019 - on the edge of the storm

7 1 0
                                    

O dia começou como qualquer outro, com o sol surgindo lentamente no horizonte e tingindo o céu de um dourado suave. No entanto, havia algo diferente no ar. Uma expectativa carregada de tristeza e ansiedade, como se o mundo soubesse que estava prestes a perder um pedaço do seu brilho. O verão estava em sua contagem regressiva, e eu não podia ignorar o peso que isso trazia.

Enquanto tomava meu café da manhã, com minha família conversando animadamente sobre os planos para o dia, eu me perdia em pensamentos. A semana estava voando, e cada dia que passava me aproximava da minha partida. Os risos de meus pais pareciam ecoar em um espaço distante, como se tudo ao meu redor estivesse em câmera lenta, e o tempo estivesse se arrastando.

— Kiara, você não está prestando atenção em nada! — minha mãe exclamou, interrompendo meu devaneio. — Você está bem, querida?

— Estou, só… pensando. — respondi, tentando forçar um sorriso.

A verdade era que a ideia de deixar tudo para trás me aterrorizava. Não apenas a praia e a casa de verão, mas tudo o que eu havia construído nos últimos meses. JJ. Meu grupo de amigos. Os momentos de pura felicidade e liberdade que eu tinha vivido. O que eu faria sem isso?

Depois do café, não consegui me concentrar em nada. Minha mente divagava entre as lembranças do verão e a incerteza do que viria. Eu sabia que JJ e eu tínhamos vivido um romance de verão. Mas quanto disso ainda existiria quando eu voltasse para a rotina da faculdade? O pensamento me fazia sentir um frio na barriga.

Ao longo do dia, as horas se arrastaram, e quando finalmente cheguei à praia, um sentimento de nostalgia me envolveu. O som das ondas quebrando na areia era um lembrete constante do que estava prestes a ser deixado para trás. Olhei em volta e vi os amigos de JJ já esperando, prontos para surfar mais uma vez. No meio deles, ele se destacou, com seu sorriso despreocupado e aquele brilho nos olhos que me fazia sentir como se o mundo estivesse a meus pés.

— Ei, você está bem? — ele perguntou, a expressão de preocupação misturada com um toque de diversão.

— Estou… só pensando que nosso tempo aqui está acabando. — respondi, tentando manter a voz leve, mas a emoção escapava.

— É, eu sei. Mas ainda temos algumas boas ondas pela frente! — ele disse, puxando-me para perto. — Não vamos deixar que isso estrague nosso dia.

— Você tem razão. — forcei um sorriso. — Mais uma última surfeada antes que eu vá.

Enquanto nos dirigíamos à água, o sol começou a se pôr, lançando um brilho dourado sobre o oceano. A luz suave parecia abraçar tudo ao nosso redor, e, por um momento, esqueci que estava prestes a ir embora. A adrenalina da água, as risadas e os gritos de nossos amigos eram um lembrete do que havia sido aquele verão.

Depois de surfar por um tempo, finalmente peguei uma onda maior, e a sensação de liberdade foi inigualável. Mas assim que cheguei à areia, a realidade me atingiu como uma onda pesada. A contagem regressiva estava se aproximando, e cada momento se tornava precioso.

Conforme a noite caía, o grupo se reuniu para um último pôr do sol. Estávamos todos ali, cercados por risos e boas lembranças, mas a sensação de despedida pairava no ar. Era como se cada um de nós estivesse ciente de que aquele seria um ponto de virada.

— Então, que tal um brinde? — sugeriu Sarah, segurando um copo de limonada. — Um brinde ao nosso verão incrível e a todos os momentos que vivemos juntos!

— E ao que ainda está por vir! — adicionou John B, levantando seu copo também.

Todos se juntaram a nós, e, enquanto os copos se chocavam, eu não conseguia evitar que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Era uma mistura de alegria e tristeza, de gratidão pelo que vivi e de dor por saber que tudo estava prestes a mudar.

— Kiara, você vai sentir muita falta de tudo isso! — disse Cléo, com um olhar compreensivo. — Mas, quem sabe, o próximo verão traga novas aventuras.

— É, espero que sim. — respondi, tentando ser otimista. Mas a verdade era que não conseguia me livrar da sensação de que estava deixando uma parte de mim para trás.

A noite se desenrolou em risadas, histórias e um último mergulho no mar sob o céu estrelado. Cada momento se tornava um fragmento que eu guardaria para sempre. Mas, por mais que tentasse aproveitar, a consciência da minha partida tornava tudo mais difícil.

Enquanto as horas passavam, percebi que não queria que aquele dia acabasse. Não queria dizer adeus. No entanto, quando as estrelas começaram a brilhar mais intensamente, e a fogueira crepitava à nossa volta, soube que era hora de encarar a realidade.

— O que você vai fazer quando voltar? — JJ perguntou, enquanto estávamos sentados um ao lado do outro, a brisa do mar balançando nossos cabelos.

— Não sei. A faculdade, as obrigações… tudo isso parece tão distante agora. — confessei, olhando para as chamas. — E você?

— Eu vou continuar surfando e aproveitando cada onda. Mas também vou sentir sua falta. — a sinceridade nas palavras dele era palpável.

O olhar que trocamos naquele momento dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar. A tristeza e a esperança estavam entrelaçadas, e eu me perguntei se haveria algum jeito de manter essa conexão, mesmo quando o verão acabasse.

Com o coração pesado, mas determinado a aproveitar até o último instante, juntei-me ao grupo, rindo e compartilhando histórias. Mas, em cada risada, havia uma lembrança de que eu estava prestes a partir. A contagem regressiva estava quase no fim, e a sensação de que tudo estava prestes a mudar não me deixava.

Finalmente, a noite chegou ao fim, e ao olhar para JJ pela última vez, percebi que não era apenas uma despedida. Era uma promessa silenciosa de que nossos caminhos ainda poderiam se cruzar, que aquele verão poderia não ter sido o fim, mas um novo começo.

Com o coração acelerado e uma esperança tênue, eu sabia que, embora o verão estivesse acabando, as lembranças e a conexão que criamos permaneceriam, não importando a distância que se interpusesse entre nós.

E assim, enquanto caminhava para casa sob as estrelas, sentia que a verdadeira contagem regressiva não era apenas para a partida, mas para a nova vida que me aguardava, repleta de possibilidades.

𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓 . . . ʲᶦᵃʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora