006 - laughter & falls

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Eu sabia que fazer parte do grupo de JJ envolvia riscos. Não o tipo de risco de vida ou morte, claro — embora, pensando bem, com as coisas que eles faziam, não seria impossível. Mas era o tipo de risco que envolvia se jogar em aventuras mal planejadas e nunca ter certeza se você voltaria inteira para casa. E, de alguma forma, eu estava começando a gostar disso. Aquele verão estava me mudando.

— Vai mesmo fazer isso? — Sarah me perguntou, enquanto observávamos John B e JJ subirem uma das pedras altas ao norte da praia, que parecia cada vez mais ameaçadora à medida que nos aproximávamos. Eu já estava com aquela sensação estranha no estômago, tipo frio na barriga misturado com a certeza de que aquilo era uma péssima ideia.

— Bem, eu meio que fui desafiada, então... — respondi, dando de ombros, mas claramente não muito convencida. Ainda me perguntava como me metia nessas situações.

Sarah me deu um sorriso compreensivo. — Boa sorte. Você vai precisar.

— Obrigada, adorei a confiança. — Eu ri, nervosa, e caminhei na direção de JJ, que já estava no topo da pedra, pronto para pular. John B o acompanhava, como sempre, com aquele sorriso despreocupado que fazia parecer que nada poderia dar errado.

— Kiara, você vai amar! — JJ gritou lá de cima, claramente sem noção de que eu estava prestes a ter um ataque cardíaco só de imaginar o salto.

— Amar? Você tá maluco? — respondi, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.

Pope, que estava sentado mais atrás com Cléo, apenas sacudiu a cabeça, como se estivesse vendo tudo isso acontecer pela centésima vez. — Eu vou ficar aqui, de boa. Pular de uma pedra de dez metros não é exatamente meu tipo de diversão.

Cléo, sempre prática, riu. — Vou ficar com você. Alguém tem que cuidar dos malucos quando eles se estatelarem na água.

Eu queria ter a tranquilidade de Pope e Cléo, mas ali estava eu, me arrastando para o topo da pedra. Quando finalmente cheguei lá, o vento parecia mais forte e a altura, bem... assustadoramente real.

— Vamos, não é tão alto assim — JJ disse, como se aquilo fosse tranquilizante. Ele estava de pé na beirada da pedra, pronto para saltar, com um sorriso convencido no rosto.

— Não é tão alto assim? — repeti, olhando para baixo e sentindo meu estômago revirar. — Isso aqui parece o topo de uma montanha, JJ.

Ele riu, mas se aproximou de mim, com aquele olhar que misturava desafio e encorajamento. — Confia em mim, vai ser divertido.

John B, que já tinha pulado uma vez (óbvio), estava flutuando na água lá embaixo, acenando para nós. — Só não pensa muito, Kiara! Se você pensar demais, vai acabar desistindo. Só pula!

Ah, claro, porque a solução era tão simples quanto isso, certo? Só pular.

— Vamos, antes que desista — JJ insistiu, e, antes que eu pudesse dar uma desculpa qualquer, senti sua mão puxando a minha. Ele me puxou até a beirada com ele, e, por um breve segundo, fiquei em pânico.

— Ah, não! Não! Eu não vou...

— Um, dois, três! — JJ gritou, e, antes que eu pudesse reagir, ele saltou, me levando junto.

Senti o vento forte no rosto, o coração disparado e aquele momento de pânico absoluto em que você percebe que não há mais volta. Estávamos no ar, e eu mal conseguia pensar. Tudo o que conseguia sentir era o vazio embaixo de mim, o barulho do vento e, então, o impacto com a água.

A água era fria, mas de alguma forma, aterrissar nela foi... libertador. Quando voltei à superfície, JJ já estava lá, rindo como um louco.

— Você viu sua cara? — ele perguntou entre risos, limpando a água do rosto.

Eu também estava rindo, sem conseguir evitar. — Eu quase morri! Você tem noção disso?

— Morreu nada, você sobreviveu! E quer saber? Aposto que adorou. — JJ nadou até mim, aquele sorriso convencido ainda estampado no rosto.

Eu balancei a cabeça, ainda tentando processar o que tinha acabado de acontecer. — Você é doido, sabia?

— Talvez — ele admitiu, jogando água em mim como uma provocação. — Mas você também é.

Fiquei tentada a negar, mas a verdade é que, naquele momento, ele estava certo. Alguma parte de mim gostava desse lado aventureiro, dessa nova Kiara que estava emergindo aos poucos. Era assustador, mas ao mesmo tempo... empolgante.

John B nadou até nós, ainda com aquele sorriso bobo. — Viu? Não foi tão ruim, né?

— Depende do ponto de vista — respondi, rindo.

Sarah e os outros já estavam de pé na beira da água, observando de longe, provavelmente aliviados por nenhum de nós ter quebrado algo.

— Essa é a cara de quem vai pular de novo? — Pope perguntou, levantando uma sobrancelha quando saímos da água.

— Mais fácil ganhar na loteria — respondi, ainda me recuperando da adrenalina. Cléo riu ao meu lado, claramente satisfeita com sua decisão de ficar em terra firme.

Passamos o resto da tarde entre brincadeiras e risadas, enquanto JJ continuava a me provocar sobre o pulo. John B e Sarah se juntaram a nós mais tarde, sentando-se na areia e compartilhando histórias antigas sobre verões passados. Era fácil se perder nas conversas, nas piadas e no som do mar ao fundo. Havia uma simplicidade em tudo aquilo, como se o tempo estivesse suspenso.

— Você devia dar mais créditos a si mesma, Kiara — Sarah disse, me lançando um olhar significativo. — Você está se saindo melhor do que pensa. Eu me lembro do primeiro dia em que te vimos. Você parecia tão... séria.

— Eu sou séria — respondi, rindo. — Pelo menos, costumava ser.

— Bom, ainda bem que esse grupo está te ajudando a relaxar — Cléo comentou, com aquele humor seco que era a sua marca registrada.

— Ou a enlouquecer — JJ adicionou, cutucando meu ombro de leve.

Eu revirei os olhos, mas não pude evitar o sorriso que surgiu no meu rosto. Estava começando a aceitar que, de alguma forma, esse verão estava me transformando. E, honestamente, eu não sabia mais se isso era uma coisa boa ou ruim. Talvez fosse os dois.

O sol começou a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa, e, enquanto nos preparávamos para voltar para casa, senti aquela leve nostalgia que sempre aparece no final de um dia perfeito. Mas, ao contrário de antes, quando eu sentia um vazio incômodo, agora havia uma sensação diferente. Algo como... pertencimento.

— E aí, Kiara — JJ disse, enquanto caminhávamos lado a lado em direção ao carro. — Amanhã, você vai querer pegar umas ondas antes de saltar de mais uma pedra?

Eu olhei para ele, fingindo considerar a proposta. — Depende. Você vai parar de me arrastar para a morte?

Ele riu, mas dessa vez havia algo mais suave em seu sorriso. — Não prometo nada.

E, de alguma forma, eu estava bem com isso.

𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒 𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓 . . . ʲᶦᵃʳᵃOnde histórias criam vida. Descubra agora