao nosso redor mudou instantaneamente. Era como se a tempestade lá fora estivesse nos encorajando a abraçar o que estávamos sentindo. O grupo, alheio à intensidade da nossa conversa, continuou a se divertir, mas eu só tinha olhos para JJ.

— Então... — eu comecei, nervosa, mas determinada. — O que você está esperando? Que eu me jogue na água sem avisar? Ou talvez um beijo à beira da tempestade?

JJ soltou uma risada, e o som foi como música para os meus ouvidos. — Eu não sei se você está pronta para isso, mas estou definitivamente disposto a ajudar você a se jogar — ele respondeu, piscando para mim.

— Pode me ajudar com isso, então? — eu disse, dando um passo à frente, os nossos rostos se aproximando. O mundo ao nosso redor havia desaparecido, e só existia nós dois, envolvidos pela tensão eletrizante que pairava no ar.

E então, sem pensar duas vezes, senti a coragem brotar dentro de mim e, com um impulso quase impulsivo, aproximei-me mais e nossos lábios se encontraram. O beijo começou suave, como a chuva que caía lá fora, mas logo se transformou em algo mais profundo e apaixonado.

O momento parecia suspenso no tempo. Era um beijo que falava de promessas e de medos, mas também de desejo. Quando finalmente nos afastamos, ambos estávamos ofegantes, como se tivéssemos acabado de surfar a maior onda de nossas vidas.

— Uau — eu disse, tentando recuperar o fôlego. — Isso foi... intenso.

— E eu achei que estava apenas brincando — JJ riu, seu sorriso iluminando o rosto. — Mas se isso é o que a tempestade faz, então podemos esperar mais chuva!

O grupo finalmente percebeu que algo tinha mudado entre nós e, com sorrisos maliciosos, começou a nos provocar. Sarah ergueu uma sobrancelha, e John B fez um gesto exagerado de aplausos, enquanto Cléo apenas sorria, feliz por nós.

— Olhem só, o casal se formando na tempestade! — John B brincou, e os outros riram, mas não me importei. Estava tão absorta no que havia acontecido que o resto do mundo poderia ter desaparecido, e eu não teria notado.

E assim, com a chuva caindo lá fora e um novo tipo de energia entre nós, sabia que o verão apenas começava, e a tempestade que estava por vir poderia muito bem ser a melhor coisa que já tinha acontecido na minha vida.

𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓 . . . ʲᶦᵃʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora