A noite havia caído sobre a cidade, e a lua iluminava suavemente os contornos dos edifícios ao longe. Izana estava sentado no batente da janela, a brisa fresca da noite acariciando seu rosto enquanto ele olhava para o luar. Sua expressão era contemplativa e distante, como se o brilho prateado da lua o estivesse puxando para um outro lugar, um lugar onde as memórias e os sentimentos se entrelaçavam.
As cartas que ele havia lido durante sua estadia na prisão vinham à sua mente, cada uma delas como uma peça de um quebra-cabeça emocional que ainda não completara. Yana, a dona dessas cartas, sempre o havia fascinado. Ele a chamava de "sweet raspberry" por sua natureza doce e a forma como seu sorriso iluminava até os dias mais sombrios. Porém, o que ele mais lembrava era a conexão que ela tinha com Mikey, seu irmão mais novo, e isso trazia uma mistura de sentimentos.
Enquanto se perdia em seus pensamentos sobre Yana, Izana começou a ouvir sons vindos do quarto ao lado, ruídos que se misturavam com os ecos da cidade. Eram gemidos e risos, sons de prazer que não deixavam dúvidas sobre a situação que se desenrolava entre Mikey e Yana. Izana sentiu um aperto em seu peito — a sensação de ser um intruso em um espaço que um dia foi seu.
Era claro: Mikey estava reafirmando seu território. A presença de Izana, ressurgindo de um passado tumultuado, havia gerado inseguranças em seu irmão, e a maneira que ele estava se comportando era uma tentativa de estabelecer domínio. O que antes era um laço fraternal agora se tornava uma competição velada, onde cada gesto de carinho de Mikey em direção a Yana era também uma afirmação de sua posição, uma forma de dizer "Eu sou o primeiro, eu sou o que conta”.
Izana sentiu uma onda de resignação e melancolia. Ele sabia que sua volta à vida de Mikey e Yana traria complicações, mas não conseguia afastar os sentimentos que nutria por ela. O amor que não poderia ser consumado e a dor que se arrastava por todos aqueles anos na prisão.
Os ruídos que vinham do quarto ao lado continuaram a perturbar a mente de Izana, fazendo-o se remexer no batente, desconfortável. As risadas de Yana e os gemidos dela reverberavam pelos ouvidos dele, intensificando a sensação de intruso.
Os pensamentos dele começaram a se entremear, uma mistura de ciúme, frustração e um desejo ardente. Ele desejava estar no lugar de Mikey, poder ser o responsável por fazer Yana gemer como ela estava...
Uma faísca de surpresa atingiu o cérebro de Izana. Os gemidos de Yana eram fracos, quase imperceptíveis, diferente da maneira que ele imaginou seriam. Isso levantou uma pergunta no fundo de sua mente - ela não estava satisfeita?
Enquanto os pensamentos se avolumavam em sua mente, ele começou a pensar em toda a situação. O irmão mais novo dele, Mikey, parecia estar tentando reivindicar território, reafirmar seu papel na vida de Yana. Mas, e se Mikey não estivesse satisfazendo Yana da maneira que ela realmente desejava?
Aquele pensamento era perigoso, e Izana sentiu uma onda de emoção percorrendo por seu corpo. Será que ele conseguiria fazer melhor do que Mikey?
Izana passou doze anos presos. Doze anos sem tocar em uma mulher, até começar a receber e ler as cartas de Yana, apaixonando-se com sua caligrafia doce, a forma como ela se expressava. E novamente entre seus dedos estava a foto que ele recebeu na prisão, aquele sorriso em meio às rosas vermelhas, o vestido branco, aquele olhar.
18...19...20
20 minutos, até todo o quarto ao lado ficar em silêncio, respondendo a pergunta de Izana – Mikey não fez Yana gozar!
A confirmação da ausência de satisfação em Yana despertou um fogo dentro de Izana. Ele podia sentir a raiva e a frustração se acumulando em seu peito, enquanto pensava em como Mikey havia falhado em dar prazer para ela.
Ele se levantou do batente da janela e começou a andar em direção ao corredor, a raiva em seu olhar intensa. O desejo de mostrar a ela como ele poderia satisfazê-la melhor era forte, quase impossível de controlar.
Quando chegou na sala, a luz da cozinha estava acesa. Era Yana de costas para a porta bebendo água — a garota de cabelos castanhos levemente bagunçados, enquanto ela usava aquela camisola branca delicada, bebendo sua água totalmente distraída
Izana ficou encarando a cena com um olhar fixo, observando Yana beber água na cozinha. A luz suave da sala iluminação levemente seu corpo enquanto a camisola transparente deixava sua silhueta à mostra.
Ele não conseguia desviar os olhos dela, a raiva de segundos atrás começando a ser substituída pelo desejo. Ele deu um passo à frente, sem fazer um único som.
Conforme ele se aproximava de Yana, ele notou como a luz brincava na pele dela, fazendo seus cabelos castanho ficarem quase dourados. Era uma visão hipnotizante, quase como uma tentação na madrugada.
Parado atrás dela, ele estava a poucos centímetros de distância, mas ainda assim não a tocava. Ele podia sentir o calor do corpo dela, o cheiro frutado de seu cabelo.
— Sweet raspberry... — ele murmurou baixo, a voz quase um sussurro. A proximidade deles era palpável, a tensão entre os dois aumentando a cada segundo. Mas, em vez de tocá-la, ele somente permaneceu parado, observando a cintura fina dela, as linhas delicadas do corpo dela delineadas pela roupa.
Yana estremeceu apoiando as mãos na borda da pia, o copo até mesmo caiu de suas mãos causando um pequeno barulho. Seu olhar se moveu lentamente por cima do ombro, enquanto os fios caíram a frente de seu rosto.
—...Oi — ela sussurrou
A voz dela era suave como seda, uma melodia doce que ressoou no ouvido de Izana. Aquela única palavra pareceu acalmar a tensão no corpo dele, como se o próprio som dela tivesse o efeito de um amuleto.
Ele deslizou uma mão pela cintura dela, uma carícia leve e lenta, enquanto se inclinava mais perto dela. A outra mão se apoiou na pia, presa no outro lado de Yana.
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JINGOKU - Kurokawa Izana
Adventure⚠️🚫18+ Dark Romance 🚫⚠️ "Você é a luz na minha escuridão, a paz na minha guerra. Eu nunca deixarei nada te machucar."