Capítulo vente tres

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"Você vai se sair bem." Ela tocou no meu ombro, deixando a mão lá por um momento e então tirou-a abruptamente. Seus olhos viraram-se para o bloquinho. "Sua data de nascimento... 16 de maio de 1986. Certo?"

  Fiz que sim. "A minha é 7 de novembro de 1982. Decore." Ela virou a página. "Quais foram as primeiras coisas que conversamos, quando nosso relacionamento ficou mais pessoal?

  O que tínhamos em comum?" "Você está pedindo para eu inventor algo agora?" "Se discutirmos essas coisas, é mais provável que nos lembremos delas depois." "Tudo bem, então... filmes do Woody Allen?" Ela piscou...  

"O quê?" "Era isso que tínhamos em comum. Nós duas gostávamos dos filmes do Woody Allen e começamos a conversar sobre isso." Ela franziu um pouco a testa. Suspirei. "Tudo bem, qual é sua ideia, então?" "Não sei." "Mas você não gostou da minha." 

  "É que... parece inventada." "Essas são palavras muito críticas vindas de alguém que não tem nenhuma ideia." "Está bem." Ela rabiscou no bloquinho. 

"Vamos deixar como uma resposta temporária e podemos revisar depois se pensarmos em algo melhor." 

  "Não acho que seja uma boa ideia. Se ficarmos mudando as coisas, vamos acabar nos confundindo. Precisamos escolher alguma coisa e mantê-la. Você não acha?" Ela bufou. "Tá bom. Nós duas gostávamos do Woody Allen. E nosso primeiro encontro? Você consegue descrevê-lo?" 

 "Na vida real, ou vamos inventar uma realidade alternativa para isso também?" "Na vida real. Todo mundo sabe que você trabalha para mim, então obviamente foi assim que nos conhecemos."

  Cruzei os braços, pensando. "Não tenho certeza que nós de fato nos 'conhecemos.' Eu o via, claro. Mas não sei se algumas vez fomos formalmente apresentados até você me chamar ao seu escritório para... 

discutir sobre o projeto especial." "Sobre isso." Ela limpou a garganta. "Você descobriu depois que, na verdade, não havia nenhum projeto especial. 

Eu só a chamei ao meu escritório porque queria falar com você. Apaixonei-me à distância. Queria uma desculpa para conversarmos e conhecê-la melhor. Ou algo assim. Foi quando descobrimos que nós duas gostávamos do Woody Allen. 

Nos próximos dias, continuei chamando-a ao meu escritório para mais 'reuniões'. As coisas tornaram-se... físicas, muito rapidamente. Mantivemos segredo, por conta do conflito de interesses. Mas aí, eu finalmente decidi que não queria mais manter nosso amor escondido. Então a convidei para jantar comigo. Pouco tempo depois, você saiu do emprego e mudou-se para meu apartamento." Ela olhou-me, sorrindo levemente. "Então, esta é a nossa história." 

  "Seu universo alternativo é muito agressivo," falei. "Será que eu poderia decidir alguma?" Ela pareceu um pouco ofendida. "Claro," respondeu. 

 "Que tipo de mulher fictício você acha que eu sou?" Tive que rir. "Está certa, tudo bem. E se me perguntarem se eu sabia sobre seu...

você sabe, seu problema?" "Claro que eu te contei, porque não queria que pensasse que eu somente iria casar com você por causa disso. Você primeiro ficou um pouco cética, claro, mas conforme o tempo foi passando, você percebeu que eu te amava de verdade." 

(continuar)

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