Crónicas de Magia e Monstros

Capítulo 14: Incêndio

No capítulo anterior: Dois anos antes do presente, Ezra e Lukas compram uma casa em Sunnyday Vale. Geram curiosidade na aldeia, mas depois de uma vizinha, Hattie, espalhar que eles são um casal, os dois acabam por ser postos de parte pelos aldeões, menos pelo curandeiro Hunar.

Um dia, a neta de Hattie, Lenna, é atacada por um monstro. O casal acaba por a salvar e a atitude de Hattie para com eles muda. Lentamente, a opinião das outras pessoas também vai mudando. Lukas acaba por criar umas aulas de ataque e defesa. A princípio, com poucos participantes, mas depois acabam por se tornar mais populares, deixando o guerreiro contente. No presente, Ezra e Lukas chegam a casa, dando com um gato preto à espera deles.

Capítulo 14: Incêndio

Lukas e Ezra dormiram até tarde, contentes por estarem de volta a casa. Ao acordar, Ezra deu por si abraçado pelo namorado. Deixou-se ficar assim, sem vontade de sair da cama. Adorava aqueles momentos calmos, em que estava sozinho com o namorado. Passou uma mão pelo cabelo dele. Era realmente fenomenal estar apaixonado. Nunca pensara realmente poder sentir-se assim por alguém. Nem sequer simpatizara com Lukas, da primeira vez que se tinham visto, mas as coisas tinham mudado, felizmente. Agora, não conseguia pensar na sua vida sem ele, nem queria.

Alguns minutos mais tarde, devido a protestos da bexiga, Ezra acabou por conseguir sair da cama, sem acordar o namorado. Foi até à casa de banho e depois pensou em fazer o pequeno-almoço. Podia levá-lo à cama. De certo que Lukas gostaria disso. Enquanto se atarefava na cozinha, ouvia os pássaros a cantar lá fora. Sentira a falta daquilo. Era bastante melhor do que estar em florestas, com monstros a poderem aparecer em qualquer altura ou numas ruínas.

Fez café, torradas com manteiga e compota e ovos mexidos. Colocou tudo num tabuleiro e depois caminhou até ao quarto. Colocando a bandeja em cima de uma das mesas de cabeceira, baixou-se sobre o namorado, dando-lhe um beijo no pescoço, seguido de outro. Lukas não reagiu, a princípio, mas depois moveu-se. Ezra continuou a beijar o namorado, até que o guerreiro abriu os olhos, sorrindo-lhe. Depois, puxou Ezra para a cama. O feiticeiro debateu-se, mas depois deixou-se levar. Fizeram amor, depois deixaram-se ficar deitados durante um tempo e quando finalmente comeram o pequeno-almoço, já estava frio, mas nenhum deles se queixou.

- Então, o que vamos fazer hoje? – perguntou Ezra.

- Devíamos dar uma limpeza na casa. Eu também devia cortar alguma lenha, para termos de lado. Temos também de fazer um inventário do que obtivemos nas ruínas. E claro, comprar algumas coisas para os dias que aqui estivermos. E vermos que outras missões estão disponíveis.

- Oiço o que dizes, compreendo, mas o meu corpo diz-me que não quer fazer nada no dia todo – disse Ezra, rindo-se.

- Será que o gato ainda estará por aqui? Ele parece gostar de ti. Porque não o tornamos nosso animal de estimação? Ele não parece ter dono. Não sei porque não gostas dele.

- Pronto, vou contar-te porque é que não quero o gato por aqui. Porque ele nem sequer é um gato. Sim, percebo que estejas confuso, mas é verdade. Devia ter-te contado logo, mas esperava que ele deixasse de aparecer por aqui – disse Ezra, sob o olhar atento do namorado. – Aquilo é um espírito, não um espírito de uma pessoa morta, mas um espírito familiar. Decidiu transformar-se num gato, talvez por achar que me iria cativar.

- Espera... os espíritos familiares não são algo que magos e feiticeiros têm? Não que eu tenha conhecido nenhum que tivesse, mas...

- Na prática, há feiticeiros, magos, bruxos, mesmo curandeiros que têm familiares. Podem aumentar o nosso poder mágico, além de serem nossos companheiros e poderem atacar e defender-nos. Parece tudo muito bom, não é? Estás a perguntar-te que se assim é, porque é que eu não tenho um familiar ou porque não aceito este, que está interessado em mim.