Capítulo doze

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A lembrança do sonho ainda estava vívida no fundo da minha mente enquanto eu entrava pelas portas a caminho do escritório. Mantive a cabeça baixa, apressando-me até minha mesa para acomodar-me antes que alguém tentasse puxar conversa comigo. E tomara a Deus que eu não encontre lauren. Mas, pensando bem, na verdade eu nunca o tinha visto chegar ou ir embora. Até onde eu sabia, ela dormia aqui.

 Tudo bem, não, essa não era a maneira ideal para tirar minha mente do sonho. Forcei-me a focar no trabalho que estava na minha tela, bloqueando quaisquer pensamentos ou sentimentos que não estivessem diretamente relacionados ao design deste folheto. Não tinha um prazo definido para terminar, então eu ficaria enrolando durante semanas. Fiquei pensando o que aconteceria com ela depois que eu me "demitisse".

 Por mais maçante que meu trabalho às vezes pudesse ser, eu ainda tinha um pouquinho de orgulho criativo do que eu fazia pela empresa. Era estranho saber que eu logo estaria dando adeus a tudo aquilo. "camila." Senti uma onda de calor espalhar-se pela minha nuca ao som da voz dela. Virando devagar, forceime a encontrar seu olhar. Ela estava lá tranquilamente, como se fosse a coisa mais natural do mundo, com o braço apoiado em cima da divisória do cubículo. "Bom dia, senhora". 

Todos dos cubículos vizinhos viraram lentamente suas cadeiras para nos olhar e todos que passavam por ali pararam um pouco à distância, fingindo estar interessados em uma tirinha amarelada de jornal afixado à divisória de alguém enquanto escutavam nossa conversa. Eu sabia que era exatamente isso que lauren queria, mas ainda assim não conseguia evitar ficar vermelha. 

"Fico feliz em te ver aqui tão cedo," ela disse. "Tem planos pro almoço hoje?" Engoli em seco e fiz que não. "Excelente," ela exclamou. "Espero que me encontre no meu escritório às onze e meia. Vou pedir pra entregar aqui. O que você quiser. Quero discutir algumas ideias novas que eu tenho sobre o projeto." "Claro," respondi, um pouco mais alto que o necessário. "Até lá, então." "Ótimo," ela balançou a cabeça, sorriu, hesitou por um momento e então foi embora. Os olhos de todos o seguiram até que ela desaparecesse atrás da porta do seu escritório e então todos se voltaram para mim. Debrucei-me sobre o teclado, fingindo não sentir o olhar deles perfurando minhas costas. Passei a próxima meia hora subindo e descendo o mesmo trecho de texto e quando finalmente olhei para cima todos haviam voltado aos seus devidos lugares. 

Mas eu sabia o que eles estavam pensando. Agora eu tinha que passar todo o meu horário de almoço sentada do outro lado da mesa dela. Como eu evitaria ficar vermelha e dar risadinhas o tempo todo? Ou pior, como eu evitaria olhar para ela como se estivesse em estado de choque? Eu odiava ser reduzida a uma adolescente desmiolada por causa de um sonho bobo, mas parecia tão real. As próximas horas passaram voando. Não demorou muito para que eu estivesse andando pelo corredor de carpete espesso que levava ao escritório de camila. A porta estava entreaberta e sua assistente estava em frente à mesa dela com um bloquinho aberto. 

 "Ah, Sra. cabelo," ela disse, gesticulando para que eu me sentasse. "Eu já ia passar o pedido do almoço pra Alice. Estava pensando em pedir algo do Vivian's, o que você acha?" "Ótimo! Parece ótimo," respondi, depois de conseguir encontrar minha voz. Vivian's era uma das churrascarias mais caras da cidade. Nunca pensei em pôr os pés lá. Mas para lauren, provavelmente era como ir a uma lanchonete fazer uma boquinha. Nada demais. Vou precisar adaptar-me a este estilo de vida. 

 "Alice, eu vou querer o filé de 340 gramas com purê de batatas e aspargos grelhados. Quase ao ponto. E você, Sra. cabelo?" 

 "Ah, na verdade, eu... na verdade, eu não sei o que eles têm." lauren e Alice estavam olhando para mim na expectativa e senti como se, de alguma forma, eu estivesse sendo testada. "O de sempre," lauren gesticulou vagamente. "Eles fazem qualquer coisa. Do que você gosta, bife? Frango? 

Frutos do mar? Acho que eu já provei tudo de lá pelo menos uma vez, posso te recomendar algo." "Eu não sou exigente," respondi, com sinceridade. "Eu ia comer uma barrinha de cereal meio amassada que estava no fundo da minha bolsa, então, praticamente qualquer coisa seria melhor que isso." 

( continua)

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