Capítulo 12: A Ligação

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No capítulo anterior: Mathias consegue soltar-se do buraco onde tinha sido selado, mas o grupo ataca-o, decepando-lhe a cabeça e levam-na para longe do corpo. Regressam à sala com as escadas e empurram o altar novamente para cima delas. Deixam a cabeça de Mathias em cima do altar e reparam que ele está com mau aspeto. O ovo de lâmia que ele tinha trazido consigo eclode e a lâmia ataca a cabeça. Com um feitiço de fogo, Ezra mata ambos.

O grupo tenta decidir sobre partir de imediato ou não, mas acabam por concordar que não. Montam a tenda de Ezra, lavam-se e comem. Jinny, curiosa sobre o que Ezra e Lukas estão a esconder, fala disso e Lukas decide contar. Dois anos antes, ele e o namorado chegaram a Mist Town, para abaterem um monstro parecido com um dragão, que atacara animais e recentemente também uma pessoa.

Sobem uma montanha, mas deparam-se com um homem, que vem a revelar-se um metamorfo, que se transforma na criatura. Em conjunto, o guerreiro e o feiticeiro parecem estar a vencer, mas Barnaby, o homem, usa um feitiço. Lukas mata o homem, mas depois Ezra apunhala-o, deixando-o confuso. Barnaby apoderou-se do corpo de Ezra, mas o feiticeiro consegue expulsá-lo de vez. No entanto, Lukas encontra-se em muito mau estado e Ezra não tem forma de o curar.

Capítulo 12: A Ligação

O feiticeiro tentou controlar o pânico. Há sua frente, Lukas, o seu guerreiro, o seu amado, estava a esvair-se em sangue. A situação, só por si, seria alarmante, mas era ainda pior sabendo que fora pela sua mão que aquilo estava a acontecer, ainda que se devesse ao facto de ter estado possuído. Não quisera magoar Lukas, nunca o magoaria assim de forma propositada, mas não mudava o facto. Não o podia perder. Ezra remexeu na sua bolsa, tirando de lá uma poção curativa. Ainda que o corpo do guerreiro reagisse um pouco, depois de a beber, as feridas eram demasiado profundas e não estavam a sarar. Lukas estava a perder muito sangue, o seu rosto estava pálido.

Ezra forçou-o a beber outra poção de cura, mas daquela vez o efeito foi ainda menor. O feiticeiro desejou ter magia curativa ao seu dispor, que seria decerto mais potente, mas não tinha. O guerreiro agarrou numa das mãos do namorado, apertando-a. Percebia que não tinha salvação. Ezra também o percebeu, pouco depois. Sentiu-se impotente. Ainda que tivesse magia curativa, chegou à conclusão que ela não resultaria, não era suficiente para aquele tipo de ferimentos tão profundos. Mesmo que conseguisse descer a montanha para ir buscar ajuda ou que de alguma forma conseguisse levar Lukas com ele, naquele estado, seria tarde demais.

Lágrimas surgiram-lhe nos olhos, escorrendo-lhe pelo rosto abaixo. Sentiu-se revoltado. As coisas não podiam acabar daquela forma! Amava Lukas e ainda tinham tido pouco tempo juntos. Imaginou-se a descer a montanha, agora sozinho, com as roupas cobertas de sangue. A recompensa da missão já não interessaria, porque teria perdido o que era mais importante para si. Imaginou os dias negros que se seguiriam, consigo isolado, sem querer falar com ninguém, sem querer comer, sentindo a falta de Lukas. E aquele sentimento perduraria. Isso e o sentimento de falha, de não o ter conseguido salvar, de a magia que tinha ao seu dispor ter sido inútil.

Olhou-lhe para o rosto. Lukas estava a perder as forças. Nem teriam realmente uma despedida. E então, na mente de Ezra surgiu algo, um feitiço, que estudara em tempos. Não era suposto tê-lo estudado, estivera num dos livros de magia do seu mestre. Ele achara o feitiço interessante. Encontrava-se na categoria de feitiços de ligação que podiam ser usados por qualquer utilizador de magia. Lembrava-se das palavras e do que o feitiço fazia, mas nunca o usara. O próprio livro advertia para o perigo. Se o fizesse, o seu destino mudaria. E o destino de Lukas também. O namorado apertou-lhe mais a mão e depois começou a largá-la. Aquela era a única oportunidade que Ezra teria. Se hesitasse mais, seria demasiado tarde.

Respirou fundo, começando a recitar o feitiço. Era complexo, não se podia enganar. Lukas começou a fechar os olhos. Então, Ezra terminou de lançar o feitiço. Gritou, com a dor a subir-lhe pelo peito. De repente, Lukas sentiu algo entrar dentro de si. Os pulmões encheram-se de ar. Abriu os olhos. As feridas fecharam-se rapidamente. Sentiu-se com energia. Sentou-se no chão, mexendo as mãos pelos locais onde fora ferido, mas não existiam sequer cicatrizes. Como era possível? Agora, sentia-se bem. Sorriu. O namorado conseguira. Depois, olhou para Ezra, que estava pálido.

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