Capítulo 2: Asas Negras

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No capítulo anterior: Os aventureiros Ezra e Lukas chegam a Marl Town, para se juntarem a outras pessoas, numa missão cujo objetivo é chegarem às ruínas que se situam na ilha. Os dois estão numa relação de cinco anos e ao chegarem à estalagem onde vão ficar, pedem para ficarem no mesmo quarto.

Ao jantar, conhecem os restantes membros do grupo. Mathias, um arqueólogo, está muito interessado nas ruínas e juntou o restante grupo: Thormund, um guerreiro; Lenobia, uma batedora; Raymond, um arqueiro e Jinny, uma feiticeira. Jinny mostra-se pouco humilde, claramente em competição com Ezra, que também usa magia. Ao irem deitar-se, Ezra e Lukas têm dificuldade em adormecer, imaginando o que terão pela frente e como irá o grupo funcionar.

Capítulo 2: Asas Negras

O pequeno-almoço foi servido no restaurante da estalagem. Quando Lukas e Ezra lá entraram, Mathias já estava à mesa, com metade da concentração na comida e a outra metade a estudar um livro que tinha pousado à sua frente. Mal reparou na chegada deles. Ezra pediu café e comeu uma omelete. Por seu lado, o guerreiro pediu ovos mexidos e bacon, sumo de frutas, pão, duas peças de fruta e no final ainda quis comer uns cereais. Por essa altura, já todos os outros estavam à mesa. Thormund parecia estar a comer bastante também, mas não tanto como Lukas.

- Aquele deve ter um buraco no estômago – disse Jinny, olhando para o guerreiro mais novo.

- O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia – disse Raymond, que comia uma torrada. – E considerando que vamos partir numa missão, assim ele estará com toda a força recuperada.

- Vai mas é comer a comida toda que levarmos, isso sim – queixou-se a feiticeira.

- Olha lá, por acaso pensas que estamos longe daqui e não conseguimos ouvir o que dizes? – perguntou Ezra, aborrecido. O namorado continuava a comer, decidindo não reagir aos comentários. – O Lukas pode comer o que quiser e não te preocupes, levaremos comida suficiente. E se faltar, caçaremos.

- Vão caçar o quê? Monstros?

- Se for necessário, sim – respondeu Ezra. Jinny fez um ar horrorizado e Raymond abanou a cabeça, como alguém que compreendia o que o feiticeiro estava a dizer. – Vocês sabem que alguns monstros, em tempos, foram animais, certo? Por exemplo, monstros ovelhas e monstros coelhos. Podem tentar matar-nos, mas depois de mortos, sabem exatamente ao mesmo que uma ovelha ou um coelho normal.

- Está a dizer-nos que já comeu monstros?

- Sim, já comi carne de monstros, várias vezes. E o Lukas também. A fome aperta, há que fazer escolhas e como eu disse, sabe ao mesmo. Temos de fazer o que é necessário para sobreviver. Ao reagires assim, só me mostra que nunca passaste realmente por fome que te fez pensar no que fazer.

- Eu também já comi carne de monstros – disse Thormund, num resmungo. – Não há algo dramático.

Lenobia também partilhou que já comera carne de monstros e até o arqueólogo indicou que também já o fizera, ainda que não tivesse gostado nem um pouco. O grupo ficou a falar durante uns minutos, conhecendo-se melhor e mudando a sua forma de tratamento de você para tu, nalguns casos. Jinny não queria admitir, mas ficara impressionada com os outros, que pareciam ter mais conhecimentos sobre monstros do que ela. Nunca lhe passara pela cabeça comer um monstro, nem a ninguém da sua terra. Quando o arqueólogo se levantou, todos olharam para ele.

- Terminem de comer e juntem-se a mim atrás da estalagem, dentro de vinte minutos, com tudo o que tiverem trazido para a missão. Depois, fazemo-nos ao caminho – indicou Mathias. Os outros acenaram afirmativamente com a cabeça. Ele afastou-se em direção à porta e saiu.

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