Capítulo catorze

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 Tudo bem, eu tinha um problema sério nas mãos. Eu só podia esperar que ela fosse sumindo, uma vez que a memória do sonho desvanecesse. Porque, se isso fosse permanente, o próximo ano da minha vida seria uma forma mais elaborada de tortura. Ao apressar-me de volta à minha mesa, sentia-me aliviada de escapar do escritório dela. 

Mergulhei em um trabalho qualquer que me pudesse manter ocupada pelo resto do dia de trabalho. Sobrevivi ao resto da semana daquela forma e, para minha surpresa, não respondi a exatamente nenhuma pergunta sobre a natureza do meu relacionamento com lauren. Esperava mesmo que alguém fosse dizer alguma coisa; certas vezes jurei que alguém estava prestes a falar algo, mas então eles fechavam a boca e iam embora. Talvez lauren os intimidasse. Ela certamente me intimidava. 

Para falar a verdade, eu me sentia aterrorizada em desapontá-la de alguma forma. Ela obviamente pensava que eu era mais do que capaz de fingir ser sua esposa para efeitos legais, mas eu tinha minhas dúvidas. E se eu cometesse um erro terrivelmente estúpido, ou revelasse algo incriminador para o INS? E se eu simplesmente fizesse algo extremamente embaraçoso – algo que o forçasse a defender como se eu realmente fosse sua esposa? Fui à butique no sábado, vestindo o jeans mais novo que eu tinha e uma blusa bonita e decente, sem uma única mancha. 

Ainda assim, no momento em que o sininho soou acima da minha cabeça, quando entrei pela porta, de maneira dolorosa senti-me completamente deslocada. Eu deveria ter usado salto alto, ido ao cabeleireiro, ou algo assim. Uma das vendedoras veio até mim e senti que o sorriso dela foi meio forçado. "Posso ajudá-la?" ela perguntou, olhando-me de cima a baixo. "Preciso de um vestido," respondi. "Tenho certeza que você pode ver que eu estou meio deslocada. 

 Foi a lauren jauregui que me disse pra vir aqui, ela falou que..." "Ah, é claro." A frieza dela quebrou-se instantaneamente. "Por aqui, Sra. cabello. É um prazer conhecê-la. Meu nome é Emma. Separei algumas peças pra você. Vamos ver o que você acha. A Sra.lauren não sabia qual era o seu tamanho, mas eu tenho certeza que a gente pode encontrar, caso você goste de alguma coisa." "Pra ser bem sincera nem eu sei qual é o meu tamanho. Faz tanto tempo que eu não compro um vestido."

 Olhei o que ela tinha escolhido para mim; havia um preto justinho e outro roxo bem escuro e mais alguns atrás que eu não conseguia ver. "Vamos tirar suas medidas, então. Entre no provador." Ela já estava desenrolando uma fita métrica. Cada vez que a enrolava em volta da minha cintura, quadris e busto, ela anotava alguma coisa em um bloquinho que eu nem havia notado que ela tinha. "Tudo bem," ela disse. "Alguns desses devem servir direitinho em você, mas também podemos experimentar outros. Por que você não prova o preto primeiro?" Tirei minhas roupas e o vesti por cima da cabeça, girando em frente ao espelho enquanto as dobras do tecido se ajustavam às curvas e contornos do meu corpo. Eu precisava admitir que gostava de como ele ficava justo no meu peito, mas não tinha gostado do modelo. Olhei para a Emma, pedindo uma opinião. Ela fez que não. "Não ficou muito bom em você. Eu percebi que não ficaria. Experimente o roxo."

 Quase, mas ainda não havia ficado bom em mim. Novamente fiquei indecisa se minhas expectativas sobre como ficaria em um vestido eram realistas. Estava pensando nas fotos para revistas, completamente retocadas. Não importa o que eu usasse eu ainda teria todas as protuberâncias e as saliências de uma mulher de verdade. Emma estava puxando a bainha. Ficou em lugar estranho, abaixo dos meus joelhos, o que  

estragava todo o estilo do vestido. "Podemos fazer alguns ajustes, se você acabar gostando desse," ela falou. "Mas vamos experimentar outra coisa. Acho que A Sra. jauregui quer que você leve algo já pronto. Ele falou como se o tempo fosse um fator importante e tenho alguns clientes na sua frente para fazer alterações." Concordei e ela ficou vasculhando as peças que havia escolhido por um instante, até que finalmente puxou algo no tom mais escuro de azul meia-noite que eu já tinha visto. Imediatamente, a cor me transportou de volta a uma terna memória de infância de estar passeando no shopping de mãos dadas com minha mãe, antes das coisas azedarem entre nós.

Eu olhava para cima para as enormes claraboias que revestiam os pátios principais, logo após o anoitecer, vendo o céu justamente enquanto ele ia ficando com este tom específico de azul. Não sei explicar porque, mas algo naquela cor sempre fazia meu jovem coração inchar com sua beleza. Emma estava sorrindo. "Aqui," ela disse. "Já vi que ficou apaixonada por este. Experimente."

Era leve e sedoso, vestindo-me como se fosse uma segunda pele, mas sem ficar muito apertado. Perdi até o fôlego quando vi meu reflexo no espelho. Quase que instintivamente, soltei o cabelo, deixando-o cair pelos meus ombros. Inclinei a cabeça. Agora sim eu parecia como alguém que pudesse estar com A lauren. O sorriso de Emma ficou mais largo, iluminando todo seu rosto com a satisfação de um trabalho bem feito. 

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