Capítulo nove

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 "Tudo bem, lauren," falei. "Deixa o contrato pronto pra mim na segunda-feira." "Claro," ela respondeu. "Sei que é um acordo puramente verbal neste momento, mas você pode fazer uma coisa pra mim?" "Qualquer coisa." Senti um arrepio subindo pelos meus braços, por uma razão que eu não conseguia entender. 

 "Vou precisar de uma carona pro trabalho," falei. "Meu carro quebrou e vai ficar na oficina por pelo menos uma semana..." "Claro, camila. Vou mandar um carro de luxo buscar você na segunda-feira de manhã. E não se preocupe em pagar pelo conserto do carro, eu vou ver o que eu posso fazer. Você levou no Fellman's?" "Como você sabe?" "Palpite de sorte." Eu podia ouvi-la folheando alguns papéis. "Vejo você na segunda-feira, camila." "Tudo bem, até mais." Por que minhas orelhas estavam queimando? 

Joguei o telefone no sofá e fui tomar um banho quente. Precisava mergulhar no esquecimento por um instante; a decisão que eu tinha acabado de tomar era grande demais para poder pensar racionalmente até que eu tivesse descansado um pouco. Enquanto jogava minha roupa no cesto do corredor e ia nua até o banheiro, comecei a pensar em como seria estranho morar com a Sra. jauregui. Com a lauren. Nós éramos praticamente estranhas. Apesar da nossa encenação, não era como se eu fosse andar nua na frente dela. 

Eu moro sozinha há tanto tempo que tinha me acostumado a ter certa privacidade quando estava em casa. Estar perto de alguém o tempo todo definitivamente levaria algum tempo para me ajustar. Claro, eu ainda ficaria sozinha durante o dia, quando ela estivesse no trabalho. Isso era outra coisa que eu ainda não havia considerado. Como seria levar uma vida na qual eu não fosse obrigada a ir a lugar algum ou fazer nada? Além dos jantares e restaurantes chiques, que presumo ter que ir junto com o lauren, eu teria todo o tempo livre do mundo. 

Que raios eu iria fazer? Eu continuava esquecendo que dinheiro não era problema. Conforme eu afundava na água fumegante, lembrei-me de que poderia fazer aquelas aulas de desenho que sempre quis, mas nunca.  

tive tempo. Caramba, eu poderia ter aulas particulares. Poderia largar toda essa porcaria comercial e só criar o tipo de arte que faria a alma de alguém cantar... Tive que parar e rir de mim mesma. Eu estava me precipitando demais. Ainda precisava acostumar-me com a ideia de ser a esposa de alguém, mesmo que fosse apenas algo temporário. Pelo pouco que conhecia lauren, tinha certeza que ela havia planejado tudo. Ela já sabia como seria o nosso primeiro beijo, aonde ele iria espontaneamente me pedir em casamento e quando nós iríamos impulsivamente correr para Las Vegas ou para o cartório para nos casarmos ou qualquer coisa do tipo. Ela já estava planejando a primeira vez que colocaria a mão na minha cintura, sinalizando para todo mundo que eu pertencia a ela. E eu não conseguia decidir se odiava essa ideia ou adorava talvez um pouco mais do que deveria. Mesmo na água quente, eu tremia. 

 Eu não iria questionar os planos de negócios de uma mulher tão bem-sucedida, mas precisava questionar-me o quanto nosso relacionamento pareceria verdadeiro. Eu não fazia exatamente o tipo top model glamourosa com quem o mais rico dos ricos tenderia a casar. Ela deixou bem claro que não esperava que eu agisse de uma maneira específica, mas como eu deveria me vestir? 

 Eu nunca vi a lauren vestindo nada além de terno; mas também nunca o vi fora do trabalho. Foi então que me deparei com o completo absurdo da minha situação e por um momento me senti tomada pelo pânico. Então lembrei que, na verdade, não tinha assinado nada ainda e me acalmei um pouco. Só um pouco. Uma parte de mim sabia que eu não voltaria atrás na minha palavra. Eu não conseguiria lidar com a decepção no rosto dela.

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