Capítulo dez

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De fato, o carro de luxo estava lá às sete horas da manhã em ponto. Eu estava esperando na calçada, para não ser mal-educada e deixar o motorista esperando. Ele pareceu surpreso quando me viu. "Bom dia," ele disse. "Eu ia chamá-la, não precisava ficar esperando. "Ah, desculpa." Claro. Poucos dias neste relacionamento falso e eu já estava estragando as coisas. "Eu não estou acostumada com... essa coisa toda. 

" "Não, não, tudo bem," ele insistiu. "Só achei que deveria saber, pra amanhã." "Amanhã?" Olhei para seu rosto refletido no retrovisor. "Eu só pedi carona pra hoje." Mas pensando bem, eu não tinha considerado como eu iria para o trabalho no resto da semana. 

 "A Sra. jauregui disse que você vai precisar dos meus serviços até pelo menos sexta-feira," ele respondeu. "Não é isso?" "Ah, não, está... está bem." Olhei pela janela enquanto ele saía com o carro. LAUREN já estava esforçando-se para antecipar minhas necessidades. Era muito gentil da parte dela, embora eu já pudesse ver o potencial para isso tornar-se bastante assustadora e controladora. Por outro lado, o contrato praticamente dizia não ser permitido que ela ditasse a maior parte da minha vida... 

 ri discretamente, desejando ter assinado um contrato no início do relacionamento com todos os meus namorados. Provavelmente teria eliminado os piores logo de cara. Parei na minha mesa rapidamente quando cheguei ao trabalho, para deixar meu casaco e minha bolsa antes de ir para o escritório da lauren. Florence, minha colega de cubículo, já estava lá. "Pra onde você vai tão cedo?"

 ela perguntou, quando me viu enrolando, obviamente sem intenção de ficar por ali. "Ah, eu preciso falar com a Sra. jauregui," respondi, tentando manter uma expressão neutra. Provavelmente parecia que eu estava escondendo algo, mas isso iria encaixar-se perfeitamente com a progressão fictícia do nosso relacionamento. 

"Você ultimamente tem passado bastante tempo no escritório dela," observou Florence, com os olhos grudados na tela do computador. "Juro por Deus, se o site GreatReads não parar de me mandar essas notificações por e-mail... quantas vezes eu tenho que recusar?" "Até mais," falei por cima do ombro enquanto me apressava, interpretando de forma convincente o papel de uma mulher constrangida por estar envolvendo-se com a chefe. E eu nem precisava fazer muito esforço. lauren estava sorrindo quando entrei em seu escritório. Bem, isso no início. O advogado dela estava no canto, parecendo contrariado, como sempre. Eu não tinha dúvidas de que ele opunha-se a todas as partes deste plano – mas parecia que ele também teria algo a receber no banco. Eu sabia como ele sentia-se. "Bom dia, camila. Por favor, sente-se," ela gesticulou para uma cadeira em frente à mesa. Havia uma caneta-tinteiro bem bonita que estava colocada intencionalmente na madeira polida, esperando por mim. 

Sentei-me e peguei-a. Poderia ser uma caneta de cinquenta ou de cinco mil dólares – qual era a diferença, na verdade? – mas considerando a quem pertencia, eu fazia uma ideia de quanto ela custava. "Você gostou?" lauren quis saber, percebendo que eu estava analisando a caneta. Olhei para ela, surpresa. "Ah, sim," respondi. "Eu... gostei sim." Na verdade, eu não estava concentrada em mais nada além da realidade do que estava prestes a fazer, mas é claro que a caneta era bonita. 

 "Fique com ela," ela falou. "É sua." "Ah, não, eu não posso. Eu vou acabar perdendo." "O que é meu é seu, camila. É melhor você se acostumar com a ideia." Engoli em seco. Senti como se minha garganta estivesse fechando, mas forcei-me a respirar fundo enquanto ela entregava diversos papéis para mim e apontava onde eu deveria assinar. Ela assinou em seguida, com uma letra elegante e bonita e entregou tudo para o advogado. "Obrigada," ela disse, alcançando o outro lado da mesa para apertar minha mão. 

O que pareceu um gesto estranho, considerando a intimidade do nosso acordo, mas eu retribuí. "Você não vai se arrepender da sua decisão. Eu prometo." "Isso é algo que você não pode prometer," respondi, sorrindo. "Mas não há de quê." Não consegui fazer mais nada o resto do dia, pulando de projeto em projeto sem concluir nenhum. Vi que Florence percebeu, mas conseguiu conter-se e só comentar algo depois do almoço. "O que está acontecendo com você? 

 Parece tão distante." "Estou bem," respondi rápido. Rápido demais. Minhas orelhas estavam queimando. Que bom. "Só acho que estou pegando um resfriado." "Claro," disse Florence. Ela não estava convencida, o que era ótimo para mim. Tentei imaginar seu sorriso de quem já sabia de algo quando a notícia se espalhasse. Argh. De alguma forma, só agora me ocorreu como eu vou ter que aguentar as felicitações fúteis de todos do escritório – das quais pelo menos a metade, eu sabia, seria falsa. Todas as mulheres da empresa tinham no mínimo uma queda pela lauren , mesmo que fosse só por causa de sua conta bancária. Ai, meu Deus, e se quisessem fazer uma festa de noivado? Não acho que conseguiria aguentar horas de olhares fulminantes encarando-me e seus rostos contorcendo-se em sorrisos forçados toda vez que eu olhasse para elas. Havia tanto sobre este acordo que eu ainda não tinha pensado. Como eu contaria para os meus pais? Eu iria contar para os meus pais? 

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